PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO E CARREIRAS:PANORAMA DA PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE A TEMÁTICA

Palavras-chave: Carreira. Precarização do Trabalho. Relações de Trabalho. Precarização. Pesquisa Bibliográfica.

Resumo

O estudo teve por objetivo identificar o panorama das produções acadêmicas que abordam os efeitos do aumento da precarização do trabalho nos novos desenhos de carreiras. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que, através de uma busca realizada nas bases de dados da ISI Web of Science, Scopus/Elsevier, Scientific Electronic Library Online e EBSCO, identificou artigos que abordaram tal temática no período entre 1995 e 2018. Os resultados do estudo evidenciam o crescimento de publicações da temática nos últimos anos, com destaque para estudos realizados na Inglaterra, Alemanha e Brasil, e no que diz respeito aos temas analisados constatou-se, por um lado, que estes versam sobre diversas atividades, predominantemente, sobre carreiras de docentes, das indústrias criativas e da saúde, profissões que exigem maior qualificação do trabalhador. Entretanto, por outro lado, as profissões com menor complexidade ou que exigem baixa escolaridade apresentaram poucos estudos, sinalizando baixo interesse da comunidade acadêmica, além disso, constatou-se que os estudos privilegiaram categorias como gênero, raça, idade, bem como aspectos singulares como a precarização subjetiva e a influência de fatores ideológicas e/ou status social que podem ser considerados “atraente” no trabalho precarizado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Teixeira, Rodilon, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Doutorando em Administração na PUC-Rio/IAG, na área de Estudos Organizacionais, Mestre e Especialista em Administração de Empresas com ênfase em Gestão de Pessoas (UFRGS). Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho e carreira na contemporaneidade na PUC-Rio. Graduado em Administração pela FAPA-PA. Analista Administrativo no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), lotado na Coordenação de Administração e Finanças da Superintendência Regional no Rio de Janeiro. Também atuou como professor em cursos no Ministério do Planejamento/Economia na Escola de Administração Fazendária (ESAF). Experiência na área de Administração e Administração Pública, na subárea Gestão de Pessoas, além de docente em cursos com temas dessas áreas. 

Lemos, Ana Heloísa da Costa, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Doutora em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (2003). Professora do curso de graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), desde 1996. Professora dos cursos de Mestrado e Doutorado do Departamento de Administração da PUC-Rio, desde 2008. Coordenadora eleita da Divisão Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho (GPR) da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração (ANPAD), para o triênio 2018-2020. Ex-membro do Comitê Científico da Divisão GPR da ANPAD (2013-2017). Coordenadora da área de Organizações Departamento de Administração da PUC-Rio. Coordenadora do grupo de pesquisa "Trabalho e carreira na contemporaneidade". Ex-coordenadora do MBA em Gestão de Recursos Humanos da PUC-Rio (2008-2018). Possui graduação em Ciências Políticas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1988), mestrado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (1994).Tem realizado pesquisas, publicado artigos científicos e orientado dissertações e teses sobre as seguintes temáticas: carreiras e trajetórias profissionais; gênero; trabalho e subjetividade; inserção no mercado e trabalho; gerações e trabalho.

Referências

AGERGAARD, S.; UNGRUHE, C. Ambivalent Precarity: Career Trajectories and Temporalities in Highly Skilled Sports Labor Migration from West Africa to Northern Europe. Anthropology of Work Review, v. 37, n. 2, p. 67–78, 2016.
ALPS, B. N. Notes on design education and (prefigurative) work politics. Art Design & Communication in Higher Education, v. 16, n. 1, p. 117–123, 2017.
ALVES, G. Dimensões da precarização do trabalho: ensaios de sociologia do trabalho. 1. ed. Bauru, SP: Canal6, 2013.
ALVES, M. G.; AZEVEDO, N. R.; GONÇALVES, T. N. R. Satisfação e situação profissional: um estudo com professores nos primeiros anos de carreira. Educação e Pesquisa, v. 40, n. 2, p. 365–382, 2014.
ANTUNES, R. Desenhando a nova morfologia do trabalho: As múltiplas formas de degradação do trabalho. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 83, p. 19–34, 2008.
ANTUNES, R. La nueva morfología del trabajo en Brasil. Reestructuración y precariedad. Nueva Sociedad, v. 232, p. 103–118, 2011a.
ANTUNES, R. Os modos de ser da informalidade: rumo a uma nova era da precarização estrutural do trabalho? The ways of being of informality: towards a new era of structural precarious work? Serviço Social & Sociedade, v. 107, p. 405–419, 2011b.
ANTUNES, R. O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2018.
ARTHUR, M. B. The boundaryless career: a new perspective for organizational inquiry. Journal of Organizational Behavior, v. 15, n. 4, p. 295–306, 1994.
ARTHUR, M. B.; LAWRENCE, B. S. Handbook of career theory. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1989.
BARUCH, Y. Transforming careers: from linear to multidirectional careers paths. Career Development International, v. 9, n. 1, p. 58–73, 2004.
BECKER, H. S. Outsiders: estudos de sociologia do desvio. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
BECKER, K.; ENGEL, T. Temporary workforce under pressure. Poor occupational safety and health (OSH) as a dimension of precarity? Management Revue, v. 29, n. 1, p. 32–54, 2018.
BENDASSOLLI, P. F. Recomposição da relação sujeito-trabalho nos modelos emergentes de carreira. Revista de Administração de Empresas, v. 49, n. 4, p. 387–400, 2009.
BLUSTEIN, D. L.; SCHULTHEISS, D. E. P.; FLUM, H. Toward a relational perspective of the psychology of careers and working: a social constructionist analysis. Journal of Vocational Behavior, v. 64, n. 3, p. 423–440, 2004.
BLYTHE, M. The work of art in the age of digital reproduction: the significance of the creative industries. Journal of Art & Design Education, v. 20, n. 2, p. 144–150, 2001.
BOLTANSKI, L.; CHIAPELLO, È. O novo espirito do capitalismo. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
BORGEN, W. A.; AMUNDSON, N. E.; REUTER, J. Using portfolios to enhance career resilienc. Journal of Employment Counseling, v. 41, n. 2, p. 50–59, 2004.
BOURDIEU, P. Contrafogos: táticas para enfrentar a invasão neoliberal. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.
BOURDIEU, P.; DARBEL, A.; RIVET, J.-P. Travail et travailleurs en Algérie. [s.l.] Mouton, 1963.
BRASIL. Lei no 13.467. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho, 2017a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em: 17 set. 2020
BRASIL. Lei no 13.429. Altera dispositivos da Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974, que dispõe sobre o trabalho temporário nas empresas urbanas e dá outras providências; e dispõe sobre as relações de trabalho na empresa de prestação de serviços a terceiros, 2017b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13429.htm . Acesso em: 17 set. 2020
BUJOLD, C. Constructing career through narrative. Journal of Vocational Behavior, v. 64, n. 3, p. 470–484, 2004.
CAILLÉ, A. Don, intérêt et désintéressement. Revue européenne des sciences sociales, v. 32, n. 99, p. 253–283, 1994.
CAMPBELL, I.; PRICE, R. Precarious work and precarious workers: towards an improved conceptualisation. The Economic and Labour Relations Review, v. 27, n. 3, p. 314–332, 2016.
CANGIÀ, F. Precarity, imagination, and the mobile life of the ‘trailing spouse’. Ethos, v. 46, n. 1, p. 8–26, 2018.
CASTEL, R. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Petropólis, RJ: Vozes, 1998.
CHANLAT, J.-F. Quais carreiras e para qual sociedade? Revista de Administração de Empresas, v. 36, n. 1, p. 13–20, 1995.
CHOW, B. D. An actor manages: actor training and managerial ideology. Theatre, Dance and Performance Training, v. 5, n. 2, p. 131–143, 2014.
CHOW, Y. F. Hong Kong creative workers in mainland China: the aspirational, the precarious, and the ethical. China Information, v. 31, n. 1, p. 43–62, 2017.
CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa. Métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
DRUCK, G. A precarização do trabalho social no Brasil. In: ANTUNES, R. (Ed.). Riqueza e miséria do trabalho no Brasil. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 55–74.
DUBERLEY, J.; MALLON, M.; COHEN, L. Exploring career transitions: accounting for structure and agency. Personnel Review, v. 35, n. 3, 2006.
ECKELT, M.; SCHMIDT, G. Learning to be precarious - The transition of young people from school into precarious work in Germany. Journal for Critical Education Policy Studies, v. 12, n. 3, p. 130–155, 2015.
ELEFANTE, P. H.; DEUZE, M. Media work, career management, and professional identity: living labour precarity. Northern Lights, v. 10, n. 1, p. 9–24, 2012.
ELMAN, C.; CHESTERS, J. Adult men and the post-industrial ‘turn’: breadwinning gender norms, masculine occupational tasks and midlife school trajectories. Research in Social Stratification and Mobility, v. 51, p. 1–13, 2017.
ENRIGHT, B.; FACER, K. Developing reflexive identities through collaborative, interdisciplinary and precarious work: the experience of early career researchers. Globalisation, Societies and Education, v. 15, n. 5, p. 621–634, 2017.
FELDMAN, C. D. Late-career and retirement issues. In: GUNZ, H.; PEIPERL, M. (Eds.). . Handbook of career studies. Los Angeles, CA: SAGE Publications Inc., 2007. p. 153–168.
FORKERT, K.; LOPES, A. Unwaged posts in UK universities: controversies and campaigns. TripleC, v. 13, n. 2, p. 533–553, 2015.
GIDDENS, A. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
GIRAUDO, M. et al. Occupational injuries in times of labour market flexibility: the different stories of employment-secure and precarious workers. BMC Public Health, v. 16, n. 1, p. 1–11, 2016.
GUÉGNARD, C.; MÉRIOT, S.-A. Hôtels et dépendances: les femmes de chambre en Europe. Travail et Emploi, v. 121, p. 55–66, 2010.
GUIHEN, L. The two faces of secondary headship: women deputy head teachers perceptions of the secondary head teacher role. Management in Education, v. 31, n. 2, p. 69–74, 2017.
GUNZ, H.; MAYRHOFER, W.; TOLBERT, P. S. Introduction to special section: careers in context. Disponível em: https://digitalcommons.ilr.cornell.edu/articles/503 . Acesso em: 20 out. 2019.
GUNZ, H.; PEIPERL, M. Handbook of career studies. Los Angeles, CA: SAGE Publications, 2007.
GUROVA, O.; MOROZOVA, D. Creative precarity? Young fashion designers as entrepreneurs in Russia. Cultural Studies, v. 32, n. 5, p. 704–726, 2018.
HALL, D. T. The protean career: a quarter-century journey. Journal of vocational behavior, v. 65, n. 1, p. 1–13, 2004.
HENNEKAM, S.; BENNETT, D. Sexual harassment in the creative industries: tolerance, culture and the need for change. Gender, Work and Organization, v. 24, n. 4, p. 417–434, 2017.
KNOLL, A. Fragile Life Plans. On the Vulnerability of Employed Middle Class Mothers Balancing Job, Household, Children, Partnership and Time for Themselves. Zeitschrift fur Soziologie der Erziehung und Sozialisation, v. 37, n. 3, p. 309–324, 2017.
LEAVY, P. Research design: quantitative, qualitative, mixed methods, arts-based, and community-based participatory research approaches. New York: The Guilford Publications, 2017.
LEITE, A. T. B. Editoras, repórteres, assessoras e freelancers: diferenças entre as mulheres no jornalismo. Cadernos de Pesquisa, v. 47, n. 163, p. 44–68, 2017.
LEONARD, P.; HALFORD, S.; BRUCE, K. ‘The new degree?’ Constructing internships in the third sector. Sociology, v. 50, n. 2, p. 383–399, 2016.
LUKA, M. E. et al. Scholarship as cultural production in the neoliberal university: working within and against “deliverables”. Studies in Social Justice, v. 9, n. 2, p. 176–196, 2015.
MARQUES, A. P. P.; MACEDO, A. P. M. DE C. Políticas de saúde do Sul da Europa e desregulação das relações de trabalho: um olhar sobre Portugal. Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, n. 7, p. 2253–2264, 2018.
MARTINS, B. V.; ROCHA-DE-OLIVEIRA, S. Reflexōes sobre a empregabilidade dos jovens provenientes de cursos superiores de tecnologia. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, v. 11, n. 1, p. 37, 2017.
MAYRHOFER, W.; MEYER, M.; STEYER, J. Contextual issues in the study of careers. In: Handbook of career studies. Los Angeles, CA: SAGE Publications, 2007. p. 215–240.
MILLAR, K. M. The precarious present: wageless labor and disrupted life in Rio de Janeiro, Brazil. Cultural Anthropology, v. 29, n. 1, p. 32–53, 2014.
NEILSON, B.; ROSSITER, N. From precarity to precariousness and back again: labour, life and unstable networks. The Fibreculture Journal, v. 2, n. 22, p. 1–19, 2005.
NUNES, E. DE F. P. DE A. et al. Força de trabalho em saúde na Atenção Básica em Municípios de pequeno porte do Paraná. Saúde em Debate, v. 39, n. 104, p. 30–42, 2015.
POEHNELL, G.; AMUNDSON, N. CareerCraft: engaging with, energizing, and empowering career creativity. In: Career creativity: explorations in the remaking of work. Oxônia: Oxford University Press, 2002. p. 105–122.
RAMOS, L. M.; BENDASSOLLI, P. F. Trajetórias de carreira: narrativas dos profissionais de recursos humanos. Revista de Psicologia, v. 4, n. 2, p. 61–74, 2013.
ROSEBAUM, J. E. Organization career systems and employee misperceptions. In: Handbook of career theory. Cambridge: Cambridge University Press, 1989. p. 329–353.
SÁ, T. “Precariedade” e “trabalho precário”: consequências sociais da precarização laboral. Revista de Sociologia, v. 7, p. 91–105, 2010.
SMITH, V. New Forms of Work Organization. Annual review of Sociology, v. 23, n. 1, p. 315–339, 1997.
SOUZA, F. A. S. DE. Um toque de classe campo dos estudos de carreira. XLIII Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (EnANPAD). Anais: São Paulo: Encontro Nacional da ANPAD, 2019a
SOUZA, F. A. S. DE. As carreiras e as carreiras: retratos de um mundo do trabalho fragmentado. XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD. Anais: São Paulo: Encontro Nacional da ANPAD, 2019b
SOUZA, F. A. S. DE; LEMOS, A. H. DA C. Terceirização no Brasil: avaliação do marco legal e esclarecimentos sobre o projeto de lei no 4.330/04 e a ação dos atores coletivos. Cadernos EBAPE.BR, v. 14, n. 11, p. 1035–1053, 2016.
SOUZA, F. A. S. DE; LEMOS, A. H. DA C.; SILVA, M. A. DE C. Metamorfoses de um discurso: carreiras sem fronteiras e o novo espírito do capitalismo. Organizações & Sociedade, v. 27, n. 92, p. 95–112, 2020.
UMNEY, C.; KRETSOS, L. “That’s the Experience”: Passion, Work Precarity, and Life Transitions Among London Jazz Musicians. Work and Occupations, v. 42, n. 3, p. 313–334, 2015.
VALLAS, S. P.; CUMMINS, E. R. Personal branding and identity norms in the popular business press: enterprise culture in an age of precarity. Organization Studies, v. 36, n. 3, p. 293–319, 2015.
VIEIRA, L. F.; SOUZA, G. DE. Trabalho e emprego na educação infantil no Brasil: segmentações e desigualdades Labor and employment in early childhood. Educar em Revista, v. 1, p. 119–139, 2010.
WHITE, M.; SMEATON, D. Older British employees’ declining attitudes over 20 years and across classes. Human Relations, v. 69, n. 8, p. 1619–1641, 2016.
WILLSON, R. “Systemic managerial constraints”: how universities influence the information behaviour of HSS early career academics. Journal of Documentation, v. 74, n. 4, p. 862–879, 2018.
Publicado
2021-12-08
Como Citar
Teixeira, R., LEMOS, A. H. D. C., & Fuzyama, C. K. (2021). PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO E CARREIRAS:PANORAMA DA PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE A TEMÁTICA. Caderno De Administração , 29(2), 141-163. https://doi.org/10.4025/cadadm.v29i2.56479
Seção
Artigos