Brucelose humana no Estado de São Paulo: inquérito sorológico
PDF

Como Citar

1.
Amaral JP do, Taunay A de E, Novaes JRC, Planet N, Esteves MB. Brucelose humana no Estado de São Paulo: inquérito sorológico. Rev Inst Adolfo Lutz [Internet]. 29º de janeiro de 1953 [citado 27º de abril de 2024];13(1-2):169-86. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/RIAL/article/view/33245

Resumo

Os autores, usando a técnica de Castañeda, realizaram um inquérito sorológico sobre a brucelose no Estado de São Paulo. Examinaram o soro de doentes: 1.°) com diagnóstico clínico de brucelose (170); 2.°) de doentes com diagnóstico clínico de moléstia infecciosa, excluída a brucelose (1825); 3.°) soros de indivíduos supostos normais para diagnóstico de lues ou de doadores de sangue (11.152); 4.°) soro de operários de matadouro (30). A incidência de reações positivas a título <100 entre os indivíduos com suspeita clínica de brucelose (3,53%) e do grupo suposto normal (0,036), dispensa tratamento estatístico, mostrando, ao mesmo tempo, que, com a técnica empregada, excepcionalmente, serão obtidas reações positivas em indivíduos normais. A incidência de reações positivas, entre o grupo de indivíduos com suspeita clínica de brucelose e os de doenças febris diversamente diagnosticadas, é altamente significativa (x = 9,335 P = 0,0022), mostrando um nítido paralelismo entre o diagnóstico clínico e a soro-aglutinação. As reações em título <100 sugerem que sejam resultantes de infecções por brucela, uma vez que ocorreram em muito maior número no grupo com suspeita clínica da doença. Se não fosse essa a causa, seria de se esperar que ocorressem numa mesma proporção nos diferentes grupos de indivíduos. A igualdade das proporções observadas nos grupos de indivíduos "normais" e de portadores de doenças febris diversas faz crer que as aglutinações em título baixo não resultam de reação anamnésica. Apesar do número reduzido de observações dos trabalhadores em matadouro, nossos resultados são semelhantes aos assinalados por outros autores nacionais, não havendo diferença estatisticamente significativa. O fato de o grupo vacum apresentar alto índice de infecção brucélica ativa, principal fonte de contágio para o homem, sendo baixo o índice da doença humana, pode ser explicado por serem os animais infetados pela variedade B. abortus de baixa patogenicidade para o homem. Todos os casos publicados em São Paulo em que a moléstia foi comprovada pela hemocultura tinham como agente etiológico a B. suis estando a doença quase sempre ligada à moléstia profissional. Talvez a pasteurização do leite ou sua fervura, hábito normal da população, represente um papel importante na prevenção da moléstia.

https://doi.org/10.53393/rial.1953.13.33245
PDF

Referências

1. ANTUNES,A. e CARNEIRO,V. (1933) - Brucella suis e sua ação patogênica para o homem. Rev. Soe. Paul. Med. Veto 3 : 107-119.

2. BARROS,O. M. (1937) - As bruceloses humanas no Brasil. A propósito de alguns casos observados em S. Paulo. Rev. Clin. S. Paulo, 1 : 24-42.

3. BARROS,O . M. e GIANINI, G. (1933) - Sôbre um caso de brucelose de São Paulo An. Paul. Med. Cir. 26 : 125-126.

4. BIER, O. (1932) - Caracterização bacteriológica da amostra de Brucella, de proveniência humana, isolada pelo Prof. Carini, em S. Paulo. Arch. Biologia 15 : 140-141.

5. BOTTINI,A. (1936) - Brucelose humana. Brasil Médico 50 : 1014-1018.

6. CARINI,A. (1934) - Mais dois casos de febre ondulante. Arch. Biologia 16 : 32-35.

7. CARINI, A. (1936) - Mais alguns casos de febre ondulante. Arch. Biologia 20 : 14-16.

8. CARINI, A. (1937) - Ainda um caso de febre ondulante causada por Brucella suis. Arch. Biologia 21 : 11-12.

9. CARINI,A. e VESPUCCI,P. (1932) - Primeiro caso autóctone de febre ondulante, comprovado pela hemo cultura, observado no Brasil. Arch. Biologia 15 : 135-138.

10. CASTANEDA,M. R. (1947) - A practical method for routine blood in brucellosis. Proc. Soc. Exp. Biol. M ed. 73 : 46-49.

11. CASTANEDA,M. R.; TOVAR,R. e VELEZ,R. (1942) - Studies on brueellosis iQ Mexico. Comparative study of various diagnostic tests and classification of the isolated bacteria. J. Inf. Diseases 70 : 97-102.

12. CAUSEY,C. E. e AZEVEDO,M. C. (1947) - Infecção por Brucella no homem e no gado em Belém, Pará. Rev. Serviço Espec. Saúde 1 : 77-86.

13. CORREA,J. J. (1934) - Primeiro caso de febre ondulante aparecido no Rio de Janeiro. Brasil Médico 48 : 953-954.

14. FEINBERG,R. J. e WRIGHT,G. G. (1951) - Factors influencing the agglutinationtitration in human brucellosis. J. Imnfunology 67 : 115-122.

15. HORTA,P. PARREIRA(1942) - Bruceloses. Arq. Higiene 12 : 113-176.

16. MURDOCK,F.; ROEPKE, M. H. e BLOOD,B. D. (1952) - Uniformisación deI diagnóstico de la brucellosis en Ias Américas. 1. Estudios comparativos de Ios meto dos de Iaboratorio en uso. Boi. Ojoc. Sanit. Panamericana 32 : 136-146.

17. NEIVA, C. (1930) - Agglutininas para Brucella obortus em soros humanos. Rev. Soc. Paul. Med. Veto 1 : 73-80.

18. NEIVA, C. (1935) - Aglutininas para o gênero Brucella em soros humanos. An. Paul. Med. Cir. 30 : 5-6.

19. NEIVA, C. e MELLO, A. (1930) - A moléstia de Bang em S. Paulo. Rev. Soc. Paul. Med. Veter. 1: 118-122.

20. OTERO, P. M. (1929) - Experimental infection of Brucella abortus in mano Perto Rico J. Pub. Health Trop. Med. 5 : 144-157.

21. OTERO, P. M. (1930) - Brucella aborius in Porto Rico. Porto Rico J. Pub. Health Trop. M ed. 6 : 3-88.

22. PACHECO,G. (1952) - Freqüência de brucelose particularmente em candidatos a doadores de sangue. Brasil Médico 65 : 227-232.

23. PACHECO, G. e MELLO, M. T. (1950) - Brucelose humana no Brasil. Contribuição para o estudo da casuística nacional. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 48: 393-436.

24. PERES, J. N. (1944) - Pesquisas de aglutininas para Brucella abortus em soros Widal negativos. Brasil Médico 58 : 449-450.

25. PERES, J. N. (1945) - A febre ondulante no Estado de Minas Gerais. Brasil Médico 59 : 2-4.

26. PERES, J. N.; ANGELO, P. e MALHEIROS,C. (1945) - Investigações sôbre a febre ondulante em Belo Horizonte (Estado de Minas Gerais). An. IILo Congr. Bras. Vet. Porto Alegre, Out= 1945, pp. 558-564.

27. PICKETT, M. J. e NELSON, E. L. (1951) - Observations on the problem of Brucella blood cultures. J. Bacteriology 61 : 229-237.

28. SCHLOGEL,F. (1953) - Contribuição ao conhecimento da brucelose humana em Curitiba. Hospital 43 : 405-409.

29. SCHUKARDT,V. T.; RODE, L. J.; FOSTER, J. W. e OGLESBY,G. (1949) - An antibrucella factor in peptones. J. Bacteriology 57 : 1-8.

30. SILVA, N. N. da (1943) - A brucelose no Rio Grande do Sul. Arq. Dept. Estad. Saúde. R. G. Sul 4 : 7-14.

31. SILVA, N. N. da (1947) - Brucelose. O poblema humano e veterinário no Rio Grande do Sul. Hospital 32 : 925-938.

32. SPINK, W. W. (1952) - The laboratory in the diagnosis of brucellosis. Amer. J. Clin. Pathol. 22 : 201-211.

33. SPINK, W. W. (1952a) - Correlation of a rapid slide agglutination test (Castaiíeda) with a tube agglutination test in screening suspected cases of human brucellosis. J. Lab. Clin. Med. 40 : 593-600.

34. SPINK, W. W.; MCCULLOUGH,N. B.; HUTCHINGS,L. M. e MINGLE, C. R. (1952)- Diagnostic criteria foi human brucellosis. Report N." 2 of the National Research Council, Committee on public health aspeets ofbrucellosis, J. A. M. A. 143:- 805-808.

35. WEST, D. E. e BORMAN,E. K. (1945) - The culturing of blood clots for Brucella organisms. J. Infect. Diseases 77 : 187-192.

36. WILSON e MILES - Topley and Wilson's PrincipIes of Bacteriology and immunity. Baltimore, Williams and Wilkins, 1946.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 1953 Jandira Planet do Amaral, Augusto de E. Taunay, J. R. C. Novaes, Nelson Planet, Maria Brasil Esteves

Downloads

Não há dados estatísticos.