Os Katxuyana e a casa <i>tamiriki</i>: protagonismo ameríndio na valorização cultural

Autores

  • Adriana Russi Tavares de Mello Universidade Federal Fluminense (UFF)
  • Regina Maria do Rego Monteiro de Abreu Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ)

DOI:

https://doi.org/10.5902/2236672537527

Palavras-chave:

Patrimônio indígena, Casa, Katxuyana, Memória social, Tradição

Resumo

Neste artigo o protagonismo ameríndio na valorização de sua cultura foi analisado à luz dos conceitos de participação de “novos sujeitos de direito” e da objetivação da cultura. Esta reflexão partiu da reconstrução da casa tamiriki,um tipo construtivo abandonado por quase quatro décadas, enquanto o povo Katxuyana viveu longe de seu território, às margens do rio Cachorro, no município paraense de Oriximiná, Pará-Brasil. Desde que regressaram a essa região, no final dos anos de 1990, depois de conviverem com outros indígenas, os Katxuyana têm se mobilizado para assegurar sua tradição a seus descendentes, através do aprendizado de seu kwe’toh kumu(“nosso jeito de ser” katxuyana). Preservar o patrimônio indígena, nesse caso, implicou também fortalecer a figura do chefe da aldeia, o pata yotono, com a  retomada do modo de organização social de uma aldeia katxuyana. A reconstrução datamiriki,ancorada na memória social dos anciões, revelou a importância de um lugar construído para a sociabilidade aldeã. 

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Publicado

2019-03-30

Como Citar

Mello, A. R. T. de, & Abreu, R. M. do R. M. de. (2019). Os Katxuyana e a casa <i>tamiriki</i>: protagonismo ameríndio na valorização cultural. Século XXI – Revista De Ciências Sociais, 8(3), 889–911. https://doi.org/10.5902/2236672537527