Published March 20, 2023 | Version v1
Journal article Open

A ANTIFICÇÃO ROMANESCA COMO COMPROMISSO COM A VERDADE, ATRAVÉS DA AUTOFICÇÃO E DO TESTEMUNHO

Description

O artigo observa o fenômeno da demanda pelo real na narrativa contemporânea a partir de uma de suas tendências mais experimentais: a autoficção como possibilidade de literatura de testemunho e de fixação da memória, como resistência à política do esquecimento. Para tanto, recorre-se ao compromisso da verdade das escritas de si, que Foucault chamava de parresía, pois, conforme Bakhtin, o romance tornou-se uma arte complexa ao assimilar gêneros em que o eu fala de si e passa a manifestar verdades que a narrativa impessoal não alcança. A noção de antificção, criada por Lejeune, é básica para que essa demanda seja vista como explicação para o que tem ocorrido com o romance. Em vez de se verem apenas as escritas de si como antificcionais, optou-se aqui pela ideia da antificção romanesca, partindo-se do conceito de ficção de Searle, que não a contrapõe à verdade, mas a vê como resultado de um pacto de leitura. A antificção como modelo de parresía menciona aqui diversas obras paradigmáticas, que vão da escrita de si ao romance, mas concentra-se, sobretudo, em Marcelo Rubens Paiva, Milton Hatoum e Patrick Modiano como modelares do testemunho que trata do trauma, daquilo que Finazzi-Agrò considera o inter-dito que desperta a empatia no leitor devido à verdade contida no passional.

Abstract (English)

The article observes the phenomenon of the demand for the real in contemporary narrative based on one of its most experimental tendencies: autofiction as a possibility of testimony literature and memory fixation, as resistance to the politics of forgetfulness. To do so, we resort to the commitment to the truth of the self-writings, which Foucault called parresia, because, according to Bakhtin, the novel became a complex art by assimilating genres in which the self speaks of itself and begins to manifest truths that the unpersonal narrative does not reach. The notion of antifiction, created by Lejeune, is basic for this demand to be seen as an explanation for what has happened with the novel. Instead of seeing only the self-writings as antifictional, we opted for the idea of the novelistic antifiction, starting from the concept of fiction by Searle, who does not oppose it to the truth, but sees it as the result of a pact of reading. Antifiction as a model of parresia mentions in here many paradigmatic works, which embraces since self-writing to novel, but focuses, mainly, Marcelo Rubens Paiva, Milton Hatoum and Patrick Modiano as models of testimony that treats trauma, those which Finazzi-Agrò considers the inter-dito that awakes an empathy in the reader because the truth the passional contains.

Files

03 - A ANTIFICÇÃO ROMANESCA .pdf

Files (474.1 kB)

Name Size Download all
md5:adcdd22a55ce7c8ebb79bf0aaf85c1ab
474.1 kB Preview Download

Additional details

Additional titles

Alternative title (English)
THE NOVELISTIC ANTIFICTION AS A COMMITMENT TO THE TRUTH, THROUGH AUTOFICTION AND TESTIMONY