Anarquia e crítica em Lygia Pape
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Palavras-chave

Lygia Pape
Artes visuais
Crítica

Como Citar

MACHADO, Vanessa Rosa. Anarquia e crítica em Lygia Pape. Encontro de História da Arte, Campinas, SP, n. 2, p. 356–363, 2006. DOI: 10.20396/eha.2.2006.3857. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/eventos/index.php/eha/article/view/3857. Acesso em: 6 maio. 2024.

Resumo

A ainda pouco estudada trajetória da artista plástica Lygia Pape (1927-2004) pode revelar interessantes aspectos sobre as radicais transformações ocorridas nas últimas cinco décadas, período em que ela produziu. Embora parte de sua produção tenha sido voltada ao trabalho poético dos materiais, outra vertente despertou nosso maior interesse: a que se relaciona ao tratamento das questões exteriores, de fora, do cotidiano e da cidade. Sua obra foi marcada pelo experirnentalisrno e pelo engajamento; como artista concreta e neoconcreta esteve envolvida no amplo "projeto cultural moderno", de reconstrução do país em outras bases. Tal engajamento assumiu outras formas no final dos anos 1960, período de recrudescimento das medidas ditatoriais, e se traduziu em obras participativas realizadas em espaços alternativos. Entretanto, e apesar da dura realidade, a grande maioria de suas propostas foge do tom sisudo da denúncia panfletária e da crítica direta. Trabalhos como "Ovo" (1968) e "Divisor" (1968), embora possam ser lidos numa vertente política, apresentam essa questão de modo indireto, filtrado esteticamente. Obras posteriores, de meados da década de 1970, como seu projeto "Eat me: a gula ou a luxúria?" (1976), sobre a transformação da mulher em objeto sexual, já incorporam questões ligadas à cultura de massa e à indústria cultural. Seus anárquicos filmes em super-8, que ora criam uma realidade distinta, ora registram poeticamente a realidade, se apóiam no humor, na insolência e no grotesco para trazer à tona espinhosos aspectos contemporâneos, como o domínio da imagem e a agonia do espaço público. Nesse trabalho pretendemos investigar as inusitadas formas assumidas pela crítica no trabalho de Lygia Pape, uma vez que diante de um contexto repressivo, humor e anarquia podem ter assumido o papel de abrir uma possibilidade para trazer ao debate, através da arte, as questões mais candentes daquele período.

https://doi.org/10.20396/eha.2.2006.3857
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