Militarização e Escola sem Partido: repercussões no projeto político-pedagógico das escolas

Autores

  • Edileuza Fernandes Silva Universidade de Brasília
  • Ilma Passos Alencastro Veiga Universidade de Brasíia
  • Rosana César de Arruda Fernandes Universidade de Brasíia

DOI:

https://doi.org/10.24065/2237-9460.2020v10n1ID1485

Palavras-chave:

Escola pública. Escola sem Partido. Militarização. Projeto político-pedagógico.

Resumo

O artigo discute investidas de movimentos conservadores de militarização e Escola sem Partido com o objetivo de refletir acerca de suas repercussões nos projetos político-pedagógicos de escolas públicas. Compreende-se a escola como território em permanente disputa, responsável pela educação formal de crianças, adolescentes e jovens, que realiza um tipo de trabalho sob orientações políticas, ideológicas e econômicas que embasam os arranjos de poder em cada momento histórico. Esse trabalho é sistematizado nos projetos pedagógicos das escolas como expressão de suas finalidades, seu papel social, de definição de estratégias operacionais e ações a serem desenvolvidas coletivamente. No que concerne aos aspectos metodológicos e teóricos, contempla-se: análise de documentos oficiais do governo federal para apreender elementos da realidade situados historicamente e que expressam um projeto de poder assumido pelo grupo dominante no cenário político, e revisão bibliográfica de obras que versam sobre a temática. As discussões sinalizam que a militarização das escolas alinhadas aos ideários da Escola sem Partido repercutem: a) na definição de outra função social para a escola; b) na seleção e controle do saber considerado legítimo e aceitável pelos grupos conservadores; c) no alcance dos objetivos de ensino e aprendizagem previstos nos PPP da escola; d) na relação professor-aluno; e) na fragilização do trabalho colaborativo na escola; f) na autonomia da escola para elaborar, implementar e avaliar seu PPP. Assim, contrariamente à militarização, defende-se a escola, democrática, participativa e colaborativa, que organiza o trabalho pedagógico com respeito à diversidade de sujeitos, às suas experiências e aos valores.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Edileuza Fernandes Silva, Universidade de Brasília

Doutora em Educação. Professora da Universidade de Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Ilma Passos Alencastro Veiga, Universidade de Brasíia

Doutora em Educação. Professora da Universidade de Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Rosana César de Arruda Fernandes, Universidade de Brasíia

Doutora em Educação. Professora da Universidade de Brasília, Distrito Federal, Brasil. 

Referências

ALVES, G. L. O trabalho didático na escola moderna: formas históricas. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.

ANTUNES, R. L. C. Adeus ao Trabalho?: Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 7a. ed. Ampl. São Paulo: Cortez; Campinas, SP: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 2000.

APPLE, M. W. Educando à direita: mercados, padrões, Deus e desigualdade. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2003.

BONDIOLI, A. O projeto pedagógico da creche e a sua avaliação: a qualidade negociada. Campinas: Autores Associados, 2004.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasileira, DF: Senado Federal. 2013.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 21 jul. 2014.

BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o plano Nacional de Educação. - PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 21 jul. 2014.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. NAVARRO, I. P. et al. (Org.). Conselhos Escolares: democratização da escola e construção da cidadania. Brasília: MEC, SEB, 2004. (Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, caderno 1)

BRASIL. Decreto nº 9.665, de 2 de janeiro de 2019. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do Ministério da Educação.

BRITO, L. P. P. E.; REZENDE, M. P. Disciplinando a vida, a começar pela escola: a militarização das escolas públicas do estado da Bahia. RBPAE - v. 35, n. 3, p. 844 - 863, set./dez. 2019.

CUNHA, M. I. Os conceitos de espaço, lugar e território nos processos analíticos da formação dos docentes universitários. Revista Educação. Unisinos, v. 12, número 3, set./dez. 2008.

ESPINOZA, B. R. S.; QUEIROZ, F.B. Campanuci. Breve análise sobre as redes da Escola sem Partido. In: FRIGOTTO, G. (org.). Escola “sem” Partido: Esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira. Rio de Janeiro, RJ: UERJ, LPP. 2017.

FERNANDES SILVA, E.; SILVA, M.A. Militarização das escolas públicas no Distrito Federal: projetos de gestão em disputa. REAe - Revista de Estudos Aplicados em Educação, v. 4, n. 8, jul./dez. 2019.

FERREIRA, L.S. Trabalho pedagógico. In: OLIVEIRA, D.A., et. al. Dicionário trabalho, profissão e condição docente. Belo Horizonte: Faculdade de Educação UFMG, 2010.

FREITAS, L. C. de. Crítica da Organização do Trabalho Pedagógico e da Didática. 7ed. - Campinas, SP: Papirus, 2005.

FREITAS, L.C.de. Escolas aprisionadas em uma democracia aprisionada: anotações para uma resistência propositiva. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, v. 18, n. 4 [78], p. 9-6-926, out./dez. 2018.

FREITAS, L. C. de (2012). Reformadores empresariais da educação: da desmoralização do magistério à destruição do sistema público de ensino, Revista Educação e Sociedade. Campinas, SP: v.33, n.119, p 379-404, abril/junho 2012.

FULLAN, M. e HARGREAVES, A. La escuela que queremos: los objetivos por los cuales vale la pena luchar. 1ª ed. 1ª reimp. – Buenos Aires: Amorrortu, 2006.

GUILHERME, A. A.; PICOLI, B. A. Escola sem Partido: elementos totalitários em uma democracia moderna: uma Reflexão a partir de Arendt. Revista Brasileira de Educação. ANPED. v. 23 p.1 a 23. 2018.

HOUAISS, A.; SALLES, V. M. de. Minidicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Portuguesa S/C Ltda. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

JIMENEZ, S.; MENDES SEGUNDO, M.D; RABELO, J. Universalização da educação básica e reprodução do capital: ensaio crítico sobre as diretrizes da política de Educação para Todos. Cadernos de Educação. UFPel. Pelotas- RS. 2007.

LACÉ, A. L., et al. (2019). Entre a escola e o quartel: a negação do direito à educação. RBPAE: Militarização das escolas públicas no Brasil. v.35, n.3 p.648-666, set/dez. 2019.

LIMA, J. A. de. As culturas colaborativas nas escolas: Estruturas, processos e conteúdos. Porto – Portugal: Porto Editora, LDA, 2002.

LOPES, J. J. Reminiscências na paisagem: vozes, discursos e materialidades na configuração das escolas na produção do espaço brasileiro”. In: Jader Janer, LOPES; Sônia Marta. CLARETO (orgs.). Espaço e educação: travessias e atravessamentos. Araraquara, JM Editores, p.73-98. 2007.

MENDONÇA, E. F. Militarização de escolas públicas no DF; a gestão democrática sob ameaça. RBPAE: Militarização das escolas públicas no Brasil. V.35, n.3, p.594-611, set/dez. 2019.

MÉSZÁROS, I. A crise estrutural do capital. São Paulo: Boitempo, 2011.

NOGUEIRA J. G. Educação militar no Brasil: um breve histórico. Revista CAMINE: Caminhos da Educação, Franca, SP, v. 6, n. 1, 2014, p.146-172.

PATTO, Maria Helena Souza. Introdução à psicologia escolar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.

POSTIC, Marcel. A relação pedagógica. 2 ed. Coimbra, Portugal: Editora Coimbra Ltda., 1990.

SAVIANI, D. Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos. Revista Brasileira de Educação, v. 12 – nº 34, jan./abr. 2007.

SOUZA, L. M. Estado e políticas educacionais: reflexões sobre as teses neoliberais. In: FRANÇA, Robson Luiz de (Org.). Educação e trabalho: políticas públicas e a formação para o trabalho. Campinas, SP: Editora Alínea, 2010.

VEIGA, I. P. A. Educação básica e educação Superior: projeto político pedagógico. 4° ed. Campinas, SP: Papirus, 2004.

VEIGA, I. P. A. Projeto político pedagógico: currículo, gestão democrática e avaliação. In: VEIGA, I. P. A. Planejamento Educacional: Uma abordagem político-pedagógica em tempos de incertezas. Curitiba, PR: CRV, 2019.

Downloads

Publicado

2020-11-23

Como Citar

SILVA, E. F. .; VEIGA, I. P. A.; FERNANDES, R. C. de A. Militarização e Escola sem Partido: repercussões no projeto político-pedagógico das escolas. Revista Exitus, [S. l.], v. 10, n. 1, p. e020116, 2020. DOI: 10.24065/2237-9460.2020v10n1ID1485. Disponível em: https://portaldeperiodicos.ufopa.edu.br/index.php/revistaexitus/article/view/1485. Acesso em: 9 jun. 2024.

Edição

Seção

Artigos