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EDITORIAL

O processo de aprendizagem parece nunca terminar; partindo do senso comum, ao término do meu período como editor do Cadernos EBAPE.BR, considero que essa frase corresponde ao meu caso.

Na vida acadêmica, ao menos três atividades são imanentes: lecionar, pesquisar e praticar a extensão universitária. A experiência de três anos como editor de um periódico com as características do Cadernos EBAPE.BR, considerando a linha editorial definida desde seu surgimento, possibilita que a aprendizagem transcenda ao cotidiano da carreira docente. É por meio da ação editorial que acompanhamos o contemporâneo nos estudos de nossa área e em cada edição podemos participar, apoiando ou discordando desse coetâneo. Desse modo, só tenho a agradecer a oportunidade que a Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (EBAPE/FGV) me brindou como editor do Cadernos EBAPE.BR. Aproveito para agradecer a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para o bom desempenho das edições: autores, pareceristas e profissionais (revisores de texto, diagramador etc.). E eu não poderia deixar de dedicar um agradecimento especial à Fabiana Braga Leal e ao Anderson do Nascimento Ricci, incansáveis funcionários da EBAPE/FGV alocados na produção do periódico.

Vale relembrar como ocorre a edição de um manuscrito submetido ao Cadernos EBAPE.BR, processo que imagino usual em outros periódicos com esse jaez. Por que o faço? É corriqueiro o fato dos editores serem alvos de críticas, ora por não aceitarem este ou aquele manuscrito, pela demora para a publicação do artigo, ainda que já tenha sido aprovado, ou simplesmente pela rejeição inicial do manuscrito. Como já descrito em editorial anterior, o processo de edição do artigo não se limita à sua submissão, são várias as etapas às quais o texto é exposto. Tudo começa com a preocupação de verificar se o estudo proposto converge com a linha editorial do periódico (desk review); se aceito, o manuscrito é enviado, inicialmente, a dois avaliadores e, dependendo do parecer, talvez seja necessário consultar um terceiro avaliador ou a decisão poderá ficar a cargo do Editor e/ou Editor Convidado. A terceira etapa, após o envio do primeiro registro editorial - se requer revisões ou aceito para publicação -, é a edição propriamente dita, na qual o vernáculo do texto é avaliado e as sugestões são encaminhadas ao(s) autor(es) que acompanha(m) a revisão do artigo. A nova versão será analisada pelo(s) avaliador(es) e Editor e/ou Editor Convidado - trata-se da reavaliação; como também o artigo pode ser rejeitado para publicação. São estas as três principais etapas até a publicação de um artigo em uma revista com características acadêmicas.

Mostra-se essencial destacar os passos necessários para a publicação no Cadernos EBAPE.BR para evitar que, no futuro, este editor, ao caminhar pelos corredores universitários, seja apontado, por exemplo, como "aquele que não publicou meu artigo por achar que [...]" ou "não entendeu minha proposta ensaística".

Concluo esta excelente experiência acreditando ter cumprido todos os trâmites exigidos pela avaliação Qualis Capes para que uma revista acadêmica seja classificada atualmente como "A2".

Como de costume, porém, sem muito me alongar, listo abaixo os artigos que compõem este número 2 de 2016, sem pressupor que os leitores seguirão a relação do sumário.

O artigo A Economia Solidária no Centro das Discussões: um trabalho bibliométrico de estudos brasileiros traz para discussão o conceito de economia solidária, não exclusivamente, mas permite contemplar o estado da arte dessa temática na academia brasileira. Apesar da aparente complexidade metodológica utilizada na descrição, o artigo Teoria Axiológica de Comunhão: a construção social de recursos constitutivos da gestão de empresas de Economia de Comunhão põe em pauta um conceito pouco estudado e/ou conhecido na ambiência acadêmica, a Economia da Comunhão. Gestão social como projeto político e prática discursiva trata de um tema que, apesar de recorrente nas duas últimas décadas, tem uma perspectiva que se destaca pela proposição de que tal conceito - gestão social - também deve ser observado como um ato político e não apenas decisório. O contraponto à gestão social, embora não tenha sido este o objetivo dos autores, faz-se presente no artigo Gestão do trabalho: desenho organizacional, processo estratégico e tipos de trabalho, que dimensiona o significado de gestão estratégica e as consequências de suas práticas no mundo do trabalho. Destacamos o artigo seguinte pelo fato do trabalho informal ser uma realidade no processo produtivo nacional muitas vezes tratada, na atualidade, como parte do paradigma da flexibilização organizacional e do trabalho sem, contudo, refletir a real dimensão do fenômeno - Trabalho informal: uma revisão sistemática da literatura brasileira na área de Administração entre 2004 e 2013. Apesar da recorrência do tema stakeholders, o artigo Os papéis dos stakehoders na implementação das parcerias público-privadas no estado da Bahia oferece uma discussão prática de seu significado quando o relaciona ao conceito de parceria público-privado. Em Filosofia e Gestão do Conhecimento: um estudo do conhecimento na perspectiva de Nonaka e Takeuchi, os autores propõem uma discussão que, aos olhos do desconhecimento, pode ser vista como abstrata, porém, faz todo o sentido seu debate sobre filosofia e gestão. O estudo das identidades no pensamento organizacional geralmente tem origem na antropologia cultural e/ou social, porém, o artigo Um caminho metodológico pela análise semiótica de discurso para pesquisas em identidade organizacional escapa dessa continuidade epistemológica para inserir a semiótica nessa discussão. Nos últimos anos, a Teoria Ator-Rede tem sido objeto de estudo e divulgação e o leitor terá oportunidade de conhecer seus fundamentos epistemológicos por meio do artigo Origens e afiliações epistemológicas da Teoria Ator-Rede: implicações para a análise organizacional. Complementando esta edição, o artigo Contribuições do diálogo entre o realismo crítico e o construcionismo social para os estudos organizacionais, aliado aos três anteriores, reflete uma das propostas deste periódico: apresentar ensaios que vão além da discussão tradicional.

Concluindo este editorial, recomendo aos leitores do Cadernos EBAPE.BR a leitura dos números temáticos e corrente programados para as próximas edições:

Vol. 14, N. Especial (2016)

"Políticas Públicas em Múltiplas Dimensões"

Editor Convidado: Prof. Francisco Fonseca (EAESP/FGV)

Vol. 14, N. 3 (2016)

"Desafios contemporâneos para a gestão pública: participação, eficiência e accountability"

Editores Convidados: Prof. Marco Antonio Carvalho Teixeira (EAESP/FGV), Profa. Cecília Olivieri (EACH/USP) e Prof. Bruno Lazzarotti Diniz Costa (FJP-MG)

Vol. 14, N. 4 (2016)

"Edição Corrente"

Editor responsável: Prof. Fernando G. Tenório (EBAPE/FGV)

Vol. 15, N. 1 (2017) - Previsão

"Epistemologia e Sociologia da Ciência da Administração"

Editor Convidado: Prof. Maurício Serva (UFSC)

Boa leitura!

Fernando G. Tenório

Editor-Chefe

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jun 2016
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