Acessibilidade / Reportar erro

Paisagens fractais: uma breve abordagem da obra Weltfraktale: Wege durch die Literaturen der Welt, de Ottmar Ette

Fractal landscapes: a brief approach to the work: Weltfraktale: Wege durch die Literaturen der Welt, By Ottmar Ette

Resenha de: ETTE, Ottmar. . WeltFraktale: Wege durch die Literaturen der Welt.Sttutgart: J.B. Metzler, 2017. 392p.

Die unterschiedliche Sprachen querende Vektorizität des Translingualen ermöglicht es eindrucksvoll, die Sprachen des Anderen in der eigenen Sprache hörbar zumachen und damit zugleich das Andere im Eigenen zu denken, ohne damit das Andere in seiner Differenz auszulöchen.

(ETTE, 2017ETTE, Ottmar. WeltFraktale: Wege durch die Literaturen der Welt. Sttutgart: J.B. Metzler, 2017. 392 p., p. 356)

O professor de línguas românicas da Universidade Potsdam, filólogo e teórico Ottmar Ette é conhecido mundialmente por suas concepções teórico-literárias e seus estudos comparatistas, tendo um arsenal de obras publicadas em diferentes idiomas, bem como textos traduzidos. Dentre os principais conceitos pontuam-se: Estudos de Transárea, Literaturas do mundo, vetorização, relações polilógicas, a poética do movimento, o fractal na literatura, as relações de vivência, sobrevivência e convivência na literatura e a ciência em rede (marcada principalmente nos estudos sobre Alexander von Humboldt).

Entre suas obras estão Literatur in Bewegung [Literatura em movimento] (2001), Weltbewusstsein. Alexander von Humboldt und das unvollendete Projekt einer anderen Moderne [Consciência mundial. Alexander von Humboldt e o projeto inacabado de uma outra modernidade] (2002ETTE, Ottmar . Weltbewusstsein: Alexander von Humboldt und das unvollendete Projekt einer anderen Moderne. Göttingen: Velbrück Wissenschaft, 2002.), ÜberLebenswissen. Die Aufgabe der Philologie [SaberSobreViver: A (o)missão da filologia] (2004ETTE, Ottmar. ÜberLebenswissen: Die Aufgabe der Philologie. Berlin: Kulturverlag Kadmos, 2004.), ZwischenWeltenSchreiben. Literaturen ohne festen Wohnsitz [EscreverEntre Mundos: Literaturas sem morada fixa] (2005ETTE, Ottmar. ZwischenWeltenSchreiben: Literaturen ohne festen Wohnsitz. Berlin: Kulturverlag Kadmos, 2006. 320 p.), Konvivenz. Literatur und Leben nach dem Paradies [Convivência. Literatura e vida após o paraíso] (2012aETTE, Ottmar. Konvivenz: Literatur und Leben nach dem Paradies. Berlin: Kulturverlag Kadmos, 2012a.), TransArea. Eine literarische Globalisierungsgeschichte [Transárea. Uma história literária da globalização] (2012bETTE, Ottmar. TransArea: Eine literarische Globalisierungsgeschichte. Berlin: De Gruyter, 2012b. 344 p. ). WeltFraktale: Wege durch die Literaturen der Welt, [Fractais do mundo: caminhos através das Literaturas do mundo] (2017ETTE, Ottmar. WeltFraktale: Wege durch die Literaturen der Welt. Sttutgart: J.B. Metzler, 2017. 392 p.), Alexander von Humboldt und die Globalisierung. Das Mobile des Wissens [Alexander von Humboldt e a Globalização. A mobilidade do conhecimento] (2019aETTE, Ottmar. Alexander von Humboldt und die Globalisierung: Das Mobile des Wissens. Berlin: Suhrkamp, 2019a. 476 p.), O Caso Jauss. A compreensão a caminho de um futuro para a filologia (2019bETTE, Ottmar. O Caso Jauss: A compreensão a caminho de um futuro para a filologia. Goiânia: Editora e Livraria Caminhos, 2019b. 144 p.),Literatures of the World: Beyond World Literature [Literaturas do mundo: além da literatura mundial] (2021ETTE, Ottmar . Literatures of the World: Beyond World Literature. Leiden: BRILL, 2021.).

O livro WeltFraktale: Wege durch die Literaturen der Welt [Fractais do mundo: caminhos através das Literaturas do mundo] é estruturado em cinco capítulos: Theorie -Auf dem Weg zu einer Philologie der Literaturen der Welt [Teoria- a caminho de uma filologia das Literaturas do mundo]; Vektoren- Politische und kritische Potentiale relationaler Philologie [Vetores- potenciais políticos e críticos da filologia relacional]; Arquipel I- Occidentes-Orientes [Arquipélago I- Ocidente- Oriente]; ZeitRäume-Vom Lebenswissen der Literaturen der Welt [Horizontes temporais- A partir do conhecimento das Literaturas do mundo] e Archipel II- America(s) transareal [Arquipélago II - América(s) Transareais].

É nos estudos filológicos que se evidenciam o interesse, o entusiasmo e o amor pelas palavras. Nessa obra, Ette acentua que “Assim como na Philo-Logia o amor pelas palavras ressoa em seus diferentes lugares de produção, o amor à vida, em suas diversas manifestações artísticas, é assumido”1 1 No corpo do texto apresento minha tradução. Texto original: Ganz so, wie in der Philo-Logie die Liebe zu den Worten, in denen ihre je unterschiedlichen Orte der Hervorbringung mitklongen, stets die Liebe zum Leben in seinen verschienenartisten Erscheinungsformen vorausgesetzt ist. (ETTE, 2017ETTE, Ottmar. WeltFraktale: Wege durch die Literaturen der Welt. Sttutgart: J.B. Metzler, 2017. 392 p., p. 27). Desse modo, o teórico retoma a etimologia do vocábulo “Filologia” - dos termos φίλος (philos), “amor”, e λόγος (logos), “razão” -, que designa a articulação entre o amor e a razão: amor à literatura, à instrução, ao estudo.

Esse amor à literatura abrange o conhecimento sobre distintos tempos, espaços, culturas, sociedades e línguas, uma área em constante movimento e que é sustentada por transformações. Ao ler tal obra teórica, observa-se que através da poética do movimento se estabelecem relações polilógicas entre a literatura nacional e a literatura mundial, numa apreensão do espaço intermediário que foi aberto entre os conceitos de “nação” e “mundo” (2017, p. 58). A expressão “Literaturas do mundo” mostra uma diferente compreensão que inclui o alcance local, regional, nacional, transareal e global, numa apreciação da literatura marginal e que não se reduz a uma só lógica de análise.

Tal questão é elucidada na epígrafe do presente texto, que é excerto do capítulo “Die Literaturen der Welt und die transandinen Studien” [As Literaturas do mundo e os estudos transandinos]. Nesse, Ette cita o escritor Daniel Alarcón, de nacionalidade peruana e americana que escreve em espanhol e inglês, publicando tanto nos Estados Unidos quanto no Peru. Enfatiza, com isso, que as diferentes línguas cruzam a vetoricidade do translingual, sendo possível “tornar audíveis as línguas do outro em sua própria língua e ao mesmo tempo pensar o outro em sua própria língua, sem com isso apagar o outro em sua diferença” (ETTE, 2017ETTE, Ottmar. WeltFraktale: Wege durch die Literaturen der Welt. Sttutgart: J.B. Metzler, 2017. 392 p., p. 356). A linha seguida pelo teórico atravessa horizontes geográficos, temporais, transculturais, translinguais e insulares, valorizando as diferenças que se transpõem nos textos de escritores do mundo todo.

Neste sentido, o dinamismo dos processos vetoriais nos Estudos de Transárea desenvolvem poéticas do movimento. Além de contemplar os movimentos entre textos, o filólogo sublinha o deslocamento entre diferentes lugares do mundo e apresenta uma cartografia da convivência: “Esses mapas construídos ao viajar e ao escrever, formam cartografias do convívio, nas quais as possibilidades e os limites da convivência de diferentes lógicas, diferentes corpos, diferentes pessoas são pensadas e testadas, concebidas e escritas”.2 2 Diese beim Reisen wie beim Schreiben verfertigten Karten bilden Kartographien der Konvivenz, in denen die Möglichkeiten wie die Grenzen des Zusammenlebens unterschiedlicher Logiken, unterschiedlicher Körper, unterschiedlicher Menschen erdacht und erprobt, ausgedacht und ausgeschrieben werden. (ETTE, 2017ETTE, Ottmar. WeltFraktale: Wege durch die Literaturen der Welt. Sttutgart: J.B. Metzler, 2017. 392 p., p. 197)

As cartografias da convivência podem ser estabelecidas ao viajar ou ao escrever, ou seja, de Tanger ou Tóquio, Paris ou Pequim, Berlim ou Bucareste sempre se desenvolvem maneiras diferentes de compreender tais mundos insulares e não é preciso, necessariamente, haver um deslocamento físico; a escrita, por si só, transmite as possibilidades de entendimento. Essas cartografias descrevem diferentes lógicas, corpos e pessoas que são escritas em suas distintas realidades. O que se evidencia nas relações polilógicas, na poética do movimento, nas relações de vivência, sobrevivência e convivência nas Literaturas do mundo.

Ilhas, continentes e arquipélagos são abordados por Ottmar Ette, o qual retoma textos literários, escritores, filósofos, ensaístas e teóricos que, em diferentes épocas, percorreram continentes e ilhas, seja na realidade ou na imaginação. O autor menciona a obra de Auerbach para exemplificar a experiência da escrita: “Mímesis mostra não só no nível de estrutura, mas também na écriture (escrita), os traços dessa nova experiência. Mesmo que seja vagar de ilha para ilha, de idioma para idioma, de fragmento textual a texto fragmentado”3 3 Texto original: Mimesis zeigt nicht nur auf der Ebene der Struktur, sodern auch der écriture die Spuren dieses neuen Erlebens. Auch wenn eine derart von Insel zu Insel, von Sprache zu Sprache, von Text-fragment zu Text fragment springende Wanderung. (ETTE, 2017ETTE, Ottmar. WeltFraktale: Wege durch die Literaturen der Welt. Sttutgart: J.B. Metzler, 2017. 392 p., p. 9). As ilhas são vistas pelo teórico como unidades independentes, circundadas por águas que as separam, mas que ao mesmo tempo permitem a conexão entre elas, formando arquipélagos e compondo uma paisagem poliperspectiva.

Roland Barthes é referido no que trata das ilhas gregas e seus arquipélagos, explicando que cada uma delas, de forma individual, carrega sua escrita em descontinuidade. Os barcos possibilitam uma correspondência entre elas e, consequentemente, conexões.

Cada uma destas ilhas forma um mundo insular com sua própria lógica, com sua própria história, com suas próprias formas e normas, mas ao mesmo tempo, faz parte de um arquipélago ou mundo transarquipélago, nos quais tudo se conecta. Tudo é vetorial e relacional, privando-se de posicionamentos fixos, uma vez que todas as ilhas estão em movimento e suas coordenadas mudam constantemente. Esta paisagem fractal da teoria não pode mais ser centrada ou fixada a partir de qualquer sujeito: estamos lidando com uma estética móvel, em que não só partes e objetos individuais, mas também as posições dos sujeitos estão em mudança constante.4 4 Jede einzelne dieser Inseln bildet hierbei eine Insel-Welt mit ihrer eigenen Logik, ihrer eigenen Geschichte, ihren eigenen Formen und Normen, ist zugleich aber auch Teil einer archipelischen oder transarchipelischen Inselwelt , in der alles mit allem verbunden ist. Alles ist vektoriell und relational, entzieht sich festen Verortungen, da alle diese Inseln selbst in Bewegung sind und ihre Koordinaten ständig verändern. Von keinem Subjekt her ist diese fraktale Landschaft der Theorie mehr zentriebar oder fixierbar: Wir haben es mit einem künstlerischen Mobile zu tun, in dem sich nicht nur die einzelnen Teile und Objekte, sodern auch die Subjektpositionen ständig verändern. (ETTE, 2017ETTE, Ottmar. WeltFraktale: Wege durch die Literaturen der Welt. Sttutgart: J.B. Metzler, 2017. 392 p., p. 171).

Cada ilha possui sua própria lógica, com histórias de vida específicas, mas também como diversidade arquipélaga e transarquipélaga. Tais conexões entre continentes e ilhas descortinam um melhor entendimento das relações transculturais, de vivências, sobrevivência e convivência entre os diferentes seres, bem como enaltecem a apreciação do pensamento nômade, das multiperspectivas e da vetorização de paisagens.

O conhecimento da vida, na vida e para a vida, que é caracterizado de diferentes maneiras nas Literaturas do mundo, através dos séculos e dos milênios, através dos continentes e mundos insulares, através das culturas, através das línguas, atua nas mais variadas conexões nas literaturas presentes e futuras, possui consequentemente não só uma força histórica e presente, mas também uma força estética prospectiva, que se desdobra de acordo com lógicas diversas, mas também pode ser desenvolvida cientificamente. O saber da vida, saber viver, saber sobreviver e saber viver juntos serão preservados nas Literaturas do mundo, pois serão constantemente transformados e também circularão translacionalmente na forma intertextual entre relações transculturais.5 5 Das Wissen vom Leben im Leben und für das Leben, das auf unterschiedlichte Weise die Literaturen der Welt quer durch die Jahrhunderte und Jahrtausende, quer durch die Kontinente und Inselwelten, quer durch die Kulturen, quer durch die Sprachen auszeichtnet, wirk in den verschiedenartigsten Filiationen in die gegenwärtigenwie die künftigen Literaturen hinein, besitzt folglich nicht nur eine historische und präsentische, soderns auch propspektive ästhetische Kraft, die sich gemäss überaus unterschiedlicher Logiken entfaltet, aber auch wissenschaftlich erschliessen lässt. Das Lebenswissen, Erlebenswissen, Überlebenswissen und Zusammenslebenswissen der Literaturen der Welt wird gerade dadurch konserviert, dass es unablässig transformiert wird und ebenso auf translatorische wie auf intertextuelle Weise zwischen den Kulturen transkulturell zirkuliert. (ETTE, 2017ETTE, Ottmar. WeltFraktale: Wege durch die Literaturen der Welt. Sttutgart: J.B. Metzler, 2017. 392 p., p. 38).

O estudo trazido por Schöninger (2022SCHÖNINGER, Carla L.K. “Narrativas intrincadas, cheias de reviravoltas e jogos especulares”: uma introdução à poética fractal no tecer literário contemporâneo. In: NEUMANN, Gerson; BOECHAT, Fernanda; LEMUS, Victor. Cosmos Littera: estudos de literatura comparada. Porto Alegre: Zouk, 2022. p. 96-112.) sobre o conceito de Ette, enfatiza a ideia de insularidade como unidade autônoma e que contempla uma totalidade, canalizando o conceito de “Fractal. Para o teórico Ette as lógicas diversas, as relações transculturais e transarquipélagas se mostram palpáveis na tessitura literária. Neste entendimento, o conceito “fractal” parte de três perspectivas: 1 - dos estudos de Lévi-Strauss sobre modèle réduit (modelo reduzido), na ideia de que em benefício da representação artística e literária se deve abrir mão das dimensões do modelo; 2 - do conceito mise en abyme (narrativa em abismo), de André Gide - no qual se dedica ao estudo artístico e à ideia de reduplicação; e, por fim, 3 - o conceito “fractal”, de Benoît Mandelbrot, do latim Fractus, que significa fração, quebrado. O fractal, como termo matemático, é uma figura muito encontrada na natureza e aborda que um objeto, artefato, planta pode ter partes separadas, sendo que cada uma delas contém contornos do todo completo.

Pensar no conceito “fractal” em relação à literatura requer um entendimento dos contextos e territórios insulares, como territórios que detêm uma totalidade, assim como os textos literários que em sua totalidade podem representar um mundo inteiro. Não se deve propor o fractal como fragmento, mas como parte detentora de um todo completo. Se observarmos o estudo de Lévi-Strauss, apesar de reduzida, a obra não deixa de ser completa, na narrativa em abismo, mantém-se características, ou seja, num jogo narrativo especular tem-se uma narrativa dentro da outra, mas que repete os traços em relação à forma ou conteúdo; e na matemática, o conceito de Mandelbrot evidencia que cada parte é semelhante ao objeto como um todo, como é o caso dos flocos de neve, folhas de algumas plantas, estrutura de algumas espécies arbóreas e reproduções computacionais. Ao propor o título “WeltFraktale”, Ette alude aos fractais do mundo, aos territórios e às suas singularidades, bem como às construções literárias e suas representações.

Em entrevista realizada com o próprio autor, ele explica o conceito e sua relação com as Literaturas do mundo:

Com o livro WeltFraktale eu queria criar uma obra que tem a ideia da existência das diferentes Literaturas do mundo, como um conjunto, mas em que não existe uma continuidade. As Literaturas do mundo não formam uma continuidade territorial, mas um mundo de arquipélagos. Cada arquipélago, lusófono, hispano ou anglófono etc, cada uma dessas áreas culturais e linguísticas se caracteriza por uma lógica específica. Essa lógica específica permite, por sua vez, produzir uma diversidade cultural, linguística, literária muito grande. Assim, cada uma criou um sistema que não é reduzido a uma só lógica, na diversidade produzem o que chamam de polilógica. Essa polilógica, ou seja, a copresença de diferentes lógicas no mesmo espaço e tempo, é característica de nosso tempo, e é cada vez mais forte. Sempre existiu essa diversidade, essa polilógica, mas é um momento característico do desenvolvimento de nossa época. No livro, ao mesmo tempo eu tentei criar uma estrutura para entender como essas diferentes lógicas dentro do mundo polilógico têm a tendência de criar um mundo sempre completo, um mundo total, e, nesses mundos totais, existe sempre uma espécie de modelo que permite entender como uma chave que abre o mundo e os exemplos deste livro, exemplos literários se caracterizam pela convicção de que o mundo é um mundo total […] Assim, esta é a chave para entender as Literaturas do mundo hoje, porque na visão carregada de futuro, cheia de futuro, de Guimarães Rosa, por exemplo, existe a possibilidade de pensar o mundo a partir do Brasil. O Brasil, uma parte, uma região do Brasil, constitui um modelo para viver a totalidade do mundo em um só fractal, e nesse fractal do mundo se representa um mundo inteiro. (ETTE apud NEUMANN, SCHÖNINGER, 2019NEUMANN, Gerson; SCHÖNINGER, Carla L.K. Entrevista com Ottmar Ette. ALEA, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 229-237, set./dez. 2019. , p. 236).

É na descontinuidade ilustrada pelo mundo dos arquipélagos que Ette acentua cada arquipélago com sua própria lógica, mas que detém uma diversidade polilógica. Essa diversidade se concentra em uma unidade e, portanto, é denominada como um fractal, já que constitui um modelo de totalidade.

Do amor pelas palavras, às cartografias da convivência e à experiência de escrita. Das ilhas e dos arquipélagos com sua próprias lógicas, diversidade e movimentos à vetorização de paisagens. Da descontinuidade de territórios e escritas aos fractais do mundo, Ette mostra compreensões relacionais mesmo na descontinuidade, numa alusão aos horizontes fractais.

Através das paisagens fractais vetoriais e relacionais das ilhas e dos textos manifesta-se a investigação literária sob múltiplas perspectivas, em que diferentes lugares, “lógicas, corpos e pessoas” podem ser pensadas e escritas em suas diversidades cultural, linguística e literária, incitando o outro na sua diferença.

Referências

  • ETTE, Ottmar . Weltbewusstsein: Alexander von Humboldt und das unvollendete Projekt einer anderen Moderne. Göttingen: Velbrück Wissenschaft, 2002.
  • ETTE, Ottmar. ÜberLebenswissen: Die Aufgabe der Philologie. Berlin: Kulturverlag Kadmos, 2004.
  • ETTE, Ottmar. ZwischenWeltenSchreiben: Literaturen ohne festen Wohnsitz. Berlin: Kulturverlag Kadmos, 2006. 320 p.
  • ETTE, Ottmar. Konvivenz: Literatur und Leben nach dem Paradies. Berlin: Kulturverlag Kadmos, 2012a.
  • ETTE, Ottmar. TransArea: Eine literarische Globalisierungsgeschichte. Berlin: De Gruyter, 2012b. 344 p.
  • ETTE, Ottmar. WeltFraktale: Wege durch die Literaturen der Welt. Sttutgart: J.B. Metzler, 2017. 392 p.
  • ETTE, Ottmar. Alexander von Humboldt und die Globalisierung: Das Mobile des Wissens. Berlin: Suhrkamp, 2019a. 476 p.
  • ETTE, Ottmar. O Caso Jauss: A compreensão a caminho de um futuro para a filologia. Goiânia: Editora e Livraria Caminhos, 2019b. 144 p.
  • ETTE, Ottmar . Literatures of the World: Beyond World Literature. Leiden: BRILL, 2021.
  • NEUMANN, Gerson; SCHÖNINGER, Carla L.K. Entrevista com Ottmar Ette. ALEA, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 229-237, set./dez. 2019.
  • SCHÖNINGER, Carla L.K. “Narrativas intrincadas, cheias de reviravoltas e jogos especulares”: uma introdução à poética fractal no tecer literário contemporâneo. In: NEUMANN, Gerson; BOECHAT, Fernanda; LEMUS, Victor. Cosmos Littera: estudos de literatura comparada. Porto Alegre: Zouk, 2022. p. 96-112.
  • 1
    No corpo do texto apresento minha tradução. Texto original: Ganz so, wie in der Philo-Logie die Liebe zu den Worten, in denen ihre je unterschiedlichen Orte der Hervorbringung mitklongen, stets die Liebe zum Leben in seinen verschienenartisten Erscheinungsformen vorausgesetzt ist.
  • 2
    Diese beim Reisen wie beim Schreiben verfertigten Karten bilden Kartographien der Konvivenz, in denen die Möglichkeiten wie die Grenzen des Zusammenlebens unterschiedlicher Logiken, unterschiedlicher Körper, unterschiedlicher Menschen erdacht und erprobt, ausgedacht und ausgeschrieben werden.
  • 3
    Texto original: Mimesis zeigt nicht nur auf der Ebene der Struktur, sodern auch der écriture die Spuren dieses neuen Erlebens. Auch wenn eine derart von Insel zu Insel, von Sprache zu Sprache, von Text-fragment zu Text fragment springende Wanderung.
  • 4
    Jede einzelne dieser Inseln bildet hierbei eine Insel-Welt mit ihrer eigenen Logik, ihrer eigenen Geschichte, ihren eigenen Formen und Normen, ist zugleich aber auch Teil einer archipelischen oder transarchipelischen Inselwelt , in der alles mit allem verbunden ist. Alles ist vektoriell und relational, entzieht sich festen Verortungen, da alle diese Inseln selbst in Bewegung sind und ihre Koordinaten ständig verändern. Von keinem Subjekt her ist diese fraktale Landschaft der Theorie mehr zentriebar oder fixierbar: Wir haben es mit einem künstlerischen Mobile zu tun, in dem sich nicht nur die einzelnen Teile und Objekte, sodern auch die Subjektpositionen ständig verändern.
  • 5
    Das Wissen vom Leben im Leben und für das Leben, das auf unterschiedlichte Weise die Literaturen der Welt quer durch die Jahrhunderte und Jahrtausende, quer durch die Kontinente und Inselwelten, quer durch die Kulturen, quer durch die Sprachen auszeichtnet, wirk in den verschiedenartigsten Filiationen in die gegenwärtigenwie die künftigen Literaturen hinein, besitzt folglich nicht nur eine historische und präsentische, soderns auch propspektive ästhetische Kraft, die sich gemäss überaus unterschiedlicher Logiken entfaltet, aber auch wissenschaftlich erschliessen lässt. Das Lebenswissen, Erlebenswissen, Überlebenswissen und Zusammenslebenswissen der Literaturen der Welt wird gerade dadurch konserviert, dass es unablässig transformiert wird und ebenso auf translatorische wie auf intertextuelle Weise zwischen den Kulturen transkulturell zirkuliert.

Editado por

Editor-chefe:

Rachel Esteves Lima

Editor executivo:

Regina Zilberman

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Dez 2022
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2022

Histórico

  • Recebido
    14 Mar 2022
  • Aceito
    10 Jun 2022
Associação Brasileira de Literatura Comparada Rua Barão de Jeremoabo, 147, Universidade Federal da Bahia, Instituto de Letras, Salvador, BA, Brasil, CEP: 40170-115, Telefones: (+55 71) 3283-6207; (+55 71) 3283-6256, E-mail: abralic.revista@abralic.org.br - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: abralic.revista@abralic.org.br