REDCPS - Revista Enfermagem Digital Cuidado e Promoção da Saúde

Número: 3.1 - 5 Artigos

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DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/2446-5682.20180001

Editorial

Docente do ensino superior: um profissional da aprendizagem

Docente do ensino superior: um profissional da aprendizagem

Simone Maria Muniz da Silva Bezerra

Universidade de Pernambuco - FENSG/UPE, Brasil

Recebido em 20/02/2019
Aceito em 20/02/2019

 

A formação docente do ensino superior é tema recorrente na literatura e de grande importância para a sociedade. Há um movimento no sentido de conscientizar o professor universitário de que seu papel como docente do ensino superior é uma profissão e, portanto, exige capacitação específica, não se restringindo a um diploma de bacharel ou mesmo a um título de mestre ou doutor, Pós doutor ou, ainda, a seu bom desempenho no exercício de determinada profissão. As grandes transformações oriundas da sociedade e, no início deste novo século, o conhecimento não é mais privilégio de universidades e professores. Na chamada sociedade do conhecimento, este se encontra disponível e divulgado por outras organizações, ambientes e espaços, tanto públicos quanto particulares. E, neste cenário, o papel do professor repassador de informações atualizadas está bastante ameaçado. É necessário que este profissional, que tanto informa quanto recebe informação, passe a se ver como partícipe na construção do conhecimento, que não é estanque, mas dinâmico e instável. Essa transformação se projeta nas carreiras profissionais, e na Enfermagem que se veem às voltas com novas exigências: formação continuada dos profissionais, novas capacitações, adaptabilidade ao novo e reconversão profissional. Com o docente da enfermagem não é diferente. As transformações se dão de forma organizativa passando de uma função de transmissora de conhecimento para a função de reconstrução do saber, baseada em evidência, de críticas e da produção de um novo conhecimento para a Enfermagem. Para que essas mudanças, foi necessário a mudança no currículo e nos projetos pedagógicos, exigindo que o professor refletissem sobre o sentido das aulas e até mesmo sobre a necessidade da presença física dos alunos. Os professores terão de se adaptar a uma nova relação professor-aluno, a novas formas de interação entre os próprios alunos e, também, a um relacionamento com equipes multi e interdisciplinares, o que promoveu uma transformação na concepção que os docentes do ensino universitário têm da própria profissão. A atualização é necessária, e segundo Nóvoa 2013, os professores terão que criar dispositivos de atendimento aos alunos, de fomentar a sua presença em grupos de trabalho e de reflexão, de promover a integração dos jovens em equipes científicas. Ocorre basicamente uma mudança no foco de atenção, que passa do professor, detentor do conhecimento, para o aluno - melhor dizendo, para o aprendiz, ou para o aprendizado -, já que o conhecimento passa a ser visto como algo em permanente construção e em constante transformação. Desta forma, a construção do conhecimento se dá pela parceria entre o aluno aprendiz e o professor, cúmplices do mesmo processo. As propostas a seguir incidem apenas, como é evidente, sobre o segundo e o terceiro momentos do percurso de formação como professor, segundo António Nóvoa, 2013, A formação de professores deve assumir uma forte componente práxis, centrada na aprendizagem dos alunos e no estudo de casos concretos, tendo como referência o trabalho do aprendiz, a formação de professores deve passar para «dentro» da profissão, isto é, deve basear-se na aquisição de uma cultura profissional, concedendo aos professores mais experientes um papel central na formação dos mais jovens. E que a formação de professores deve valorizar o trabalho em equipe e o exercício coletivo da profissão, bem como está marcada por um princípio de responsabilidade social, favorecendo a comunicação pública e a participação profissional no espaço público do processo educativo dentro da profissão. Segundo Masetto2 , a docência universitária deu ênfase ao ensino, e, portanto, ao professor, que é o profissional que ensina a quem não sabe. O corpo docente é recrutado entre profissionais competentes na comunicação do conhecimento, com mestrado e doutorado, mas sem exigir deles competências de um educador no que diz respeito a conhecimentos e habilidades na área pedagógica e à perspectiva político-social. Desse modo, na área da Enfermagem, por exemplo, um bom professor seria um enfermeiro com boa reputação em sua especialidade, não importando sua competência como docente. Hoje, esse foco está mudando. O docente não deve ser apenas o especialista que ensina, mas um profissional de aprendizagem, incentivando o aprendiz e sua aprendizagem, colaborando ativamente para que este alcance seus objetivos. Para tanto, o profissional enfermeiro que exerce a função docente, como o preceptor, deve dominar formas de promover a aprendizagem, com metodologias ativas e uso das tecnologias de informação e comunicação, bem como ter domínio de ambientes virtuais e coletivos de aprendizagem. Além disso, deverá rever e adaptar seu conceito de avaliação, que passa a ser visto como elemento motivador da aprendizagem do aluno e como um indicador da competência docente desse profissional da aprendizagem.

 

REFERÊNCIAS

1. António Nóvoa. Universidad de Lisboa. Facultad de Psicología y Ciencias de la Educación. Lisboa, Portugal.2013

2. Professor Universitário: Um profissional da Educação na atividade docente. Marco Tarciso Masseto – Professor Titular PUC- SP. Professor Livre Docente da USP. 2014

3.MASETTO, Marcos T. Docência universitária: repensando a aula. In: TEODORO, Antônio. Ensinar e aprender no ensino superior: por uma epistemologia pela curiosidade da formação universitária. Ed. Cortez: Mackenzie, 2013.

 

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