AGÊNCIA EPISTÊMICA COMO UM CONSTRUTO DA ÁREA DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS: QUESTÕES TEÓRICAS E PROPOSIÇÕES ANALÍTICAS
DOI:
https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2024v29n1p198Palavras-chave:
Agência Epistêmica, Educação em Ciência, Relações de PoderResumo
Um dos desafios emergentes do ensino de ciências envolve o compartilhamento de responsabilidades epistêmicas entre professores e estudantes nos processos de construção do conhecimento. Nesse contexto, o constructo agência epistêmica tem sido mobilizado como uma proposta promissora entre pesquisadores da área de Educação em Ciências. Com o propósito de discutir os significados do conceito para a área, abordamos a maneira pela qual pesquisadores têm interpretado e investigado a agência epistêmica, dando enfoque aos significados atribuídos aos dois componentes do construto: "agência" e "epistêmico". Para isso, buscamos situar a noção de agência no campo educacional mais amplo, considerando aquelas pesquisas que buscam relações entre agência, como construto mais amplo e interseccional, e aprendizagem. De modo articulado, discutimos aspectos epistêmicos comumente considerados nas análises da agência epistêmica. Por fim, discutimos relações entre agência epistêmica e poder, o que nos parece particularmente relevante para os avanços no campo, considerando as discussões já consolidadas sobre o papel ativo do estudante na aprendizagem. Defendemos que as pesquisas sobre agência epistêmica se beneficiariam de uma fundamentação mais sólida em teorias de poder, o que permitiria: i) situar os aspectos considerados relevantes nas análises, ii) operacionalizar conceitos próprios de teorias de poder para análise; iii) articular proposições teóricas sobre poder a noções de aprendizagem de ciências usadas no campo; iv) avançar na compreensão sobre transformações de contextos de aprendizagem.Referências
Akgun, M., & Sharma, P. (2023). Exploring epistemic agency in students’ problem-solving activities. Interdisciplinary Journal of Environmental and Science Education, 19(1), 1-18. https://doi.org/10.29333/ijese/12970
Alzen, J. L., Edwards, K., Penuel, W. R., Reiser, B. J., Passmore, C., Griesemer, C. D., . . . & Buell, J. Y. (2022). Characterizing relationships between collective enterprise and student epistemic agency in science: A comparative case study. Journal of Research in Science Teaching, 60(7), 1510-1550. https://doi.org/10.1002/tea.21841
Banch, H., & Bell, R. (2008). The many levels of inquiry. Science and children, 46(2), 26-29. Recuperado de https://www.michiganseagrant.org/lessons/wp-content/uploads/sites/3/2019/04/The-Many-Levels-of-Inquiry-NSTA-article.pdf
Baptista, M. (2010). Concepção e implementação de actividades de investigação:um estudo com professores de física e química do ensino básico. (Tese de doutorado). Universidade de Lisboa. Recuperado de http://hdl.handle.net/10451/1854
Barton, A. C., & Tan, E. (2010). We Be Burnin'! Agency, Identity And Science Learning. Journal of The Learning Sciences, 19(2), 187-229. https://doi.org/10.1080/10508400903530044
Bell, R., Smetana, L., & Binns, I. (2005). Simplifying inquiry instruction. The Science Teacher, 7, 30-34. Recuperado de https://cbexapp.noaa.gov/pluginfile.php/34740/mod_resource/content/3/simplifying%20inquiry%20instruction.pdf
Bloome, D., & Green, J. (1982). The Social Contexts of Reading: Multidisciplinary Perspectives. Em B. Hutson, Advances in Reading/Language Research. Greenwich, Ct: Jai Press.
Bloome, D., Carter, S. P., Christian, B. M., Otto, S., & Shuart-Faris, N. (2005). Discourse Analysis and The Study of Classroom Language and Literacy Events. Mahwah, New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, Publishers.
Bloome, D., Power-Carter, S., Baker, W., Castanheira, M., Kim, M., & L., R. (2022). Discourse Analysis of Languaging and Literacy Events in Educational Settings: A Microethnographic Perspective. Routledge.
Carlone, H. B., Johnson, A., & Scott, C. M. (2015). Agency Amidst Formidable Structures: How Girls Perform Gender In Science Class. Journal of Research in Science Teaching, 52(4), 474–488. https://doi.org/10.1002/tea.21224
Carvalho, A. M. (2013). O ensino de Ciências e a proposição de sequências de ensino investigativas. Em A. Carvalho, Ensino de ciências por investigação: condições para implementação em sala de aula. São Paulo, SP: Cengage Learning.
Carvalho, A. M. (2018). Fundamentos Teóricos e Metodológicos do Ensino por Investigação. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 18(3), 765-794.
Carvalho, A. M., Ricardo, E. C., Sasseron, L. H., Abib, M. L., & Pietrocola, M. (2010). Ensino de Física. São Paulo, SP: Cengage Learning.
Cherbow, K. (2023). Responsive instructional design for students' epistemic agency: Documenting episodes of principled improvisation in storyline enactment. Journal of Research in Science Teaching, 60(4), 807-846. https://doi.org/10.1002/tea.21818
Damşa, C. I., Kirschner, P. A., Andriessen, J. E., Erkens, G., & Sins, P. H. (2010). Shared Epistemic Agency: an Empirical Study of an Emergent Construct. Journal of The Learning Sciences, 19(2), 143-186. https://doi.org/10.1080/10508401003708381
Duschl, R. (2008). Science Education In Three-Part Harmony: Balancing Conceptual,Epistemic, And Social Learning Goals. Review of Research in Education, 32(1), 268–291.
Engel, D. (2017). O que é Agência Epistêmica, afinal? Veritas, 62(3), 540-565.
Eriksson, I., & Lindberg, V. (2016). Enriching “Learning Activity” With “Epistemic Practices”—Enhancing Students’ Epistemic Agency And Authority. Nordic Journal of Studies in Educational Policy, 26(1), 32432. https://doi.org/10.3402/nstep.v2.32432
Foucault, M. (1982). The Subject and Power. Critical Inquiry, 8(4), 777-795. https://doi.org/10.1086/448181
González‐Howard, M., & Mcneill, K. L. (2020). Acting With Epistemic Agency: Characterizing Student Critique During Argumentation Discussions. Science Education, 104(6), 953-982. https://doi.org/10.1002/sce.21592
Kane, J. M. (2015). The Structure-Agency Dialectic In Contested Science Spaces: “Do Earthworms Eat Apples? Journal of Research in Science Teaching, 52(4), 461-473. https://doi.org/10.1002/tea.21206
Kelly, G. J. (2008). Inquiry, activity and epistemic practice. Em R. D. Grandy (Ed.), Teaching Scientific Inquiry: recommendations for research and implementation. Rotterdam, Holand: Taipei Sense Publishers, 288-291.
Ko, M. M., & Krist, C. (2019). Opening Up Curricula To Redistribute Epistemic Agency: A Framework For Supporting Science Teaching. Science Education, 103(4), 979-1010. https://doi.org/10.1002/sce.21511
Latour, B. (2013). Reassembling the Social. An Introduction to Actor-Network-Theory. Journal of Economic Sociology, 14(2), 73-87.
Manz, E. (2015). Resistance and the Development of Scientific Practice: Designing the Mangle Into Science Instruction. Cognition and Instruction, 33(1), 89-124. https://doi.org/10.1080/07370008.2014.1000490
Matusov, E., Von Duyke, K., & Kayumova, S. (2016). Mapping Concepts of Agency in Educational Contexts. Integrative Psychological and Behavioral Science, 50(3), 420-446.
Millar, R. (2003). Um Currículo de Ciências Voltado Para Compreensão de Todos. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, 5(3), 146-164. https://doi.org/10.1590/1983-21172003050206
Miller, E. M., & Berland, L. (2018). Addressing The Epistemic Elephant In The Room: Epistemic Agency and The Next Generation Science Standards. Journal of Research in Science Teaching, 55(7), 1-23. https://doi.org/10.1002/tea.21459
Miller-Rushing, A., & Hufnagel, E. (2023). Trends in K-12 Teacher Agency Research: A Review of Science Education Research,. Journal of Science Teacher Education, 34(2), 157-180. https://doi.org/10.1080/1046560X.2022.2037875
Motta, A. M., Medeiros, M. F., & Motokane, M. T. (2018). Práticas e Movimentos Epistêmicos na Análise de uma atividade prática Experimental Investigativa. Alexandria Revista de Educação em Ciências e Tecnologia, 11(2), 337-359.
Nieminen, J. H., Tai, J., Boud, D., & Henderson, M. (2021). Student Agency in Feedback: Beyond The Individual. Assessment And Evaluation In Higher Education, 47(1), 95-108. https://doi.org/10.1080/02602938.2021.1887080
Odden, T. O., Malthe-Sørenssen, A., & Silvia, D. W. (2022). Using computational essays to foster disciplinary epistemic agency in undergraduate science. Journal of Research in Science Teaching, 60(5), 939-977. https://doi.org/10.1002/tea.21821
Ramos, T. C., Mendonça, P. C., & Mozzer, N. B. (2021). Análisis De La Agencia Epistémica De Los Estudiantes En Un Contexto Argumentativo. Eureka Sobre Enseñanza Y Divulgación de las Ciencias, 18(2). https://doi.org/10.25267/Rev_Eureka_ensen_divulg_cienc.2021.v18.i2.2102
Scardamalia, M. (2002). Collective CognitiveResponsibility for the Advancementof Knowledge. Em B. Smith (Ed.), Liberal education in a knowledge society. Open Court.
Scardamalia, M., & Bereiter, C. (1991). Higher Levels of Agency for Children in Knowledge Building: A Challenge for the Design of New Knowledge Media. Journal of The Learning Sciences, 1(1),37-68. https://doi.org/10.1207/s15327809jls0101_3
Silva, M. B., Gerolin, E. C., & Trivelato, S. L. (2018). A Importância da Autonomia dos Estudantes para a Ocorrência de Práticas Epistêmicas no Ensino por Investigação. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 18(3), 905–933. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2018183905
Stroupe, D. (2014). Examining Classroom Science Practice Communities: How Teachers and Students Negotiate Epistemic Agency and Learn Science-as-Practice. Science Education, 98(3), 487–516. https://doi.org/10.1002/sce.21112
Stroupe, D., Caballero, M. D., & White, P. (2018). Fostering Students’ Epistemic Agency Through The Co-Configuration of Moth Research. Science Education, 102(6), 1176–1200. https://doi.org/10.1002/sce.21469
Sugarman, J., & Sokol, B. (2012). Human agency and development: an introduction andtheoretical sketch. New Ideas in Psychology, 30(1), 1-14. 10.1016/j.newideapsych.2010.03.001
Yang, H., & Gong , Y. F. (2023). Preservice teachers’ epistemic agency during practicums: case studies from Macau. Language, Culture and Curriculum, 36(4), 471-488 https://doi.org/10.1080/07908318.2023.2239848
Zhang, J., Ian, Y., Yuan, G., & Tao, D. (2022). Epistemic agency for costructuring expansive knowledge‐building practices. Science Education, 106(4), 890-923. https://doi.org/10.1002/sce.21717
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Thalita Oliveira Carneiro, Ana Paula Souto Silva Teles, Santer Alvares de Matos, Luiz Gustavo Franco
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by-nc/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
A IENCI é uma revista de acesso aberto (Open Access), sem que haja a necessidade de pagamentos de taxas, seja para submissão ou processamento dos artigos. A revista adota a definição da Budapest Open Access Initiative (BOAI), ou seja, os usuários possuem o direito de ler, baixar, copiar, distribuir, imprimir, buscar e fazer links diretos para os textos completos dos artigos nela publicados.
O autor responsável pela submissão representa todos os autores do trabalho e, ao enviar o artigo para a revista, está garantindo que tem a permissão de todos para fazê-lo. Da mesma forma, assegura que o artigo não viola direitos autorais e que não há plágio no trabalho. A revista não se responsabiliza pelas opiniões emitidas.
Todos os artigos são publicados com a licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional. Os autores mantém os direitos autorais sobre suas produções, devendo ser contatados diretamente se houver interesse em uso comercial dos trabalhos.
![Creative Commons License](https://i.creativecommons.org/l/by-nc/4.0/88x31.png)