Álbum de Caliban

Coelho Neto e a literatura pornográfica na Primeira República

Autores

  • Leonardo Mendes Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.26.3.205-228

Palavras-chave:

pornografia, Coelho Neto, Brasil Republicano.

Resumo

A partir de 1880, configura-se no Brasil um espaço novo de circulação de histórias licenciosas. O impresso pornográfico começa a aparecer nos anúncios de livrarias nos jornais de grande circulação. Surgem novos editores e livrarias, como a Livraria do Povo e a Livraria Moderna. A percepção de que havia um mercado para esse gênero de literatura era crucial para a decisão dos editores de investir nessas edições. Sob o pseudônimo Caliban, da peça A Tempestade (1611), de William Shakespeare, Coelho Neto criou uma persona para atender à demanda de literatura pornográfica, fabricando contos e crônicas licenciosos que foram publicados nos jornais de todas as regiões do país até o começo do século XX. Entre 1897 e 1898, os textos foram editados pela Livraria Laemmert em fascículos e reunidos no volume Álbum de Caliban. Neste estudo, vamos conhecer a faceta de autor licencioso de Coelho Neto e investigar sua atuação no incipiente mercado de literatura pornográfica na Primeira República.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Leonardo Mendes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Professor Associado do Departamento de Letras da Faculdade de Formação de Professores e do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Referências

ARARIPE JÚNIOR, T. A. Miragem. In: _____. Obra crítica de Araripe Júnior. v. V: 1911 e Anexos. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui

Barbosa, 1958. p. 261-267.

BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 1987.

BARNETT, J. Porn panic: Sex and Censorship in the UK. Winchester: Zero Books, 2016.

BARRETO, A. H. L. Histrião ou Literato? In: _____. Impressões de leitura. São Paulo: Brasiliense, 1961. p. 188-191.

BOSI, A. A literatura brasileira. O pré-modernismo. São Paulo: Cultrix, 1966.

BOURDIEU, P. As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

BROCA, B. A vida literária no Brasil 1900. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005.

BROWN, P. “This Thing of Darkness I Acknowledge Mine”: The Tempest and the Discourse of Colonialism. In: DOLIMORE, J. (Ed.). Political Shakespeare: Essays in Cultural Materialism. Manchester: Manchester UP, 1994. p. 48-71.

COELHO NETO, H. A conquista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1985.

COELHO NETO, P. Coelho Neto. Rio de Janeiro: Del Zenero & Garone, s.d. DARNTON, R. Sexo dá o que pensar. In: NOVAES, A. (Org.). Libertinos e libertários. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 21-42.

EL FAR, A. Páginas de sensação: literatura popular e pornográfica no Rio de Janeiro (1870-1924). São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

GOULEMOT, J-M. Esses livros que se leem com uma só mão: leitura e leitores de livros pornográficos no século XVIII. São Paulo: Discurso Editorial, 2000.

HALICZER, S. Sexuality in the Confessional: a Sacrament Profaned. Oxford: Oxford University Press, 1996.

HALLEWELL, L. O livro no Brasil (sua história). São Paulo: Edusp, 1985.

HUNT, L. Obscenidade e as origens da modernidade. In: _____. (Org.). A invenção da pornografia: obscenidade e as origens da modernidade. São Paulo: Editora Hedra, 1999. p. 9-46.

JACOB, M. O mundo materialista da pornografia. In: HUNT, L. (Org.). A invenção da pornografia: obscenidade e as origens da modernidade. São Paulo: Editora Hedra, 1999. p. 169-215.

KENDRICK, W. The Secret Museum: Pornography in Modern Culture. New York: Viking, 1987.

MAINGUENEAU, D. O discurso pornográfico. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

MEDEIROS E ALBUQUERQUE, J. J. Quando eu era vivo. Memórias de 1867 a 1934. Rio de Janeiro: Record, 1981.

MENDES, L. Biblioteca picante: o naturalismo como produto erótico. In: HELENA, L.; OLIVEIRA, P. C. (Org.). Literatura, arte e mercado: XI Seminário Nação-Invenção. Niterói: Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense, 2014. p. 83-95.

MENDES, L. Livros para Homens: sucessos pornográficos no Brasil no final do século XIX. Cadernos do IL, Porto Alegre, n. 53, p. 173-191, dez. 2016a.

MENDES, L. O livro pornográfico na Belle Époque: a década de 1890 e a invenção da “leitura alegre”. In: NEGREIROS, C.; OLIVEIRA,

F.; GENS, R. (Org.). Belle Époque: crítica, arte e cultura. São Paulo: Intermeios, 2016b. p. 303-320.

MEYER, M. Folhetim: uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

MORAES, E. R. Francesas nos trópicos: a prostituta como tópica literária. Teresa –Revista de Literatura Brasileira, São Paulo, n. 15, p. 165-178, 2014.

NEEDEL, J. A Tropical Belle Époque: Elite Culture and Society in TurnOf-Century Rio de Janeiro. Cambridge: Cambridge UP, 1987.

PEREIRA, L. A. M. Coelho Neto: um antigo modernista. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2016.

PEREIRA, L. M. Prosa de ficção (de 1870 a 1920): história da literatura brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988.

RABELAIS, F. Gargantua. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1966.

RENAULT, D. A vida brasileira no final do século XIX: uma visão sociocultural e política de 1890 a 1901. Rio de Janeiro: José Olympio,

SEVCENKO, N. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira República. São Paulo: Brasiliense, 1983.

SIMÕES JÚNIOR, A. A sátira no Parnaso: estudo da poesia satírica de Olavo Bilac em periódicos de 1894 a 1904. São Paulo: Editora Unesp, 2007.

SKURA, M. A. Discourse and the Individual: the Case of Colonialism in The Tempest. Shakespeare Quaterly, Washington DC, n. 40, p. 42-70, 1989.

SOBLE, A. Pornography: Marxism, Feminism, and the Future of Sexuality. New Haven: Yale University Press, 1986.

THÉRENTY, M-Ève. La littérature au quotidien: poétiques journalistiques au XIXe siècle. Paris: Éditions du Seuil, 2007. DOI: https://doi.org/10.14375/NP.9782020947336

VERÍSSIMO, J. O Sr. Coelho Neto. In: _____. Estudos de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Garnier, 1904. p. 1-24.

VIEIRA, R. F. Uma penca de canalhas: Figueiredo Pimentel e o naturalismo no Brasil. 2015. Dissertação (Mestrado em Teoria Literária e Literatura Comparada) – Instituto de Letras, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 2015.

WILLIAMS, L. Hard Core: Power, Pleasure and the Frenzy of the Visible. Berkeley: University of California Press, 1999.

WILSON, E. Bohemians: the Glamorous Outcasts. New Brunswick: Rutgers University Press, 2000.

WOODMANSEE, M. The Author, Art and the Market – Rereading the History of Aesthetics. New York: Columbia University Press, 1994.

Downloads

Publicado

2017-11-07