Tristeza, cólera e a questão da empatia pelos vencedores: Walter Benjamin e a escrita disruptiva da história

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v23i3.3441

Palavras-chave:

Filosofia da história; Benjamin; Teoria dos afetos; Transmissão cultural; Cólera; Melancolia.

Resumo

Neste artigo estudo uma disposição afetiva abordada por Walter Benjamin nas Teses sobre o conceito de história, mais precisamente, estudo a empatia (Einfühlung). Este afeto estaria presente no tipo de historiografia rejeitada pelo autor, uma vez que ela seria a “empatia pelos vencedores”. Trabalho no presente estudo com uma hipótese “ou-ou”. Benjamin diferencia dois tipos de escrita da história, a inautêntica e a autêntica: ou bem o historiógrafo parte do horror (Grauen) inerente aos acontecimentos históricos, ou bem ele elege certos passados e sente empatia (Einfühlung) pelos espólios da transmissão cultural. Também em outros escritos de Benjamin encontramos uma atribuição pejorativa à empatia, e a razão para tal, sugerimos, é a de que o historiador deve “fazer explodir” a linha de continuidade da história, enfatizando, em vez de um afeto conciliador ou mesmo apaziguador e conformista, o afeto colérico com relação aos acontecimentos opressores e, portanto, um aspecto “destrutivo”, “disruptivo” da história.

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Biografia do Autor

Luciano Gomes Brazil, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Doutor(a) em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro – RJ, Brasil. Pós-doutorando(a) na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Ouro Preto – MG, Brasil.

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Publicado

2023-10-31

Como Citar

GOMES BRAZIL, Luciano. Tristeza, cólera e a questão da empatia pelos vencedores: Walter Benjamin e a escrita disruptiva da história. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 23, n. 3, p. 120–130, 2023. DOI: 10.31977/grirfi.v23i3.3441. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/3441. Acesso em: 2 jun. 2024.

Edição

Seção

Artigos