LIVRO: COVID-19 UMA VISÃO ALÉM DO ÓBVIO

OPEN ACCESS PEER-REVIEWED BOOK 

IMPACTOS PSICOLÓGICOS E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES GRÁVIDAS NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA PELA INFECÇÃO DO SARS-COV-2

PSYCHOLOGICAL IMPACTS AND QUALITY OF LIFE OF PREGNANT WOMEN IN ADDRESSING THE PANDEMIC BY SARS-COV-2 INFECTION

 2022 Editora Science / Brazil Science Publisher

 

Amanda Geovana Pereira de Araújo

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Cuité-PB.

http://lattes.cnpq.br/3946322725458190

Tainá Oliveira de Araújo

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Cuité-PB

http://lattes.cnpq.br/8031037065925876

Silvânia Narielly Araújo Lima

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Cuité-PB

http://lattes.cnpq.br/4848390450941924

Anne Wirginne de Lima Rodrigues

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Cuité-PB

http://lattes.cnpq.br/0355598894423144

Ana Gabriela do Rêgo Leite

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Cuité-PB

http://lattes.cnpq.br/9165366829565854

Igor Luiz Vieira de Lima Santos

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Cuité-PB

http://lattes.cnpq.br/6976858979875527

Resumo

A infecção por SARS-CoV-2 pode afetar todos os grupos de pessoas, independente de idade e sexo. Contudo, os desfechos graves e adversos da COVID-19 foram identificados em grupos mais vulneráveis, como as gestantes, que são mais propensas a desenvolverem problemas de saúde mental, decorrentes do enfrentamento a pandemia. Por esse motivo, o artigo teve como objetivo explanar os impactos psicológicos provocados pela pandemia em pacientes grávidas, elucidando alguns estressores que podem ter levado ao agravamento, bem como possíveis estratégias para contorná-los. Metodologicamente, o referente trabalho trata-se de uma pesquisa exploratória, bem como de revisão bibliográfica para a compreensão do tema proposto, por meio de banco de dados online, UniProt, NCBI e PubMed. Os resultados obtidos demonstraram alta prevalência de sintomas ansiosos e depressivos, além de estresse pós-traumático e medos relacionados ao parto e desenvolvimento do feto. Esses sintomas tomaram uma proporção maior após a declaração de transmissão de pessoa para pessoa do COVID-19 pelo governo chinês. O estudo de Wu e colaboradores comprovou que gestantes primíparas, menores de 35 anos, na categoria de renda baixa, e IMC (Índice de Massa Corporal) pré-gestacional apresentavam ser mais vulneráveis a depressão durante o surto de COVID-19, pois eram aqueles que trabalhavam em tempo integral. Gur e colaboradores relatam que gestantes negras foram mais propensas a preencher os critérios para depressão do que as mulheres brancas, devido as condições de trabalho. Conclui-se que a pandemia implicou de forma negativa na qualidade de vida das gestantes, gerando impactos psicológicos consideráveis, além do afastamento social e dificuldades encontradas para o acesso à rede pública.

Palavras-Chave: Gestantes, Impactos psicológicos, COVID-19.

Abstract

SARS-CoV-2 infection can affect all groups of people, regardless of age and sex. However, the serious and adverse outcomes of COVID-19 were identified in more vulnerable groups, such as pregnant women, who are more likely to develop mental health problems resulting from coping with the pandemic. For this reason, the article aimed to explain the psychological impacts caused by the pandemic on pregnant patients, elucidating some stressors that may have led to the aggravation, as well as possible strategies to overcome them. Methodologically, the referent work is an exploratory research, as well as a literature review to understand the proposed theme, through an online database, UniProt, NCBI and PubMed. The results obtained showed a high prevalence of anxious and depressive symptoms, in addition to post-traumatic stress and fears related to childbirth and fetal development. These symptoms took a higher proportion after the declaration of person-to-person transmission of COVID-19 by the Chinese government. The study by Wu et al. showed that primiparous pregnant women, under 35 years old, in the low-income category, and pre-pregnancy BMI (Body Mass Index) were more vulnerable to depression during the COVID-19 outbreak, as they were those who worked full-time. Gur and colleagues report that black pregnant women were more likely to meet criteria for depression than white women, due to working conditions. It is concluded that the pandemic had a negative impact on the quality of life of pregnant women, generating considerable psychological impacts, in addition to social distancing and difficulties encountered in accessing the public network.

Keywords: Pregnant women, psychological impacts, COVID-19.

PARA O TRABALHO COMPLETO em .pdf ACESSE O BOTÃO DO LIVRO NA PÁGINA INICIAL
 

CAPÍTULO 2

IMPACTOS PSICOLÓGICOS E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES GRÁVIDAS NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA PELA INFECÇÃO DO SARS-COV-2

PSYCHOLOGICAL IMPACTS AND QUALITY OF LIFE OF PREGNANT WOMEN IN ADDRESSING THE PANDEMIC BY SARS-COV-2 INFECTION

 

DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500445497.02

 

Amanda Geovana Pereira de Araújo

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Cuité-PB.

http://lattes.cnpq.br/3946322725458190

Tainá Oliveira de Araújo

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Cuité-PB

http://lattes.cnpq.br/8031037065925876

Silvânia Narielly Araújo Lima

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Cuité-PB

http://lattes.cnpq.br/4848390450941924

Anne Wirginne de Lima Rodrigues

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Cuité-PB

http://lattes.cnpq.br/0355598894423144

Ana Gabriela do Rêgo Leite

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Cuité-PB

http://lattes.cnpq.br/9165366829565854

Igor Luiz Vieira de Lima Santos

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Cuité-PB

http://lattes.cnpq.br/6976858979875527

 

 

 

Resumo

A infecção por SARS-CoV-2 pode afetar todos os grupos de pessoas, independente de idade e sexo. Contudo, os desfechos graves e adversos da COVID-19 foram identificados em grupos mais vulneráveis, como as gestantes, que são mais propensas a desenvolverem problemas de saúde mental, decorrentes do enfrentamento a pandemia. Por esse motivo, o artigo teve como objetivo explanar os impactos psicológicos provocados pela pandemia em pacientes grávidas, elucidando alguns estressores que podem ter levado ao agravamento, bem como possíveis estratégias para contorná-los. Metodologicamente, o referente trabalho trata-se de uma pesquisa exploratória, bem como de revisão bibliográfica para a compreensão do tema proposto, por meio de banco de dados online, UniProt, NCBI e PubMed. Os resultados obtidos demonstraram alta prevalência de sintomas ansiosos e depressivos, além de estresse pós-traumático e medos relacionados ao parto e desenvolvimento do feto. Esses sintomas tomaram uma proporção maior após a declaração de transmissão de pessoa para pessoa do COVID-19 pelo governo chinês. O estudo de Wu e colaboradores comprovou que gestantes primíparas, menores de 35 anos, na categoria de renda baixa, e IMC (Índice de Massa Corporal) pré-gestacional apresentavam ser mais vulneráveis a depressão durante o surto de COVID-19, pois eram aqueles que trabalhavam em tempo integral. Gur e colaboradores relatam que gestantes negras foram mais propensas a preencher os critérios para depressão do que as mulheres brancas, devido as condições de trabalho. Conclui-se que a pandemia implicou de forma negativa na qualidade de vida das gestantes, gerando impactos psicológicos consideráveis, além do afastamento social e dificuldades encontradas para o acesso à rede pública.

Palavras-Chave: Gestantes, Impactos psicológicos, COVID-19.

Abstract

SARS-CoV-2 infection can affect all groups of people, regardless of age and sex. However, the serious and adverse outcomes of COVID-19 were identified in more vulnerable groups, such as pregnant women, who are more likely to develop mental health problems resulting from coping with the pandemic. For this reason, the article aimed to explain the psychological impacts caused by the pandemic on pregnant patients, elucidating some stressors that may have led to the aggravation, as well as possible strategies to overcome them. Methodologically, the referent work is an exploratory research, as well as a literature review to understand the proposed theme, through an online database, UniProt, NCBI and PubMed. The results obtained showed a high prevalence of anxious and depressive symptoms, in addition to post-traumatic stress and fears related to childbirth and fetal development. These symptoms took a higher proportion after the declaration of person-to-person transmission of COVID-19 by the Chinese government. The study by Wu et al. showed that primiparous pregnant women, under 35 years old, in the low-income category, and pre-pregnancy BMI (Body Mass Index) were more vulnerable to depression during the COVID-19 outbreak, as they were those who worked full-time. Gur and colleagues report that black pregnant women were more likely to meet criteria for depression than white women, due to working conditions. It is concluded that the pandemic had a negative impact on the quality of life of pregnant women, generating considerable psychological impacts, in addition to social distancing and difficulties encountered in accessing the public network.

Keywords: Pregnant women, psychological impacts, COVID-19.

 

 

Introdução

O SARS-CoV-2 (Coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave) é um beta-Coronavírus responsável pela doença COVID-19. Sendo ele, o sétimo causador de infecção em humanos que tem potencial pandêmico (CHEN et al., 2020). A infecção é transmitida principalmente pela via de gotículas e pode ser assintomática, leve ou aguda. Os sintomas mais frequentes está a febre, tosse e coriza, e em casos mais graves, a doença respiratória.  O vírus causou mais de 2,9 milhões de mortes e infectou mais de 135 milhões de pessoas em 11 de abril de 2021 (JAN et al., 2020). 

A infecção por SARS-CoV-2 pode afetar todos os grupos, independente de idade e sexo. Contudo, os desfechos graves e adversos do COVID-19 foram fundamentados em grupos mais vulneráveis, como os geriátricos e gestantes com doenças crônicas (ZHU et al., 2020).  Ademais, dados apontam que a gravidez intensifica os riscos, morbidade e fatalidade do COVID-19, em consequência às alterações fisiológicas, sistema imunológico naturalmente suprimido, bem como transformações adaptativas e crescimento da demanda materna e fetal por oxigênio (YAN et al., 2020).

De forma natural, o nascimento de uma criança simboliza uma vivência crítica para a mulher, podendo impactar negativamente na qualidade de vida destas, levando em consideração as angústias, medos, e doenças associadas, incluindo depressão, ansiedade e transtornos de estresse pós-traumático (GUZZO; HAYFORD, 2020). Com isso, no enfrentamento à pandemia essas condições tendem a agravar, uma vez que os efeitos do COVID-19 em mulheres grávidas são direto e indireto, como resultado de medidas de bloqueio, distanciamento social e isolamento, utilizadas como esforço para conter a propagação do vírus (KAZEMI et al., 2021).

Durante o isolamento, mulheres grávidas e puérperas também presenciam um acesso limitado à sua rede de apoio formal e informal, enfrentando novos obstáculos que podem colocar em risco sua saúde mental. A existência da rede de apoio, neste período, possui grande relevância, sendo reconhecida como uma proteção crucial para as mães, tendo em vista que o pré-natal é muitas vezes acompanhado de sofrimento mental associado à própria gravidez, gerando uma preocupação com a saúde do feto e o resultado do parto (FRIEDMAN et al., 2020; HUSCHKE et al., 2020).

Devido à alta prevalência do COVID-19, seus efeitos psicológicos negativos na vida das pessoas e por ser um tema recente de pesquisa sobre o bem-estar das gestantes, considera-se necessário avaliar os efeitos do COVID-19 sobre o estado de saúde mental de mulheres grávidas. Portanto, o trabalho tem por objetivos explanar os impactos psicológicos provocados pela pandemia em pacientes grávidas e elucidar alguns estressores que podem ter levado ao agravamento de episódios depressivos e ansiosos, bem como apontar possíveis estratégias para contorná-los.

Metodologia

O presente trabalho refere-se a um estudo exploratório, bem como uma revisão bibliográfica do tema proposto.  A estratégia de pesquisa se deu pelos bancos de dados públicos disponíveis online, utilizando as plataformas bibliográficas NCBI, PubMed, KEGG e UniProt. A pesquisa foi realizada no primeiro trimestre de 2022, utilizando os descritores: “COVID-19”; “IMPACTOS PSICOLÓGICOS” e “SAÚDE MATERNA”.

Para os critérios de elegibilidade foram incluídos os trabalhos que avaliassem o estado de saúde mental de mulheres grávidas na pandemia de COVID19, bem como os que utilizassem escalas padronizadas e validadas para estudo de sintomas depressivos e de ansiedade, além de apresentarem estruturas textuais completas e originais disponíveis nas plataformas de pesquisas consultadas. Foram excluídos da análise os trabalhos que divergiam do objetivo proposto da pesquisa, que não atendiam aos critérios e inclusão e que consistiam apenas em recomendações para pesquisas futuras.

Resultados e Discussão

A taxa de prevalência de ansiedade na gravidez varia de 15 a 23% e, notavelmente, verificou-se que existe uma relação entre a ansiedade da gravidez e a insegurança em mulheres grávidas (VAMEGHI et al., 2018). Além disso, a pandemia do COVID-19 impactou expressivamente a saúde mental materna, aflorando ainda mais os sentimentos de ansiedade e depressão. Alguns estudos afirmam que o impacto psicológico é, muitas vezes, associado a transmissão vertical do vírus para o feto, o acesso limitado aos recursos de cuidados e a falta de apoio social (WU et al., 2020).

Os distúrbios de saúde mental são uma causa comum de morbidade durante a gravidez, com aproximadamente 12% das mulheres apresentando depressão e até 22% apresentando altos níveis de ansiedade. Em contrapartida, as condições expostas que o Coronavírus oferece a este público, como o distanciamento social, impedem a comunicação com parentes e amigos, corroborando com solidão, aumento do estresse, ansiedade e depressão (WOODY et al., 2017; KOURTIS et al., 2014).

Mulheres grávidas examinadas após a declaração da pandemia de doença por Coronavírus 2019 expressaram valores significativamente mais altos de sintomas depressivos com 26,0% a 29,6% do que as mulheres avaliadas antes da pandemia. Somado a isso, elas também eram mais propensas a ter pensamentos de automutilação. Os índices depressivos foram positivamente relacionados ao número de casos recém-confirmados, infecções suspeitas e mortes por dia (WU et al., 2020). 

Em congênere a pesquisa anterior, Chivers BR, et al. (2020) mostraram que as mulheres grávidas avaliadas durante a pandemia COVID-19 evidenciaram mais angústia e sintomas psiquiátricos do que as mulheres avaliadas antes da pandemia. Segundo Shayganfard et al.  (2020), a ansiedade elevada prejudica a qualidade das emoções, devido a não detecção dos obstáculos enfrentados por este sentimento, como também por não saberem explicar, na maioria das vezes, o que estão sentindo.

A depressão e ansiedade afetam uma a cada sete mulheres no perinatal, contudo, durante a gravidez e este período, 50% das mulheres com depressão ficam sem diagnóstico, agravando ainda mais o quadro clínico (HESSAMI et al., 2020). Uma pesquisa global de mulheres grávidas e pós-parto por Koenen e colegas descobriu que 40% das mulheres com triagem positiva para transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e mais de 70% das mulheres relataram depressão ou ansiedade clinicamente expressiva (YAN et al., 2020).

No Irã, as gestantes que apresentaram maiores taxas de ansiedade foram aquelas que tinham algum familiar doente, juntamente ao medo de se infectarem, fazendo com que elas adiassem ou até cancelassem as suas consultas médicas com o receio de exposição ao vírus. O grande receio dessas mulheres estava associado a internação prolongada, perder o bebê, transmitir o Coronavírus verticalmente, má formação fetal, ficar em UTI neonatal ou até mesmo contrair outras infecções hospitalares (ARRAIS et al., 2021).

Conforme Stampini et al.  (2021), os sintomas depressivos e ansiosos foram os pontos mais observados nos agravamentos mentais das gestantes durante a pandemia, corroborando com a pesquisa de Farewell et al. (2020) no Colorado, cujas principais atribulações mentais foram a ansiedade moderada ou grave, depressão e sentimentos de solidão. Em consonância a isso, os achados de Aldhaheri et al. (2021), nos Emirados Árabes Unidos, apontaram o aumento de sentimentos como medo, impotência e apreensão.

Alguns estressores impostos pela pandemia, colaboram para diminuição da qualidade de vida das grávidas, incluindo as dificuldades financeiras, maior risco de violência doméstica, atividades remotas de trabalho e escolares (GONZALEZ; ALDERCICE, 2020).  A economia é uma esfera que sofreu impacto negativo, levando em consideração as consequências e o aumento do desemprego causado pela crise do COVID-19 afetando, dessa forma, o bem-estar desses indivíduos. Este dado exemplifica o porquê de as mulheres de classe média, e principalmente classe baixa estarem em maior risco de desenvolver sintomas depressivos.

Citando estudo análogo realizado na China, Wu et al. (2020) comprovaram que gestantes primíparas, menores de 35 anos, na categoria de renda baixa, e IMC (Índice de Massa Corporal) pré-gestacional ≤ 18,5 kg/m 2 apresentavam ser mais vulneráveis a depressão durante o surto de COVID-19, pois eram aqueles que trabalhavam em tempo integral, nesta perspectiva, ter que trabalhar fora de casa, aumentava a preocupação com o contágio da infecção, assim como a transmissão vertical viabilizada pelo vírus, acentuando os sintomas de ansiedade e consequentemente depressão.

Além disso, durante a gravidez muitas mulheres desenvolvem um medo severo do parto, uma condição clínica definida por diversos sinais e sintomas (distúrbios do sono, ataques de pânico, desesperança, nervosismo) que interferem no bem-estar da gestante, dificultando o comando do seu dia-a-dia, além de afetar negativamente sua capacidade de lidar com o trabalho de parto (MOLGORA et al., 2018 ). À vista disso, há o receio quanto à impossibilidade de escolher entre o parto normal ou cesárea, a literatura aponta que gestantes com infecção por SARS-CoV-2 e que evoluem para um quadro grave associado aumenta a probabilidade de passar por um parto cesariano de emergência ou um parto prematuro (LI et al., 2020). 

A susceptibilidade do COVID-19, juntamente com a privação de apoio social e familiar, aumentou o sofrimento perinatal, do mesmo modo que viver em um local com um grande número de casos de COVID-19, insegurança e dificuldades financeiras (SUWALSKA et al., 2021). Esses fatores têm sido uma condição de alterações favoráveis para os elevados escores de ansiedade e depressão relacionados à gravidez, como mostra a tabela 1.

Tabela 1: Fatores de risco de sintomas de depressão e/ou ansiedade em gestantes no período pandêmico.

Cuidados perinatais

Incerteza e preocupação com a assistência perinatal, bem como alterações nas consultas pré-natal e incômodo com visitas hospitalares.

Fatores sociais

Isolamento social, ausência de acompanhante na hora do parto, conflito em casa, estado civil, tensão.

Demográfico

Ser uma mulher, ser árabe, ser jovem e nível de escolaridade baixo.

Financeiro

Baixa renda, dificuldades financeiras, desemprego e estresse financeiro associado ao Coronavírus.

Fatores relacionados ao COVID-19

Estresse de se infectar com COVID-19, ter parentes infectados, sintomatologia grave da doença, residir em local com grande número de casos, ter familiar sendo trabalhador essencial.

Quadro clínico

Gravidez de alto risco, alguma comorbidade e/ou doença crônica, diagnóstico psiquiátrico anterior, complicações na gestação.

Informação insuficiente

Nenhuma informação sobre os efeitos do COVID-19 e mensagens inconsistentes de fontes de informação.

Fonte: Adaptado de Suwalska et al, (2021)

Os fatores de riscos para os sintomas depressivos e ansiosos voltados a maternidade inclui muitas razões, como são elencados na Tabela 1. No entanto, a informação insuficiente, o despreparo profissional de equipes prestadoras de serviços, bem como, a ausência de consultas pré-natal, gera maiores incertezas, medo e dúvidas nas pacientes, acentuando esses sintomas.

Semaan et al. (2020) demonstraram que muitos profissionais de saúde maternos e neonatais não receberam treinamento em COVID-19 em suas unidades de saúde, e que uma grande porcentagem destes não se sentia bem-informada sobre como cuidar de uma paciente de maternidade com COVID-19. Em decorrência disso, o Ministério da Saúde em 2021 estabeleceu um manual para o manejo assistencial à mulheres grávidas e puérperas com covid-19 acessível às diversas regiões do País, considerando suas dimensões continentais e heterogeneidade.

A pandemia de COVID-19 exigiu o adiamento de muitos serviços de saúde não essenciais para prevenir a transmissão dentro das clínicas, levando a diminuição dos cuidados pré e pós-natais. Isso restringiu o acesso em muitos locais em período de bloqueio. Dessa forma, as clínicas que se mantiveram abertas ficaram sobrecarregadas e os hospitais superlotados (ROBERTON et al., 2020).

Com isso, os profissionais de saúde procuraram maneiras de adaptar sua prática clínica para proteger seus pacientes, a si próprios e aos recursos de saúde. Os sistemas de saúde do Brasil e de outros países, restringiram consultas e procedimentos eletivos. Porém, o nascimento não pode ser considerado como eletivo. Assim, acompanhamento pré-natal e assistência ao trabalho de parto e o parto não podem ser reduzidos (AMORIM, et al., 2021).

Na pesquisa de Gur et al. (2020), gestantes negras foram mais propensas a preencher os critérios para depressão do que as mulheres brancas, uma vez que estas relataram maior probabilidade de ter seu emprego impactado de forma negativa. Equivalente a esse estudo, Preis (2020) destaca que mulheres de cor demonstraram maior estresse relacionado à pandemia.

O tratamento da COVID-19 em gestantes continua sendo um desafio para os profissionais da saúde, pois este público não pode fazer o mesmo tratamento dos demais, tendo em vista que os medicamentos que estão sendo utilizados para controlar os sintomas causados pela síndrome viral podem ter efeitos arriscados e inseguros para desenvolvimento fetal. Esse princípio de “proteção por exclusão”, embora proporcione segurança materno-fetal, priva as gestantes de usarem um medicamento potencialmente eficaz nos estágios iniciais de seu uso (WU et al., 2020). 

Entretanto, diversas teorias abrangem o ambiente hormonal como efeito protetor, uma vez que este atenua a gravidade da doença. Outra perspectiva que pode diminuir a gravidade do Coronavírus no período gestacional é o aumento da produção de citocinas anti-inflamatórias, como resposta imune a infecção viral (CATANZARO et al., 2020). A alimentação saudável também é um fator chave nestas condições, sabendo que muitos alimentos são importantes para manutenção de uma imunidade elevada, diminuindo também a chance de infecções por outras doenças.

A meta-análise por Wu et al. (2020) alega que a atividade física tem um efeito protetor na saúde mental. Mesmo pequenas quantidades de exercício físico, como 150 minutos de caminhada por semana, diminuem a incidência de episódios depressivos, além de melhorar o bem-estar físico e trazer mais saúde e disposição para a gravidez.  

Considerações Finais

Nos últimos anos, houve um aumento clinicamente expressivo de doenças mentais nas gestantes. A crise de saúde pública ocasionada pelo Coronavírus otimiza as susceptibilidades do período gestacional, favorecendo implicações negativas na saúde mental deste público, como medo, solidão, ansiedade, insônia, episódios depressivos, ataques de pânico, estresse pós-traumático e, em casos mais extremos, podem até levar ao suicídio. Os sinais e sintomas das doenças mentais podem ter motivos diversos proporcionados pelo isolamento social, falta de acesso à atendimento médico e consultas, escassez de dados fidedignos sobre os impactos do vírus para a gravidez e para o feto, bem como o alcance de informações com fontes duvidosas. Nesta perspectiva, intervenções e triagem para depressão e ansiedade perinatal tem sido eficientes, devendo ser vistas como prioridade durante crises de saúde pública.

Dessa forma, destaca-se a necessidade de alterações no sistema de saúde, com enfoque para estratégias direcionadas a aptidão e qualificação do profissional em saúde, monitorização das pacientes fornecendo a continuidade dos atendimentos e desenvolvimento de terapêuticas psicossociais, atendendo as particularidades de cada gestante. Deve-se valorizar métodos como a manutenção de uma alimentação saudável, a prática de exercícios físicos e a regulação do sono, como estratégias na tentativa de contornar os impactos psicológicos, proporcionando qualidade de vida e bem-estar. 

Referências

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