Kehinde fala de um lugar distante: a errância, a crioulização e o letramento da protagonista de "Um defeito de cor"

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2024.81479

Palavras-chave:

errância, crioulização, letramento, carta, viagem.

Resumo

Kehinde nasceu em África e assistiu aos assassinatos da mãe e do irmão. Sequestrada por um navio negreiro desembarca no Brasil sozinha, pois a irmã e a avó morrem durante a travessia. Travessia que se tornou comumente à protagonista do romance histórico Um defeito de cor, da escritora Ana Maria Gonçalves, pois seu circuito itinerante remete às viagens que a narradora necessita fazer, na maioria das vezes em busca do filho perdido, vendido como escravizado pelo pai. A errância, conceito cunhado por Édouard Glissant (2017), são os deslocamentos da personagem, que ajudaram a construir sua identidade, um construto híbrido, característica da qual Glissant (2017) chama de crioulização e que forma a protagonista gonçalviana à medida em que seu letramento rompe com a tradição moderna/colonial e a torna exemplo positivado, levado ao bem comum.  

Biografia do Autor

Vanessa Didolich Cristani, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Jornalista e mestra em Estudos de Literatura pela Universidade Federal Fluminense (UFF), área de concentração em Estudos Literários, subárea em Literatura Brasileira e Teoria da Literatura. Atua em áreas de pesquisa como gênero, raça, história e memória. Possui pós-graduação em Jornalismo Literário pelo Centro de Educação Superior de Blumenau (CESBLU). 

 

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Publicado

2024-05-14

Como Citar

Didolich Cristani, V. (2024). Kehinde fala de um lugar distante: a errância, a crioulização e o letramento da protagonista de "Um defeito de cor". Palimpsesto - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 23(45), 438–452. https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2024.81479