“BRASILEIRO DE MEIA COR E MEIA CLASSE”: A VIDA DE GONÇALVES DIAS POR LÚCIA MIGUEL PEREIRA

Autores

  • Andréa Camila de Faria Fernandes Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)
  • Marcia de Almeida Gonçalves Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)

DOI:

https://doi.org/10.21665/2318-3888.v3n6p191-211

Resumo

Ao longo das décadas de 1920 a 1950, na sociedade brasileira, a escrita biográfica adquiriu novas formas e funções entre intelectuais, editores, empreendedores do mundo dos livros e leitores. Assistiu-se à significativa proliferação editorial de biografias, fato que foi acompanhado pelo debate acerca da emergência da biografia moderna em terras brasileiras. O debate não se configurou apenas como a problematização de uma nova biografia, foi também, para alguns intelectuais, a perspectiva de redimensionar a escrita da história nacional. Nesse sentido, se a história, enquanto conhecimento disciplinar era, por excelência, um instrumento basilar na configuração da identidade nacional, a discussão de como ela deveria ser escrita, e de que sujeitos deveriam protagonizá-la, acabava por cruzar com o debate sobre a emergência de uma nova biografia, na delimitação de quem de fato construíra ou havia construído para edificação da nação, suas singularidades políticas e referências culturais. Entre os autores que estiveram envolvidos com essas questões, destacamos Lúcia Miguel Pereira. Autora de biografia de Machado de Assis e de Gonçalves Dias, Lúcia Miguel Pereira desenvolveu trabalhos onde buscava “fazer viver” seu biografado, apresentando-os como sujeitos imersos nas incertezas das circunstâncias históricas. Para a autora, a biografia era o melhor meio de se fazer história, pois, em função de determinados recursos retóricos, produziria efeitos sensibilizadores sobre seus leitores, tornando os brasileiros mais interessados pelas grandes figuras de sua terra. Lucia Miguel Pereira buscava na biografia o que julgava faltar no ensaio histórico e entendia que o hibridismo das biografias modernas, “nem romance nem história”, instituía o equilíbrio necessário e sedutor. Nesse artigo analisaremos a biografia “A vida de Gonçalves Dias”, publicada por Lúcia Miguel Pereira em 1943, entendendo que esse texto possibilita não apenas investigar um novo modelo de escrita biográfica, mas também analisar os processos de canonização e de construção das imagens de Gonçalves Dias associadas à galeria dos “brasileiros ideais”.

 

DOI: 10.21665/2318-3888.v3n6p191-211

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Biografia do Autor

Andréa Camila de Faria Fernandes, Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)

Mestre em História pelo PPGH/UERJ, bolsista FAPERJ do NUBHES/UERJ (Núcleo de Estudos sobre Biografia, História, Ensino e Subjetividades),

Marcia de Almeida Gonçalves, Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)

Doutora em História Social pela FFLCH/USP, Professora Adjunta da UERJ.

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Publicado

2016-02-19

Edição

Seção

Dossiê: Biografias e Identidades