RESPONSIVIDADE E DIALOGIA: MOMENTOS CRÍTICOS NA EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE
Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar um processo de Educação Permanente em Saúde (EPS) desenvolvido com profissionais de Centros de Atenção Psicossocial. O estudo foi orientado pela perspectiva construcionista social, que considera a linguagem como forma de ação social e se interessa pelos processos interacionais e dialógicos na produção do conhecimento. Foram realizados sete encontros com um grupo de dez profissionais. As conversas foram gravadas, transcritas e analisadas qualitativamente, a partir da delimitação de momentos críticos. Exploramos a análise de dois momentos críticos, que indicam a ocorrência de transformação de sentidos relacionados à importância do trabalho desenvolvido pelas profissionais e à possibilidade de participação das famílias no cuidado. Foram nomeados como: “‘O afeto é transformador”: ’: construindo a importância do trabalho e dos encontros de EPS, e “‘Estamos prescrevendo corresponsabilização”: ’: transformando o sentido de participação das famílias. Por meio da análise deles, discutimos a centralidade do processo conversacional na configuração das possibilidades dialógicas, com destaque à responsividade como recurso básico de facilitação para promoção da dialogia.
Downloads
Referências
Barret, F. J. (2004). Critical moments as “change” in negotiation. Negotiation Journal, 20(2), 213–219.
Brasil. (2005). Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. Brasília: OPAS.
Brasil. (2009a). Política nacional de educação permanente em saúde. Brasília: Ministério da Saúde.
Brasil. (2009b). SUS 20 anos. Recuperado de http://pesquisa.bvs.br/portal/resource/pt/sus-18714
Campos, G. W. de S. (2015). Um método para análise e cogestão de coletivos (5o ed). São Paulo: Hucitec.
Campos, G. W. de S., Cunha, G. T., & Figueiredo, M. D. (2013). A formação em saúde e o apoio paideia: Referenciais teórico e metodológicos. In Práxis e formação paideia: Apoio e cogestão em saúde (p. 123–200). São Paulo: Hucitec.
Ceccim, R. B. (2010). A educação permanente em saúde e as questões permanentes à formação em saúde mental. Cad Saúde Ment, 3, 67–90.
Ceccim, R. B., & Ferla, A. A. (2008). Educação e saúde: Ensino e cidadania como travessia de fronteiras. Trab. educ. saúde, 6(3), 443–456.
Chen, M., Noosbond, J. P., & Bruce, M. A. (1998). Therapeutic document in group counseling: An active change agent. Journal of Counseling & Development, 76, 406–411.
Feuerwerker, L. C. (2014). Micropolítica e saúde: Produção do cuidado, gestão e formação. Porto Alegre.
Gergen, K. J. (2014). From Mirroring to World-Making: Research as Future Forming. Journal for the Theory of Social Behaviour, 45(3), 287–310. doi: 10.1111/jtsb.12075
Gergen, K. J. (2015). An invitation to social construction (3o ed). London: Sage.
Gergen, K. J., & Gergen, M. (2010). Construcionismo social: Um convite ao diálogo. Rio de Janeiro: Editora do Instituto NOOS.
Green, G. M., & Wheeler, M. (2004). Awareness and Action in Critical Moments. Negotiation Journal, 20(2), 349–364. doi: 10.1111/j.1571-9979.2004.00028.x
Guanaes, C. (2006). A construção da mudança em terapia de grupo: Um enfoque construcionista social. São Paulo: Vetor.
Guanaes-Lorenzi, C. (2017). Recursos para facilitação de grupos em um enfoque construcionista social. In M. Grandesso, Práticas colaborativas e dialógicas em distintos contextos e populações: Um diálogo entre teoria e prática (p. 399–418). Curitiba: CRV.
Leite, C. M., Pinto, I. C. de M., Fagundes, T. de L. Q., Leite, C. M., Pinto, I. C. de M., & Fagundes, T. de L. Q. (2020). Educação permanente em saúde: Reprodução ou contra-hegemonia? Trabalho, Educação e Saúde, 18. doi: 10.1590/1981-7746-sol00250
McNamee, S., & Shotter, J. (2004). Dialogue, creativity, and change. In R. Anderson, L. Baxter, & K. Cissna, Dialogic approaches to communications (p. 91–104). Thousand Oaks: Sage.
Moscheta, M. S., Souza, L. V., & Corradi-Webster, C. M. (2015). Social constructionist resources for investigating and work with groups in healthcare. In E. Rasera (Org.), Social construcionist perspectives on group work (p. 177–185). Chagrin Falls, Ohio: Taos Institute Publications.
Pinto, H. A., Ferla, A. A., Ceccim, R. B., Florêncio, A. R., Matos, I. B., Barbosa, M. G., … Zortea, A. P. (2014). Atenção Básica e Educação Permanente em Saúde: Cenário apontado pelo Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Divulgação em saúde para debate, (51), 145–160.
Pitta, A. M. F. (2011). Um balanço da Reforma Psiquiátrica Brasileira: Instituições, atores e políticas. Ciência & Saúde Coletiva, 16(12), 4579–4589.
Rasera, E., & Japur, M. (2006). Sobre a preparação e a composição em terapia de grupo: Descrições construcionistas sociais. Psicologia: Reflexão e Crítica, 19(1), 131–141.
Rasera, E., & Japur, M. (2018). Grupo como construção social: Aproximação entre o construcionismo social e a terapia de grupo (2o ed). São Paulo: Noos.
Shotter, J. (2000). Conversational realities: Constructing life through language (2o ed). London: Sage.
Stroschein, K. A., & Zocche, D. A. A. (2011). Educação permanente nos serviços de saúde: Um estudo sobre as experiências realizadas no Brasil. Trabalho, Educação e Saúde, 9(3), 505–519.
Yasui, S. (2010). Rupturas e encontros: Desafios da Reforma Psiquiátrica Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.
Copyright (c) 2023 Psicologia em Estudo
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
As opiniões emitidas, são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es). Ao submeterem o manuscrito ao Conselho Editorial de Psicologia em Estudo, o(s) autor(es) assume(m) a responsabilidade de não ter previamente publicado ou submetido o mesmo manuscrito por outro periódico. Em caso de autoria múltipla, o manuscrito deve vir acompanhado de autorização assinada por todos os autores. Artigos aceitos para publicação passam a ser propriedade da revista, podendo ser remixados e reaproveitados conforme prevê a licença Creative Commons CC-BY.
The opinions expressed are the sole responsibility of the author (s). When submitting the manuscript to the Editorial Board of Study Psychology, the author (s) assumes responsibility for not having previously published or submitted the same manuscript by another journal. In case of multiple authorship, the manuscript must be accompanied by an authorization signed by all authors. Articles accepted for publication become the property of the journal, and can be remixed and reused as provided for in theby a license Creative Commons CC-BY.