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CRECHE* * Trabalho apresentado na Semana da Enfermagem. ABEn — Seção Rio Grande do Sul — 1979

Em comemoração ao ano internacional da criança, nós, enfermeiras pediatras, estamos cada vez mais conscientizadas do nosso papel importantíssimo frente à crança. O nosso trabalho deve ser intenso não só neste ano dedicado à criança, mas em todos os anos subseqüentes, visto que cada dia novas crianças vêm ao mundo e cada vez mais necessitam da nossa atenção.

Cabe lembrar aqui que uma cheche é um "investimento social", pois desempenha funções preventivas à reprovação escolar, à debilidade mental (provocada, em parte, pela sub-nutrição) e à deficiência de estimulação senso-motora, afetiva, social e verbal. Por outro lado, estaremos contribuindo para diminuir a marginalização social da criança que, adequadamente assistida, será amanhã um indivíduo integrado, socializado e feliz no meio em que vive

A creche só atingirá seus objetivos se tiver um planejamento e contar com uma equipe composta de:

  • — Enfermeira pediatra

  • — Médico pediatra

  • — Pedagogos

  • — Psico-pedagogos

  • — Nutricionista

  • — Assistente social

  • — Recreacionista

  • — Professores de música

  • — Professores de pintura

  • — Professores de ginástica ritmica ou expressão corporal

  • — Auxiliares de enfermagens

  • — Pagens e outros.

A formação integral da criança é de vital importância, sendo que os primeiros anos de vida constituem o alicerce básico para o desenvolvimento futuro. Justificam-se assim os recursos humanos e materiais dispendidos nesta fase da vida da criança.

Os primeiros anos são básicos na aprendizagem do ser humano e deles depende o comportamento futuro. Cada fase tem que ser preenchida com a aprendizagem e estimulação adequadas.

Passada esta fase, tudo o que se fizer depois, não preencherá falhas e lacunas na aprendizagem daquele período.

Quanto maior as condições de estimulação psicomotora precoce, maior o número de neurônios que entrarão em funcionamento, dando condições de um desenvolvimento mental superior.

As estimulações têm por objetivo o desenvolvimento aprimorado dos órgãos sensoriais (visão, olfato, audição, tato e gosto), tendo sempre em vista, junto ao mesmo, o desenvolvimento psico-motor, social e afetivo.

Estímulos Visuais

Através dos olhos a criança conhece o mundo. Sua sensibilidade social e afetiva é bem desenvolvida quando lhe proporcionamos o melhor em estímulos visuais.

Ao redor da criança poderão haver objetos coloridos, diferentes em forma, brilhantes e opacos, para que a riqueza de experiências estimule novas respostas.

Estímulos Auditivos

A curiosidade e o ato de exploração do objeto ou situação é mais intensa quando proporcionamos ao mesmo tempo uma experiência visual e auditiva.

Iniciar as estimulações com sons de vivência da criança, como por exemplo:

  • — Ruído da cozinha

  • — Barulho da água jorrando da torneira

  • — A voz dos familiares

  • — Passos dos pais e irmãos

  • — Barulho da chuva.

A associação entre o ruído e o objeto ou situação deve ser traduzida à criança, mesmo tenra, com palavras carinhosas.

Ensinando e fazendo-a cantar e ouvir boa música, estamos facilitando à criança um aprimoramento de uma seleção musical bem feita.

Estímulos Olfativos

Toda a criança pequena sente necessidade de ver, ouvir, sentir, manipular e cheirar.

Na exploração do seu meio ambiente, torna-se importante a orientação da criança, fazendo com que ela aprenda a associar determinados odores ou fragrâncias a objetos ou situações.

Estímulos Táteis

Pelas atividades manuais, a criança adquire as noções de espaço, consistência e forma. É necessário que lhes demos brinquedos de formas, que ela perceba o que é fino, macio, leve, rugoso e áspero. A boneca e o ursinho proporcionam o desenvolvimento de sua parte afetiva.

Estímulos Gustativos

É característica peculiar de todas as crianças pequenas, quando da exploração de objetos, levá-los à boca. A vigilância é importante, tanto para a segurança da criança, como também para ajudá-la a formar associação entre objetos e os diferentes gostos que experimenta.

Os transtornos freqüentes ao desenvolvimento normal da criança, em muitas instituições públicas, se têm atribuído à carência do amor materno; porém, sabe-se hoje que um outro fator é responsável direto destes transtornos: a PRIVAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DE ESTÍMULOS.

Crianças não solicitadas a dar quaisquer estímulos ou respostas, tomam-se, mais tarde, adultos apáticos, sem iniciativa ou criatividade; por outro lado, o processo estímulo-resposta não orientado, pode trazer como resultado: crianças ou adultos desajustados ao seu meio.

Nesta educação não basta só a atuação da equipe de profissionais, mas também o papel dos pais e familiares.

É indispensável que a comunidade adulta se sinta incluída na responsabilidade de educação, mesmo que não pertença à própria família.

A enfermeira ainda tem outras tarefas importantes dentro de uma creche, tais como:

  • — Higiene individual e da habitação

  • — Alimentação, hidratação e excreções

  • — Sono e repouso

  • — Controle de dados pondoestaturais

  • — Prevenção de doenças transmissíveis, através da vacinação

  • — Prevenção de outras doenças, através de orientação dos funcionários sob sua responsabilidade, pais e familiares da criança

  • — Controle de medicamentos, prevenindo intoxicações pelo mau uso ou auto-medicação

  • — Reconhecimento de situações de emergência referentes à saúde da criança

  • — Socorros de urgência

  • — Palestras aos pais, enfocando aspectos preventivos, conscientizando-os cada vez mais do quanto são importantes na saúde e no desenvolvimento normal da criança

  • — Orientações individuais aos pais ou responsáveis, sempre que detectados problemas que possam prejudicar a criança.

  • BIRCK, M.N. - Creche - Rev. Bras. Enf.; DF. 32 : 296-298. 1979.
  • *
    Trabalho apresentado na Semana da Enfermagem. ABEn — Seção Rio Grande do Sul — 1979

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 1979
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