A linguística aplicada e a opção decolonial como bases para um estudo em políticas linguísticas e internacionalização universitária

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18309/ranpoll.v55.1927

Palavras-chave:

Linguística aplicada, Políticas linguísticas, Internacionalização

Resumo

A partir do lançamento do Programa Institucional de Internacionalização da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (PrInt/Capes), em 2017, a internacionalização universitária e as políticas linguísticas ganharam um novo capítulo nas pesquisas acadêmicas no Brasil. A fim de se enquadrarem no programa, as universidades passaram a especificar as suas concepções teóricas, epistemológicas e ideológicas em torno dessas práticas que, junto com outros elementos, constituem a comunidade universitária. Nesse cenário, com o objetivo principal de problematizar alguns discursos em políticas linguísticas e internacionalização universitária, realizamos uma pesquisa a partir da triangulação analítica entre alguns pressupostos da linguística aplicada, dos estudos decoloniais e resultados de uma pesquisa sobre o projeto de internacionalização (PrInt) de uma universidade brasileira. Entre os conceitos estudados e algumas considerações construídas estão a possibilidade de diálogo entre a linguística aplicada brasileira e os estudos decoloniais latino-americanos, a ligação entre as práticas de linguagem cotidianas e as políticas e ideologias linguísticas institucionais, além da internacionalização compreensiva e em casa. Além dos resultados alcançados, neste artigo damos ênfase ao percurso da pesquisa, isto é, ao modo como desenvolvemos essa articulação teórico-epistemológica na prática. Mostramos como as escolhas conceituais e de categorias de análise fazem parte das orientações epistemológicas e ideológicas dos pesquisadores.

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Biografia do Autor

Alencar Guth, Universidade Federal do Paraná

Alencar Guth é doutorando e mestre em Estudos Linguísticos, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), e graduado em Letras – Português/Inglês pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Já atuou como professor de língua portuguesa no ensino básico e superior, com experiências na Colômbia e nos Estados Unidos – ocasião em que teve bolsa Fulbright. Atualmente, é membro do Grupo de Pesquisas de Texto e Discurso (GPTD), da UFPR. Suas pesquisas recentes são sobre políticas e ideologias linguísticas e análise de discurso. Contato: guth@ufpr.br.

Adriana Cristina Sambugaro de Mattos Brahim , Universidade Federal do Paraná

Adriana Cristina Sambugaro de Mattos Brahim é docente da Universidade Federal do Paraná (UFPR), atuando no SEPT e no Programa de Pós-Graduação em Letras. Atualmente é coordenadora de políticas linguísticas e diretora do Centro de Assessoria de Publicação Acadêmica (CAPA). É doutora e mestre em Linguística Aplicada pela UNICAMP; especialista em Linguística Aplicada ao ensino de Língua Estrangeira e licenciada em Letras Português/Inglês pela UNESPAR. É líder do GPELIN - Grupo de Pesquisa em Educação Linguística (DGP/CNPq) e suas pesquisas recentes concentram-se nos estudos de letramentos, internacionalização do ensino superior e estudos coloniais/decoloniais na formação em línguas e na formação de professores. Contato: adrianabrahim@ufpr.br.

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Publicado

2024-04-30

Como Citar

Guth, A., & Sambugaro de Mattos Brahim , A. C. (2024). A linguística aplicada e a opção decolonial como bases para um estudo em políticas linguísticas e internacionalização universitária. Revista Da Anpoll, 55, e1927. https://doi.org/10.18309/ranpoll.v55.1927

Edição

Seção

Estudos Linguísticos