Inscrição poética e epitáfio: representação e aprofundamento metapoético a partir de Jorge de Sena e Ruy Belo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/matraga.2024.77263

Palavras-chave:

Sujeito, Representação, Epitáfio, Jorge de Sena, Ruy Belo

Resumo

“Every poem an epitaph”, o célebre verso de T.S. Eliot de “Little Gidding”, desvela-se num sentido proposi­cional interpelativo de dimensões que se foram instituindo enquanto objetos privilegiados de meditação por parte do autor de Four Quartets (1941), entre os quais o tempo, o sujeito e a palavra poética. Como forma poética e gênero em cujo objeto perpassa a temporalidade como valor, o epitáfio cedo se deslocou do âmbito referencial para reclamar com a elegia (mas também com a sátira) a memória poeticamente condensada do ser em desafio com o tempo. Entre o epitáfio e a morte, há a considerar a tensão e resistência do discurso ao apagamento do sujeito no tempo, tópico que a modernidade releu e multiangularizou esteticamente em ex­periências criativas, como a fragmentação, a heteronímia ou a impersonalização. Nestas, o discurso poético frequentemente se autorreflete na sua condição instável, vivida entre a experiência do sujeito e a irredutibili­dade a essa mesma experiência. Como sobre-vivência, o sujeito participa desta instabilização em posições que, em alguma poesia contemporânea, a par de releituras mais comuns do epitáfio como homenagem ou in memoriam, se apresentam como experiências pertinentes no âmbito da (auto)representação, a que por vezes se coadunam reflexões de estatuto metapoético. Este artigo propõe dar conta destas condições e experiên­cias através da reflexão sobre alguns poemas-epitáfios de Jorge de Sena e Ruy Belo.

Biografia do Autor

Francisco Saraiva Fino, Universidade de Évora

É doutorando em Literatura Portuguesa pela Universidade de Évora (Portugal) e Mestre em Criações Literárias Contemporâneas pela Universidade de Évora, na especialidade de Teoria da Criação Literária. Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade do Porto (Portugal). Colaborador do CEL – Centro de Estudos em Letras, da Universidade de Évora. Res­ponsável pela edição de O Livro do Joaquim (2007 / 2019) e Sétimo Dia (2021), do poeta Daniel Faria. Autor de A Multiplicação do Espaço – Ensaios sobre a Poesia de Daniel Faria (Teórica Editora, 2020). Desenvolve investigação nas áreas da poesia portuguesa moderna e contemporânea, na teorização crítica e nas relações entre discursos artísticos.

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Publicado

2024-01-27

Como Citar

Fino, F. S. (2024). Inscrição poética e epitáfio: representação e aprofundamento metapoético a partir de Jorge de Sena e Ruy Belo. Matraga - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 31(61), 142–153. https://doi.org/10.12957/matraga.2024.77263

Edição

Seção

Estudos Literários