Temporalidades da docência na creche

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/teias.2023.72694

Palavras-chave:

temporalidades, docência, creche

Resumo

O presente artigo, baseado nas contribuições dos estudos sobre docência na Educação Infantil e nas discussões contemporâneas sobre o tempo enquanto marcador social, é decorrente de uma investigação que teve como objetivo compreender os modos como professoras vivenciam as temporalidades da docência na creche a partir da gestão do tempo institucional. Em tal direção, as temporalidades são entendidas, com base em Oliveira (2012), como as experiências no e com o tempo. Metodologicamente, foi realizado um estudo de caso etnográfico em uma instituição pública de Educação Infantil, com três professoras responsáveis por um grupo de crianças de 2 anos de idade. As estratégias de geração de dados foram a observação, o registro em diário de campo e a realização de entrevistas com as professoras. Após as análises, foram definidas duas unidades de discussão: 1) o tempo institucional e as temporalidades na creche; e 2) a reinvenção do cotidiano e as temporalidades da docência. Foi então possível inferir que as professoras, para além do tempo cronológico – dos horários institucionais –, vivenciam as temporalidades da docência na creche em uma perspectiva que reconhece os tempos das crianças, acolhendo suas demandas e singularidades. Os modos como as professoras lidam com os tempos na creche centram-se no cotidiano e são sustentados por formação docente, planejamento, grupo de estudos e reflexões decorrentes da documentação pedagógica. Assim, a organização institucional incide em um modo qualificado e respeitoso de atendimento às crianças na creche.

Biografia do Autor

Vanessa da Silva Rocha de Quadros Spat, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS

Mestra em Educação pela UFRGS. Doutoranda em Educação, na linha de pesquisa Estudos sobre Infâncias no PPGEdu/UFRGS.Graduada em Pedagogia pela UFRGS e em Psicopedagogia pela PUCRS. Especialista em Educação Infantil pela UNISINOS. Professora de Educação de Infantil na Rede Municipal de Porto Alegre. Integrante do grupo de pesquisas CLIQUE/CNPQ/UFRGS

Rodrigo Saballa de Carvalho, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS

Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor do Curso de Pedagogia da UFRGS na área de Educação Infantil. Líder do CLIQUE/CNPQ/ UFRGS – Grupo de Pesquisa em Linguagens, Currículo

Referências

ALTIMIR, David. Escutar para documentar. In: MELLO, Suely Amaral; BARBOSA, Maria Carmen Silveira; FARIA, Ana Lúcia Goulart (org.). Documentação pedagógica: teoria e prática. São Carlos: Pedro & João Editores, 2017. p. 57-76.

BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Por amor e por força: rotinas na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006.

BRAILOVSKY, Daniel. Pedagogía del nivel inicial: mirar el mundo desde el jardín. Buenos Aires: Ediciones Novedades Educativas, 2020.

CABANELLAS, Maria Isabel et al. Temporalidade. In: CABANELLAS, Maria Isabel et al. (org.). Ritmos infantis: tecidos de uma paisagem interior. São Paulo: Pedro & João Editores, 2020. p. 218.

CARVALHO, Rodrigo Saballa. Entre as culturas da infância e a rotina escolar: em busca do sentido do tempo na educação infantil. Revista Teias, v. 16, n. 41, abr./jun. 2015. p. 124-141. Disponível em https://www.e-publicacoes.uerj.br/revistateias/article/view/24517/17497 Acesso em 17 jul. 2023.

ELIAS, Norbert. Sobre o tempo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

ESLAVA, Juan José. Compartilhando os ritmos infantis. In: CABANELLAS, Maria Isabel et al. (org.). Ritmos infantis: tecidos de uma paisagem interior. São Paulo: Pedro & João Editores, 2020. p. 54-73.

HOYUELOS, Alfredo. Viver os tempos emocionados da infância. In: CABANELLAS, Maria Isabel et al. (org.). Ritmos infantis: tecidos de uma paisagem interior. São Paulo: Pedro & João Editores, 2020. p. 17-42.

KELLETER, Rafael Ferreira; SPAT, Vanessa da Silva Rocha de Quadros. O tempo institucional e as temporalidades dos bebês e crianças bem pequenas no contexto de creche. In: CARVALHO, Rodrigo Saballa (org.). Percursos investigativos em pesquisas (com/sobre) crianças na educação infantil. Porto Alegre: Cirkula, 2022. p. 313-338.

MAFRA, Aline Helena. Aqui a gente tem regra pra tudo: formas regulatórias na educação das crianças pequenas. 2015. 252f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n.º 196, de 10 de outubro de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, DF, out. 1996. Seção 1, p. 21.082-21.085.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n.º 466, de 12 de dezembro de 2012. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 jun. 2013. Seção 1, p. 59.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n.º 510, de 07 de abril de 2016. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 maio 2016. Seção 1, p. 44-46.

MIRANDA, Pâmela Saraiva. O olhar sobre a temporalidade na educação infantil pela perspectiva da educação ambiental sistêmica: a criança como ser integral. 2020. 127 f. Dissertação (Mestrado em Educação Ambiental) – Universidade Federal de Rio Grande, Rio Grande, 2020.

NIGITO, Gabriella. Tempos institucionais, tempos de crescimento: a gestão do cotidiano dos pequenos, dos médios e dos grandes na creche. In: BONDIOLI, Anna (org.). O tempo no cotidiano infantil: perspectivas de pesquisa e estudos de casos. São Paulo: Cortez, 2004. p. 43-95.

OLIVEIRA, Cristiane Elvira de Assis. Temporalidades no/do cotidiano da educação infantil. 2012. 158 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2012.

OLIVEIRA-FORMOSINHO, Julia. A formação em contexto: a mediação do desenvolvimento profissional praxiológico. In: CANCIAN, Viviane Ache; GALLINA, Simone Freitas da Silva; WESCHENFELDER, Noeli (org.). Pedagogias das infâncias, crianças e docências na educação infantil. Santa Maria: UFSM, 2016. p. 87-111.

OLIVEIRA-FORMOSINHO, Julia; FORMOSINHO, João. A formação em contexto: a perspectiva da Associação Criança. In: OLIVEIRA-FORMOSINHO, Julia; KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org.). Formação em contexto: uma estratégia de integração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. p. 1-40.

PIVA, Luciane Frosi; CARVALHO, Rodrigo Saballa. Transições na vida de bebês e de crianças bem pequenas no cotidiano da creche. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 46, e227311, 2020. Disponível em chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.scielo.br/j/ep/a/cwSBMVNcW3bMHXHjTB9FZyN/?format=pdf&lang=pt. Acesso em 17 jul. 2023.

ROSA, Harmut. Aceleração: a transformação das estruturas temporais da modernidade. São Paulo: Editora Unesp, 2019.

SARMENTO, Manoel Jacinto. O estudo de caso etnográfico em educação. In: ZAGO, Nadir; CARVALHO, Marilia Pinto de; VILELA, Rita Amélia Teixeira (org.) Itinerários de pesquisa: perspectivas qualitativas em sociologia da educação. Rio de Janeiro: Lamparina, 2011. p. 137-179.

SPAT, Vanessa da Silva Rocha de Quadros. O tempo no cotidiano da creche: desafios e possibilidades. Dissertação (Mestrado em Educação), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2019.

STACCIOLI, Gianfranco. As rotinas: de hábitos estéreis a ações férteis. Revista Linhas, Florianópolis, v. 19, n. 40, maio/ago. 2018. p. 54-73. Disponível em https://revistas.udesc.br/index.php/linhas/article/view/1984723819402018054/pdf. Acesso em 17 jul. 2023.

Downloads

Publicado

04-12-2023

Como Citar

Spat, V. da S. R. de Q., & Carvalho, R. S. de. (2023). Temporalidades da docência na creche. Revista Teias, 24(75), 278–290. https://doi.org/10.12957/teias.2023.72694