Mediação Para a Arte Urbana: O Caso Meu Bairro, Minha Rua

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/rlec.4423

Palavras-chave:

mediação, arte urbana, Espaço Público, participação

Resumo

Cada vez mais, vemos a arte urbana a ser utilizada como meio de regeneração urbana por parte das autarquias de várias cidades portuguesas, constatando-se, no entanto, que, por vezes, são desenvolvidos projetos de arte urbana com o simples intuito de “embelezar” a paisagem urbana, não tendo em consideração as comunidades que frequentam ou vivem nos espaços intervencionados. Este tipo de intervenção levanta uma série de questões acerca do papel da arte urbana enquanto forma de arte pública, desenvolvida em determinados territórios urbanos. Com frequência esta expressão tem sido empregue em territórios urbanos desqualificados e periféricos, do ponto de vista territorial e social. Neste sentido, cumpre funções que não são exclusivamente artísticas, mas também de índole comunitária e social, visando a requalificação territorial, simbólica e identitária de determinados bairros.

Com este artigo, pretendemos chamar a atenção para a importância da utilização de processos participativos no desenvolvimento de projetos de arte urbana a implementar no espaço público, incentivando o envolvimento das comunidades. Partindo da premissa de que no espaço público a mediação de arte deve ter uma importância acrescida, decidimos focar-nos num caso de estudo — o projeto Meu Bairro, Minha Rua — no qual a comunidade foi chamada a participar nas tomadas de decisão sobre um conjunto de micro-intervenções, realizadas no espaço público, em 10 locais de Vila Nova de Gaia.

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Biografias Autor

Ana Luísa Castro, Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Braga, Portugal

Ana Luísa Castro, mais conhecida como Ana Muska, nasceu em 1990. Fez a licenciatura em Design de Comunicação e mais tarde o mestrado em Multimédia, ambos na Universidade do Porto. Em 2012, criou a Circus Network, uma agência, galeria, loja e co-work focada em arte urbana, ilustração e música. Na última década desempenhou cargos de curadoria e produção em dezenas de exposições individuais e coletivas, tendo também desenvolvido diversos projetos de arte urbana por todo o país. De momento é doutoranda em Estudos Culturais pela Universidade Minho e, com uma bolsa de investigação da Fundação para a Ciência e Tecnologia, encontra-se a desenvolver um estudo que pretende chamar a atenção para a necessidade de se recorrer a mecanismos de mediação de arte urbana que sejam socialmente comprometidos e que envolvam as comunidades locais, tornando-as parte ativa nos processos de criação desta arte.

Ricardo Campos, Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal

Ricardo Campos é o investigador principal e membro da direção do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e professor convidado no mestrado em relações interculturais (Universidade Aberta). É membro fundador e cocoordenador da Rede Luso-Brasileira de pesquisa em Artes e Intervenções Urbanas. Coordenou os projetos Artcitizenship – Young people and the arts of citizenship: Activism, participatory culture and creative practices (Artcidadania - Os jovens e as artes da cidadania: Ativismo, cultura participativa e práticas criativas; 2019–2023), TransUrbArts - Emergent urban arts is Lisbon and São Paulo (TransUrbArts - As artes urbanas emergentes são Lisboa e São Paulo; 2016–2020) ambos com o apoio financeiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia/Ministério Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Ao longo dos anos tem realizado pesquisa em vários centros de investigação em torno das temáticas das culturas juvenis urbanas, da arte urbana, dos media digitais, da antropologia visual e da cultura visual, tendo diversos capítulos de livros e artigos em revistas nacionais e internacionais sobre estes temas.

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Publicado

2023-06-29

Como Citar

Castro, A. L., & Campos, R. (2023). Mediação Para a Arte Urbana: O Caso Meu Bairro, Minha Rua. Revista Lusófona De Estudos Culturais, 10(1), 49–69. https://doi.org/10.21814/rlec.4423