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A EXORTAÇÃO DO DISCURSO DE RISCO E A COLETA AUTÓLOGA DE CÉLULAS-TRONCO DO CORDÃO UMBILICAL

EL RIESGO EXHORTACIÓN DE EXPRESIÓN Y DE COLECCIÓN AUTÓLOGO DE CÉLULAS MADRE DE CORDÓN UMBILICAL

RESUMO

Objetivo:

este artigo aborda os discursos de riscos presentes nas publicações dos depoimentos de pais e mães em sites de biobancos autólogos que armazenam células-tronco do cordão umbilical para criopreservação, tomados aqui enquanto artefato cultural.

Método:

a discussão baseia-se na questão: como a racionalidade do risco e sua promessa de garantia biológica no futuro se constituem nos depoimentos dos pais publicados nos sites que comercializam a coleta e o armazenamento de células-tronco do cordão umbilical? A coleta de dados ocorreu entre março e dezembro de 2014.

Resultados:

aborda-se a exortação do discurso de risco, apresentando-se de que modo a sua prevenção se constitui como elemento mobilizador para aquisição desta biotecnologia, educando pais e mães para a adoção de determinadas práticas de saúde vinculadas à segurança biológica para o futuro.

Conclusão:

a partir da realização da análise do discurso dos pais e mães foi obervado como as biotecnologias conformam práticas e reposicionam as famílias, em relação aos cuidados de saúde dos filhos, com vistas a evitar riscos.

DESCRITORES:
Gestão de riscos; Avaliação da tecnologia biomédica; Enfermagem em saúde comunitária

RESUMEN

Objetivo:

este artículo aborda los discursos de riesgo presentes en las publicaciones de los testimonios de padres y madres en sites de biobancos autólogos que almacenan células madre del cordón umbilical para crio preservación, tomados mientras artefacto cultural.

Método:

la discusión se basa en la cuestión: como la racionalidad de riesgo y su promesa de garantía biológica en el futuro se constituye en los testimonios de los países publicados en los sites que comercializan la colecta y el almacenamiento de células madre del cordón umbilical.

Resultados:

se aborda la exhortación del discurso de riesgo, presentando de qué modo su prevención se constituye como elemento movilizador para adquisición de esta biotecnología, educando padres y madres para la adopción de determinadas prácticas de salud vinculadas a la seguridad biológica para el futuro.

Conclusion:

a partir de la realización del análisis del discurso de los padres y madres se observa como las biotecnologías conforman prácticas y reposicionan las familias en relación a los cuidados de salud de los hijos, con vistas a evitar riesgos.

DESCRIPTORS:
Gestión de riesgos; Evaluación de la tecnología biomédica; Enfermería en salud comunitaria

ABSTRACT

Objective:

this article addresses risk discourse in parental testimonies found on websites of autologous biobanks that store umbilical cord stem cells for cryopreservation, as a cultural artifact.

Method:

the discussion is grounded in the question: how does the rationality of risk and its biological pledge constitute parental statements published on websites that commercialize both the collecting and storage of stem cells from umbilical cord?

Results:

the exhortation of risk discourse is approached, depicting how its prevention is constituted as a mobilizing element for the acquisition of this biotechnology, educating parents to adopt certain health practices related to biosecurity for the future.

Conclusion:

the analyzed parental statements allowed the identification of biotechnology practices that drive and reposition families in relation to health care of children, to avoid risk.

DESCRIPTORES:
Risk management; Technology assessment biomedical; Community health nursing

INTRODUÇÃO

Este artigo, teve como objetivo abordar os discursos de riscos presentes nas publicações dos depoimentos de pais e mães em sites de biobancos autólogos que armazenam células-tronco do cordão umbilical para criopreservação, deriva-se da tese de doutorado de uma das autoras, e inscreve-se na interface dos campos dos Estudos Culturais e das Pedagogias do Risco. A partir dos aportes teóricos desses campos, procura-se compreender como a adesão à biotecnologia de coleta e armazenamento de células-tronco do cordão umbilical para uso autólogo* * Armazenamento autólogo é feito mediante contratação de serviços, sendo que a disponibilidade das células é restrita ao proprietário. Essa forma é possível para famílias de baixo risco – nas quais não há histórico de problemas de saúde e, portanto, não haveria indicação específica por parte de profissionais. atua na posição de sujeitos, pais e mães, em relação à adoção de práticas no presente que visam prevenir riscos futuros.

As discussões sobre o material empírico, aliadas aos aportes teóricos - da molecularização da vida e dos riscos, tiveram a pretensão de problematizar e compreender as recomendações e informações relacionadas à coleta e ao armazenamento de células-tronco do cordão umbilical, consideradas aqui como um conjunto de práticas educativas que reposicionam, e responsabilizam, pais e mães no que se refere aos cuidados em saúde direcionados aos seus filhos(as) e, principalmente, ao controle de risco e a segurança biológica no futuro. Aponta-se que os discursos publicados nos sites têm sido associados às práticas educativas que auxiliam na produção de novas e distintas formas de cuidar dos filhos, gerenciar a vida e administrar o futuro, produzindo significados diversos acerca de questões que envolvem segurança biológica em relação aos riscos.

Os depoimentos apresentados neste artigo exemplificam os benefícios da coleta e do armazenamento de células-tronco do cordão umbilical. Certamente, não poderia ser diferente, pois tais sites são pensados e produzidos com o objetivo de divulgar e vender o serviço oferecido pelos biobancos em questão. No entanto, a partir dos depoimentos analisados, é possível destacar alguns desdobramentos sobre o tema, quais sejam, a oferta de novas biotecnologias que podem vir a auxiliar na segurança em saúde e a importância de se investir em procedimentos, nesse caso, durante a gestação, com o objetivo de se garantir chances de tratamento para possíveis doenças futuras de filhos e filhas. Além disso, é possível dizer que esses entendimentos auxiliam na produção de novas formas de compreensão e adesão a essas práticas que, apesar de serem operadas nos dias de hoje, lidam com promessas para o futuro, da mesma forma como já ocorreu em outros momentos com o transplante de órgãos, as investigações genéticas, a seleção de embriões para fertilização in vitro e o uso de alguns medicamentos, por exemplo.

Nesse sentido, esta temática mostra-se pertinente para a enfermagem, uma vez que sua atuação está implicada nas distintas etapas desse processo. As biotecnologias são tecnologias biomédicas contemporâneas que não buscam apenas curar doenças, mas interferir nos processos vitais, envolvendo relações sociais que colocam em circulação novos sentidos sobre a vida e sobre a otimização do futuro. Nesse processo, a vida passa a ser alvo de intervenções técnicas, ou seja, de uma bio(vida)tecno(técnica)logia(estudo).

Por meio das biotecnologias genéticas, torna-se possível alterar certas condições genéticas, uma vez que, as possibilidades de intervir tecnologicamente na vida constituem um saber sobre ela. Esse saber é atravessado por estratégias de controle que se utilizam das biotecnologias com o intuito de maximizar e aperfeiçoar características que, até a metade do século XX, eram consideradas inatingíveis, como, por exemplo, prevenção de doenças genéticas, programação de irmãos compatíveis para transplantes, intervenção na cor dos olhos e na cor do cabelo, dentre outras. Assim vive-se, promessas e prospecções oriundas do campo das biotecnologias, que acabam ocupando um lugar de excelência e centralidade, na medida em que é a partir dessa área de conhecimentos que se tornou possível que tais promessas fossem, se não concebidas, ao menos materializadas.22 Rose N. The Human Sciences in a Biological Age. Institute for Culture and Society Occasional Paper. Sydney, 2012 Feb; 3(1):1-24.

As biotecnologias vêm ganhando um espaço cada vez maior na produção tanto de formas de pensar e relacionar-se consigo mesmo, quanto de formas de constituir os profissionais da área da saúde, dentre eles, os enfermeiros(as). Poderia ser dito que elas funcionam também como formas de governo que, por assim ser, controlam a possibilidade de finitude da vida, pois a tornam um artefato que deve ser modificado pela intervenção técnica, pela imposição de beleza, de saúde, enfim, pela possibilidade de manipular o corpo e as células.22 Rose N. The Human Sciences in a Biological Age. Institute for Culture and Society Occasional Paper. Sydney, 2012 Feb; 3(1):1-24. O armazenamento de células-tronco para uso autólogo, denominado pelos biobancos como "seguro biológico", seria um bom exemplo de gerenciamento do futuro e da vitalidade.

MÉTODO

Este artigo insere-se na interface dos campos dos Estudos Culturais e da Pedagogia do Risco.33 Escosteguy ACD, Silveira G. Cómo hacen cultura los medios? Aportes de los estudios culturales a la comunicación - entrevista a Ana Carolina Escosteguy por Germán Silveira. Dixit. 2014; (21):68-74.-44 Castiel LD. Os riscos e as loucuras dos discursos da razão no campo da prevenção. Cadernos IHU Idéias (UNISINOS). 2013; (11):3-32. O material empírico, pesquisado de março a dezembro de 2014, refere-se às publicações em cinco sites - CordCell,55 Cordcell Banco de sangue de células tronco do condão umbilical [Internet]. [cited 2012 Aug 23]. Available from: http://www.cordcell.com.br/v2
http://www.cordcell.com.br/v2...
CordVida,66 CORDVIDA [Internet]. [cited 2014 Aug 14]. Available from: http://www.cordvida.com.br/portal/
http://www.cordvida.com.br/portal/...
CCB - Centro de Criogenia Brasil,77 Centro de Criogenia Brasil [Internet]. [cited 2012 Aug 23]. Available from: http://www.ccb.med.br/ Cellpreserve. Disponível em: www.cellpreserve.com.br.
http://www.ccb.med.br/...
Hemocord,88 Hemocord Banco de células tronco [Internet]. [cited 2014 Aug 25]. Available from: http://www.hemocord.com.br
http://www.hemocord.com.br...
CrioBanco99 Criobanco Medicina e terapia celular [Internet]. [cited 2014 Aug 23]. Available from: http://www.criobanco.com.br
http://www.criobanco.com.br...
- de biobancos autólogos/privados disponibilizado na internet. O critério de escolha destes sites foi a disponibilização de um campo específico de publicação de depoimentos de pais e mães. Para a pesquisa foram pesquisados cinco sites, porém para as discussões deste artigo, foram citados exertos de um deles. Parte-se do pressuposto de que este meio de comunicação tem participação nos modos de existência de pais e mães que consomem a coleta e o armazenamento de células-tronco do cordão umbilical.

A produção dos dados ocorreu a partir da imersão nos discursos presentes nos sites sobre o que os pais e mães, clientes dos biobancos, diziam sobre esta biotecnologia e como tais discursos eram veiculados, tendo por base as ideias de prevenção de riscos e de desejos de obtenção de certo tipo de segurança biológica. Nesse sentido, ocorreram múltiplos acessos a cada depoimento, sendo cada um foi analisado a partir da perspectiva da análise do discurso, em que o sujeito é compreendido como um produto do discurso e das relações de saber e poder que a ele se apresentam. Esta pesquisa filia-se à perspectiva teórica dos Estudos Culturais, considerando um olhar pós-estruturalista de análise, com base em referências focaultianas.1010 Sales SR. Etnografia+Netnografia+Análise do discurso: articulações metodológicas para pesquisar em Educação. In: Meyer DE, Paraíso MA, organizadores. Metodologias de pesquisa pós-críticas em educação. Belo Horizonte (MG): Mazza Edições; 2014.-1111 Foucalt M. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 24ª ed. São Paulo (SP): Loyola; 2014.

Tais materiais empíricos constituíram-se de dados secundários disponíveis na rede aberta da internet, por essa razão, não foi necessária a submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa. Salienta-se que, na execução do estudo que deu origem a este artigo, foram observados os princípios éticos da Resolução 466/12.

Os depoimentos analisados foram identificados conforme os biobancos que os disponibilizam na rede aberta da internet, com a respectiva data de acesso.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quem dá valor à vida, preserva as células-tronco? - a exortação do discurso do risco

Quando decidimos ter um filho é porque temos fé no futuro, queremos um mundo melhor, principalmente sem doenças ou outros imprevistos. Sabemos que teremos que cuidar desse bebê com o maior amor do mundo, mas, às vezes, todo esse amor não impede que algo de ruim aconteça. Então, o que pudermos prevenir é melhor, não é verdade? Por isso, nós decidimos coletar o sangue do cordão umbilical de nosso terceiro bebê… Decidimos coletar as células-tronco de nossa filha Laura como uma garantia de usar todas as ferramentas possíveis no caso de um futuro problema em sua saúde. É claro que esperamos não precisar, mas, com essa decisão, esperamos ter aumentado nosso alcance sobre uma possível intervenção… Se Deus nos proporcionar outras bênçãos com a vinda de outros filhos, com certeza faremos o mesmo! (CordCell)55 Cordcell Banco de sangue de células tronco do condão umbilical [Internet]. [cited 2012 Aug 23]. Available from: http://www.cordcell.com.br/v2
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O título, assim como o excerto que abrem a seção de resultados e discussões, falam de como esta discursividade das pedagogias do risco também está presente nos depoimentos dos pais e explicita a adoção de práticas no presente em nome do desejo de ter maior "alcance" na prevenção de riscos no futuro.

Nos depoimentos aqui representados pelas publicações dos sites dos biobancos, "muitos" e "múltiplos" fatores de risco circulam com o propósito de interpelar outros pais e mães a tornarem-se aquilo que se denomina "empresários" dos riscos de seus filhos. Tornando-se empresários dos riscos de seus filhos, os pais/mães tornam-se administradores não apenas do presente, em que devem cuidar da alimentação, da vacinação, de eventuais acidente, dentre outros aspectos, mas, principalmente, administradores do futuro, guardando células para uma eventualidade, para imprevistos, "para quando o amor não der conta". Como vimos no depoimento anteriormente apresentado, trata-se de garantir um mundo melhor, principalmente sem doenças ou outros imprevistos.

Como foi possível observar, a decisão de ter um filho agrega práticas relacionadas com a antecipação dos riscos, manifestadas por discursos de responsabilidade de cuidar bem e para sempre. A antecipação dos riscos44 Castiel LD. Os riscos e as loucuras dos discursos da razão no campo da prevenção. Cadernos IHU Idéias (UNISINOS). 2013; (11):3-32. transforma a todos em gestores do âmbito privado, cabendo a cada um a administração dos perigos aos quais a família está exposta. Ao armazenarem as células-tronco dos seus filhos, os pais atuam no sentido de salvaguardar o futuro de sua prole. Entende-se que tais práticas reforçam o discurso de que os pais devem planejar e adotar antecipadamente medidas que possam proteger seus filhos contra riscos.1212 Somavilla VC. Quando vai ser? O bebê ou a coleta das células-tronco? A pedagogía e a colonização molecular do futuro [tese]. Porto Alegre (RS): Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós- Graduação em Educação; 2015.

Desse modo, considera-se que as discussões sobre o processo de molecularização do risco44 Castiel LD. Os riscos e as loucuras dos discursos da razão no campo da prevenção. Cadernos IHU Idéias (UNISINOS). 2013; (11):3-32. se constituem como uma ferramenta conceitual útil para as problematizações deste tema de pesquisa.

As demarcações genéticas e epidemiológicas são fundamentais para o desenvolvimento de um modelo de risco, pois ofertam um alto grau de eficácia na determinação de probabilidades de adoecimento. A importância deste aspecto está na sua relação com condutas que levam à busca de proteção contra riscos.44 Castiel LD. Os riscos e as loucuras dos discursos da razão no campo da prevenção. Cadernos IHU Idéias (UNISINOS). 2013; (11):3-32. Pode-se dizer que o armazenamento de células-tronco do cordão umbilical se configura como uma conduta de proteção dos pais para seus filhos, significadas no campo sociocultural onde estão inseridos.

No caso da prática aqui problematizada, o risco não parte de percentagens, de propensão, de dados epidemiológicos. Considera-se que pais que consomem estas biotecnologias deixam evidente que não há indicação "clínica"** ** Uso autólogo e alogênico. , não há indicação epidemiológica e não há riscos genéticos; eles agem na direção de ter uma chance a mais, uma possibilidade a mais, uma proteção a mais para os filhos no futuro.

Tais práticas constituem a molecularização dos riscos, relacionada à emergência de uma "nova genética", ligada ao campo da saúde. Apesar de não haver um grau de previsibilidade satisfatório, os pais utilizam os avanços tecnológicos como meio de justificar condutas em nome de evitar possíveis riscos.1313 Castiel LD, Ferreira MS, Moraes DR. Os riscos e a promoção do autocontrole na saúde alimentar: moralismo, biopolítica e crítica parresiasta. Ciênc Saúde Coletiva. 2014; (19):1523-32.

Os processos de molecularização da vida e dos riscos, que parecem justificar o armazenamento de células para um futuro tratamento de doenças, são pensados como um modo particular de compreensão da vida, em que um conjunto de mecanismos no nível molecular é recombinado em novas práticas de intervenção, incluindo tratamentos de doenças a partir de componentes corporais. Os depoimentos dos pais aqui problematizados vão na direção de utilizar determinados componentes corporais, a fim de constituir um futuro sem imprevistos. O exercício analítico empreendido indica que as justificativas para a realização da coleta e do armazenamento de células-tronco, em sua maioria, estão pautadas na crença em uma tecnologia que promete alguma segurança no âmbito "biológico/molecular/celular" para o futuro.

Isso conduz os sujeitos a se autoadministrarem em determinadas direções, mas principalmente, a modelarem suas ações e suas condutas por meio de estratégias que os protejam de um maior contingente de riscos.1414 Lupton D. M-health and health promotion: The digital cyborg and surveillance society. Social Theor Health. 2012; 10(3):229-44. Ao tomarem conhecimento das possibilidades de utilização das células-tronco do cordão umbilical, espera-se, de acordo com as publicações dos sites dos biobancos, que pais responsáveis e atentos aos riscos que podem ser evitados se autogerenciem e assumam a responsabilidade pelo destino de sua prole.

As famílias constroem justificativas próprias para aderir a uma determinada conduta e consumir determinada tecnologia. A construção social e cultural da noção de risco, neste caso, parece assumir um tipo de exortação à vigilância, que se dá por meio de múltiplos instrumentos e procedimentos, com a finalidade de tentar assegurar a saúde dos indivíduos.1515 Galindo D, Lemos FS, Rodrigues RV. A vida como biocapital - futuros biológicos, uma aposta dos bancos privados de células-tronco de cordão umbilical no Brasil. Athenea Digital. 2014 Jul; 14(2):255-74.

Quanto à administração e à gestão dos riscos, os sites, a partir de depoimentos, ajudam os pais a aprenderem sobre como é importante a possibilidade de cuidar de maneira comprometida e competente da saúde de seus filhos. Isso parece ficar mais evidente quando o argumento utilizado é o de que até mesmo o amor, apresentado como uma prerrogativa praticamente essencial a todos os pais, pode não proteger os filhos, enquanto que as células podem. Tal aspecto pode ser observado no seguinte excerto: sabemos que teremos que cuidar desse bebê com o maior amor do mundo, mas às vezes todo esse amor não impede que algo de ruim aconteça (CordCell).55 Cordcell Banco de sangue de células tronco do condão umbilical [Internet]. [cited 2012 Aug 23]. Available from: http://www.cordcell.com.br/v2
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Em nome deste amor, procede-se a uma busca incessante por algo que possa "blindar" o filho. Se as células do cordão umbilical são uma possibilidade, por que não armazená-las? Então, o que pudermos prevenir é melhor, não é verdade? Por isso, nós decidimos coletar o sangue do cordão umbilical de nosso terceiro bebê (CordCell).55 Cordcell Banco de sangue de células tronco do condão umbilical [Internet]. [cited 2012 Aug 23]. Available from: http://www.cordcell.com.br/v2
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A vigilância articulada à gestão racional dos riscos aponta um desejo permanente de administrar a vida para se ter maior segurança, principalmente no campo da saúde. As biotecnologias, mesmo aquelas que parecem revestir-se de uma forte aura de ficção, tais como as múltiplas possibilidades futuras de utilização das células-tronco, convocam a todos a assumirem a administração de suas vidas para evitar ao máximo as situações arriscadas.44 Castiel LD. Os riscos e as loucuras dos discursos da razão no campo da prevenção. Cadernos IHU Idéias (UNISINOS). 2013; (11):3-32.

Os discursos analisados apresentam a noção de risco sob o enfoque aversivo, a partir de informações que divulgam perspectivas das ciências médicas em termos de adoção de atitudes relacionadas à promoção em saúde. É possível dizer que a noção de risco que conduz à adoção da tecnologia também está alicerçada por perspectivas híbridas, que incluem ideias de controle de "risco imaginário", pensado a partir da vulnerabilidade/fragilidade presente nos modos como os pais veem seus filhos.44 Castiel LD. Os riscos e as loucuras dos discursos da razão no campo da prevenção. Cadernos IHU Idéias (UNISINOS). 2013; (11):3-32. Esse risco imaginário, motivado pelas percepções dos pais em relação à vulnerabilidade/fragilidade, pode ser entendido a partir dos discursos relacionados com as perspectivas de antecipação desse risco. Isso está presente no excerto do depoimento a seguir: preservar as células-tronco de meu filho foi uma forma de dizer a ele que me preocupo com seu futuro. Não que deseje uma doença ou algo assim, mas sim porque na vida as doenças aparecem sem pedir licença e sem data certa. O processo da coleta das células-tronco foi tranquilo, indolor e rápido. Indico a coleta porque não podemos prever o futuro (CordCell).55 Cordcell Banco de sangue de células tronco do condão umbilical [Internet]. [cited 2012 Aug 23]. Available from: http://www.cordcell.com.br/v2
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Os riscos são sempre da ordem da antecipação.1616 Spink MJP. Riscos antecipados: regimes de esperança e regimes de verdade na administração de agravos à saúde. In: Anais do V Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, São Paulo, 2011 abr 17-20. ABRASCO, USP. Texto apresentado na Mesa Redonda Saúde Coletiva, Risco e Biopolítica; 2011. Trata-se da gestão do futuro, da probabilidade de ocorrência de um evento. Esta gestão se dá de duas formas: a partir da adoção de medidas preventivas, como vacinação e uso de equipamentos de proteção, e de medidas compensatórias, que são os seguros. Os discursos analisados indicam que novas tecnologias performam outros modos de gerenciamento de riscos, que são concomitantemente construídos com o surgimento de novas biotecnologias. Desse modo, as pessoas são situadas como portadoras de suscetibilidades, que, por sua vez, reconfiguram os riscos a que estão expostas.

Os pais clientes dos biobancos são posicionados como consumidores de tecnologias de saúde. A partir do acesso às informações, eles são capazes de comparar e decidir sobre os riscos e os custos de adotar medidas antecipadas para a promoção da saúde de sua prole. Cabe a cada um assumir a responsabilidade de adotar condutas que garantam uma vida saudável e, preferencialmente, sem riscos, naquilo que se configurou como uma biopolítica do século XXI.22 Rose N. The Human Sciences in a Biological Age. Institute for Culture and Society Occasional Paper. Sydney, 2012 Feb; 3(1):1-24.

Pode-se dizer que a problemática do risco e sua proliferação estão diretamente vinculadas à difusão midiática de discursos de verdade cujo estatuto de cientificidade aparece como indiscutível. Os depoimentos analisados indicam que pais e mães devem estar informados sobre descobertas e conhecer discursos normativos que derivam de verdades científicas para agir de modo responsável. Devem, principalmente, estar abertos ao aconselhamento de experts, que normatizam e regulam, segundo um modelo hegemônico, modos de paternidade e maternidade. É possível dizer que os pais estão/são posicionados no âmbito da prevenção generalizada, cuja meta seria alcançar o máximo de proteção de riscos.1414 Lupton D. M-health and health promotion: The digital cyborg and surveillance society. Social Theor Health. 2012; 10(3):229-44.

As narrativas midiáticas sobre o cuidado de si, aqui discutidas a partir dos sites dos biobancos, enfatizam a ação do presente em nome do futuro, ou seja, sugerem que agir bem agora significa adicionar créditos de esperança e de anos de vida para o futuro. Isso pode ser compreendido a partir das discussões sobre os bioascetas, em que a vontade de cuidar de si não está a serviço da liberdade - ela é serva da ciência. As atitudes dos indivíduos em relação a si mesmos colocam-se a serviço do prolongamento e maximização da vida.1717 Ortega F. O corpo incerto: corporeidade, tecnologias médicas e cultura contemporânea. Rio de Janeiro: Garamond; 2008. O indivíduo que cuida de si saberá como se comportar em relação ao cuidado do outro, principalmente se tomar o discurso de risco como elemento estruturante para a organização de suas ações. Importa salientar que o discurso do risco é fortemente dependente da mídia, ou seja, quando colocados na mídia, os discursos de risco podem tornar-se um evento de alcance global. Assim, eles são altamente midiatizados, seletivos, variáveis e simbólicos.1818 Beck U. Why class is too soft a category to capture the explosiveness of social inequality at the beginning of the twenty-first century. Br J Sociol. 2013 Mar; 64(1):63-74.

Comportamentos de antecipação de cuidados com a saúde como os descritos decorrem das campanhas de saúde que endereçam suas publicações não àqueles que estão doentes ou têm probabilidade de adoecer comprovada, mas sim ao máximo de sujeitos - no caso dos biobancos, poder-se-ia dizer ao máximo de pais e mães que podem consumir tal tecnologia. Campanhas como as promovidas pelos biobancos derivam da ampliação de possibilidades de mapear riscos a partir das descobertas da nova genética, que alongam a distância temporal do diagnóstico do possível aparecimento de doenças; dessa forma, os sujeitos passam a cuidar de si antecipadamente. Esse posicionamento para orientar a vida cotidiana a partir da adesão a recomendações publicadas na mídia pauta-se em uma multiplicidade de fontes, cujas ofertas são muitas, assim como as possibilidades de escolha ao que aderir. Isso parece produzir um tipo de cuidado crônico com a saúde, proposto a partir de discursos que indicam que nunca é cedo demais para a adoção de práticas que ampliam as possibilidades de evitar doenças.1717 Ortega F. O corpo incerto: corporeidade, tecnologias médicas e cultura contemporânea. Rio de Janeiro: Garamond; 2008.

Cuidar da saúde, então, torna-se uma prática que deve começar muito cedo, preferencialmente antes de nascer. Os sujeitos passam a ser consumidores precoces das tecnologias médicas, em nome da garantia de um futuro com menos riscos e, pretensamente, mais saúde. Nesse sentido, os discursos de risco podem ser vistos como um importante organizador societário contemporâneo.1919 Petersen A, Bunton R. The New Genetics and the Public's Health. New York (US): Routledge; 2011.

Cabe considerar, tal como já foi referido, que muitos aspectos da vida estão sob o encargo de cada um na sociedade contemporânea. As respostas daí decorrentes são instituídas por um pânico moral advindo da reatividade fóbica ao risco.44 Castiel LD. Os riscos e as loucuras dos discursos da razão no campo da prevenção. Cadernos IHU Idéias (UNISINOS). 2013; (11):3-32. Esta forma de encarar o risco sob a perspectiva da antecipação e como um organizador societário está marcada, principalmente, pela responsabilidade pessoal como elemento fundamental que norteará a adoção de ações individuais e suas consequências. Há, por exemplo, nos depoimentos dos pais publicados nos sites, a presença permanente de discursos que propõem a prática da antecipação de riscos que poderiam ocorrer no futuro, tal como nos excertos a seguir.

Como ter a dádiva de ser pai de um pequeno fofo como este e não fazer de tudo para garantir o futuro dele? Foi com este pensamento que preservei as células-tronco do cordão umbilical do meu filho a [sic] sete anos atrás. Na época pouco se sabia a respeito e os próprios médicos só falavam em tratamento de leucemia. Hoje fico muito feliz em saber que meu filhote já está protegido de aproximadamente 100 doenças (CordCell).55 Cordcell Banco de sangue de células tronco do condão umbilical [Internet]. [cited 2012 Aug 23]. Available from: http://www.cordcell.com.br/v2
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Resolvi preservar as células-tronco do meu filho pensando em sua saúde. Não me arrependo de nada! Um processo que é super fácil e tranquilo. E não há nada no mundo que pague a certeza de ter feito o melhor pelo futuro do meu filho! Quem dá valor à vida, preserva as células-tronco (CordCell).55 Cordcell Banco de sangue de células tronco do condão umbilical [Internet]. [cited 2012 Aug 23]. Available from: http://www.cordcell.com.br/v2
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Nunca sabemos o que o futuro pode trazer de surpresas desagradáveis em se tratando de doenças. Sabemos que Maria terá uma segunda chance caso venha a precisar com esse armazenamento de células-tronco…(CordCell).55 Cordcell Banco de sangue de células tronco do condão umbilical [Internet]. [cited 2012 Aug 23]. Available from: http://www.cordcell.com.br/v2
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O primeiro excerto defende que se deve fazer o possível no presente para garantir o futuro. As novas descobertas biotecnológicas relacionadas com a ampliação de possibilidades de tratamento de doenças, ou seja, ampliação das possibilidades de diminuir riscos de adoecer, são descritas como elementos para a felicidade. Estes pais parecem sentir-se protegidos de alguns tipos de riscos relacionados à saúde, o que reforça o discurso hegemônico do consumo de biotecnologias, que nem sempre é o que aparenta. Como se observa no primeiro depoimento, a decisão de armazenar as células estava amparada pela possibilidade de tratamento da leucemia. Após sete anos, novas possibilidades estão sendo ofertadas, o que deixa esse pai satisfeito com a decisão tomada, pois, conforme refere, atualmente há mais de cem doenças que podem ser tratadas a partir daquele substrato corporal.

Já o segundo excerto relaciona a preservação das células-tronco com o valor atribuído à vida. De acordo com o depoimento, quem dá valor à vida preserva. Este exemplo parece indicar que controlar riscos é uma "conduta" aparentemente fácil de gerenciar, ao menos àqueles que podem consumir este tipo de segurança molecular. Observa-se que o discurso do risco toma forma de conhecimento científico e de verdade a ser seguida, subjetivando os sujeitos para determinados consumos, tais como o armazenamento autólogo das células-tronco do cordão umbilical.1818 Beck U. Why class is too soft a category to capture the explosiveness of social inequality at the beginning of the twenty-first century. Br J Sociol. 2013 Mar; 64(1):63-74.

Como ficou evidente até aqui, analisam-se sites comerciais que realizam campanha de marketing de biobancos privados. Neste contexto, o sujeito do consumo2020 Rose N. The Human Sciences in a Biological Age. ICS Occasional Paper Series [Internet]. 2012 Feb [cited 2014 Jun 26]; 3(1):1-24. Available from: http://www.unal.edu.co/ces/documentos/Temp/rose/Rose%20-%202012%20-%20ICS_OccasionalPaperSeries_3_1_Rose_v2.pdf
http://www.unal.edu.co/ces/documentos/Te...
é o indivíduo imaginado e influenciado pelo imperativo do consumo que obtém prazeres e exerce poderes, encontrando sentidos e praticando a sociabilidade a partir daquilo que compra. Este sujeito tem sido cada vez mais compreendido a partir de sua individualidade, que desempenha papel chave na construção de tecnologias de consumo. Assim, as propagandas dos biobancos podem ser consideradas como uma instância cultural que oferece lugares onde se podem explorar a paixões, as esperanças e as ansiedades humanas de pais e mães afoitos por consumir produtos que possam proteger seus filhos de "surpresas desagradáveis" no futuro.

Ao problematizarem-se os depoimentos dos pais, é possível observar que os biobancos privados, a partir de suas propagandas e de constantes investimentos na divulgação de informações, reiteram a transformação do sangue do cordão umbilical como um capital biológico para a prevenção de riscos. Salienta-se "reiterar" porque tal processo de conversão de partes, células, moléculas humanas em capital biológico é constituído e produzido por uma rede de agenciamentos, envolvendo a pesquisa científica, o desenvolvimento biotecnológico e as descobertas no campo da genética, dentre outros.2020 Rose N. The Human Sciences in a Biological Age. ICS Occasional Paper Series [Internet]. 2012 Feb [cited 2014 Jun 26]; 3(1):1-24. Available from: http://www.unal.edu.co/ces/documentos/Temp/rose/Rose%20-%202012%20-%20ICS_OccasionalPaperSeries_3_1_Rose_v2.pdf
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-2121 Rose N. A política da própria vida: biomedicina, poder e subjetividade no século XXI. São Paulo: Paulus; 2013. Os biobancos atraem consumidores não só porque reforçam discursos de prevenção e promoção presentes no campo da saúde, mas porque atuam sobre as paixões e, principalmente, as esperanças de um futuro sem surpresas, tal como descrito no terceiro excerto apresentado.

Em contraponto aos excertos dos depoimentos dos pais publicados pelos biobancos privados, a cartilha digital*** *** Destaca-se que, embora o referido manual esteja voltado a informar os pais sobre a coleta e armazenamento de célulastronco do cordão umbilical, seu acesso é dificultado por estar junto a um conjunto de publicações, em um link que, para ser acessado, necessita da abertura de múltiplas abas e utiliza termos técnicos, tais como hemoderivados. Disponível no site da Anvisa, órgão estatal de regulamentação, que talvez seja pouco acessado polos pais clientes dos biobancos. 2222 Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Cartilha Conhecendo os Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário: ajudando futuros pais a tomar uma decisão consciente [Internet]. Brasília (DF): ANVISA; 2014 [cited 2014 Jun 26]. Available from: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33840/2859603/Cartilha+SCUP/f0ae6eb2-8615-4ef6-b629-cfba46a9c4ab
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33...
"Conhecendo os Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário Ajudando futuros pais a tomar uma decisão consciente" alerta que as células do cordão umbilical para uso autólogo nem sempre podem ser utilizadas. Este alerta diz respeito, principalmente, aos casos de doenças genéticas, entre elas, alguns tipos de leucemia, uma vez que o sangue do cordão pode carregar o mesmo material genético e os mesmos defeitos responsáveis pela doença manifestada. Além disso, há raros relatos da realização de transplantes de sangue de cordão autólogo em termos mundiais. Também não há estatísticas quanto ao uso e eficácia destes tratamentos realizados. Portanto, até o momento, tal como pontua a referida cartilha, a chance de uma criança necessitar de suas próprias células-tronco é extremamente baixa.

Este estudo sugere que os profissionais da enfermagem devem problematizar as ofertas biotecnológicas que põem à disposição dos indivíduos uma série de possibilidades a partir da promessa de segurança biológica para a vida. Além disso, indica um amplo campo para novos investimentos analíticos que coloquem sob suspeita as promesas de prevenção de riscos a partir do consumo de tecnologias e apontem novas posibilidades de atuação do enfermeiro.2323 Camelo S H, Angerami ES. Professional competence: the building of concepts and strategies developed by health services and implications for nursing. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2013 Abr-Jun [cited 2014 Mar 30]; 22(2):552-60. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-07072013000200034&script=sci_arttext&tlng=en
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010...

CONCLUSÃO

As discusões emprendidas neste artigo indicam que as distintas notícias relacionadas às descobertas biotecnológicas divulgadas pela mídia, associadas à prevenção de riscos e direcionadas aos cuidados de saúde dos filhos e filhas, entre elas, a coleta e o armazenamento de células-tronco do cordão umbilical, se inserem no processo de regulação das famílias. Na atualidade, a família deve cumprir suas obrigações sociais no sentido de maximizar o bem-estar físico e mental de seus filhos e filhas como caminho privilegiado para sua própria felicidade, e as biotecnologias constituem uma das possibilidades para alcançar tal feito. Nos dados analisados, percebe-se que, quando essa ética passa a governar a vida, seus membros passam a avaliar e normalizar suas condutas como pais/mães de família em referência a padrões criados por especialistas e considerados normais.

Esse mecanismo, de acordo com as discussões apresentadas, vem a governar o campo social por meio de uma aliança entre os poderes da expertise e dos desejos, esperanças e medos da família responsável e autônoma, comprometida com a melhoria de sua qualidade de vida e com a saúde de seus membros. Os depoimentos publicados nos sites permitem considerar que o armazenamento de células de um filho ou filha provoca uma série de desdobramentos culturais relacionados aos mecanismos de regulação das famílias, os quais incluem a adoção de novas posições por parte dos pais em relação ao cuidado dos filhos.

  • *
    Armazenamento autólogo é feito mediante contratação de serviços, sendo que a disponibilidade das células é restrita ao proprietário. Essa forma é possível para famílias de baixo risco – nas quais não há histórico de problemas de saúde e, portanto, não haveria indicação específica por parte de profissionais.
  • **
    Uso autólogo e alogênico.
  • ***
    Destaca-se que, embora o referido manual esteja voltado a informar os pais sobre a coleta e armazenamento de célulastronco do cordão umbilical, seu acesso é dificultado por estar junto a um conjunto de publicações, em um link que, para ser acessado, necessita da abertura de múltiplas abas e utiliza termos técnicos, tais como hemoderivados. Disponível no site da Anvisa, órgão estatal de regulamentação, que talvez seja pouco acessado polos pais clientes dos biobancos.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2017

Histórico

  • Recebido
    07 Ago 2015
  • Aceito
    08 Dez 2015
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