“Pirralhada aqui resiste”: ressonâncias da experiência de crianças e jovens em um bloco carnavalesco/“Pirralhada here resist”: resonances of the experience of children and young people in a carnival block

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto41849

Palavras-chave:

Terapia Ocupacional. Direitos Humanos. Criança. Adolescente. Arte

Resumo

Introdução: A atividade é conhecida como ferramenta potente de ação da terapia ocupacional ligada ao lúdico, ao corpo, às artes, ao cuidado com o cotidiano e a produção cultural. O Instituto Camará Calunga, responsável pela coordenação do Bloco EURECA propõe atividades na perspectiva de promover e defender os direitos das crianças e adolescentes no município de São Vicente. Objetivo: investigar os processos de invisibilização e visibilização presentes no cotidiano das infâncias e juventudes a partir da experiência do bloco carnavalesco EURECA. Método: Foi realizada observação participante durante o processo de formação do EURECA, elaboração de diários de campo, além de uma entrevista semi-estruturada com um dos participantes do bloco. Resultados e Discussão: O campo de pesquisa possibilitou olhar para os eixos interseccionais de opressão que atravessam o cotidiano das crianças e jovens que compõem o bloco carnavalesco, assim como reconhecer a potência dessa experiência para expressão e luta pelos direitos das crianças e adolescentes. Por meio de uma luta lúdica, crianças e jovens ocupam as ruas da orla de São Vicente, mostrando que a “quebrada tá presente”, mobilizando a população pelo reconhecimento de seus direitos. Considerações Finais: Percebe-se o EURECA como ação artística e cultural potente de luta e resistência diante das impotências geradas por um sistema discriminatório de opressão e ocultadas no cotidiano das crianças e adolescentes. Em todo o processo e apresentação do bloco no espaço público, fica evidente o protagonismo das crianças e jovens como sujeitos políticos e multiplicadores de práticas emancipatórias, tal como proposto pelo bloco.

 Palavras-Chave: Terapia Ocupacional. Direitos Humanos. Criança. Adolescente. Arte

  

Abstract

Introduction: The activity is known as a potent action tool for occupational therapy linked to playfulness, the body, the arts, daily care and cultural production. The Camará Calunga Institute, responsible for coordinating the EURECA Block - “I recognize the Statute of Children and Adolescents” proposes activities with a view to promoting and defending the rights of children and adolescents in the municipality of São Vicente. Objective: to investigate the processes of invisibility and visibility presents in the daily lives of children and youths from the experience of the EURECA carnival block. Method: Participant observation was carried out during the formation process of EURECA, preparation of field diaries, in addition to a semi-structured interview with one of the participants in the block. Results and Discussion: The research field made it possible to look at the intersectional axes of oppression crossing the daily lives of children and young people who make up the carnival block, as to recognize the power of this experience for expression and struggle for the rights of children and adolescents. Through a playful struggle, children and young people occupy the streets on the edge of São Vicente, showing that the “Quebrada is present'' and mobilizing the collective to recognize their rights. Final Considerations: EURECA is perceived as a potent artistic and cultural action of struggle and resistance in the face of impotences generated by a discriminatory system of oppression and hidden in the daily lives of children and adolescents. In the whole process and presentation of the bloc in the public space, the role of children and young people as political subjects and multipliers of emancipatory practices is evident, as proposed by EURECA.

 Keywords: Occupational Therapy. Human Rights. Child. Adolescent. Art

 

Resumen

Introducción: La actividad es conocida como una potente herramienta de acción para la terapia ocupacional vinculada al juego, el cuerpo, las artes, el cuidado diario y la producción cultural El Instituto Camará Calunga, encargado de coordinar el Bloque EURECA - “Reconozco el Estatuto de Niñez y Adolescencia” propone actividades con miras a promover y defender los derechos de la niñez y adolescencia en el municipio de São Vicente. Objetivo: investigar los procesos de invisibilidad y visibilidad presentes en la vida cotidiana de niños y jóvenes a partir de la experiencia del bloque de carnaval EURECA. Método: Se realizó observación participante durante el proceso de formación de EURECA, elaboración de diarios de campo y entrevista semiestructurada con uno de los participantes del bloque. Resultados y Discusión: El campo de investigación permitió ver los ejes transversales de opresión que atraviesan la vida cotidiana de los niños y jóvenes que componen el bloque carnavalero, así como el poder de esta experiencia para la expresión y lucha por los derechos de la niñez y la adolescencia. A través de una lucha lúdica, los niños y jóvenes ocupan las calles en el borde de São Vicente, mostrando que la “Quebrada está presente” y movilizando al colectivo para reconocer sus derechos. Consideraciones finales: EURECA se percibe como una potente acción artística y cultural de lucha y resistencia frente a las impotencias generadas por un sistema discriminatorio de opresión y ocultas en la vida cotidiana de niños, niñas y adolescentes. En todo el proceso y presentación del bloque en el espacio público se evidencia el papel de la niñez y la juventud como sujetos políticos y multiplicadores de prácticas emancipadoras, como propone EURECA.

Palabras Clave: Terapia Ocupacional. Derechos Humanos. Niño. Adolescente. Arte

 

Referências

Aitken, S. (2014). Do Apagamento à Revolução: o direito da criança à cidadania/direito à cidade. Educação & Sociedade, 35(128), 675-698. https://doi.org/10.1590/ES0101-7330201435128128621

Aquino, J. G. (2015). A infância como solidão: mutações da experiência educacional contemporânea. Educação & Sociedade, 36, 427-444. http://doi.org/10.1590/es0101-7330201513295

Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo: edição revista e ampliada. Edições 70.

Boni, V., & Quaresma, S. J. (2005). Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Em Tese: Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC. 2(1), 68-80.

Brum, E. (2019, 27 setembro). Como vocês se atrevem? Greta Thunberg e Ágatha Félix: as infâncias morrem junto com as democracias. El País. https://brasil.elpais.com/brasil/2019/09/26/opinion/1569507094_579592.html.

Castro, L. R. (2007). A politização (necessária) do campo da infância e da adolescência. Revista Psicologia Política, 7(14).

Castro, L. R. & Grisolia, F. S. (2016). Subjetivação pública ou socialização política? sobre as articulações entre o “político” e a infância. Educação & Sociedade, 37(137). http://dx.doi.org/10.1590/es0101-73302016167363

Crenshaw, K. (2002). Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, 10(1), 171-188. https://dx.doi.org/10.1590/S0104-026X2002000100011

Fernandes, C. O. (2016). Bloco EURECA: uma marca para a educação social. Dissertação de mestrado. Universidade Anhanguera de São Paulo, São Paulo.

Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). (2019). 30 anos da Convenção sobre os Direitos da Criança: avanços e desafios para meninas e meninos no Brasil. UNICEF.

Galheigo, S. M. (2020). Terapia ocupacional, cotidiano e a tessitura da vida: aportes teórico-conceituais para a construção de perspectivas críticas e emancipatórias. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(1), 5-25. Epub March 02, 2020. https://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoao2590

Garcia, M. L., Costa, S. L., & Mendes, R. (2016). Memória, território e comunidade: extensão universitária na escola de samba X9 – Santos, São Paulo. Revista Ciência em Extensão. 12(3), 105-117.

Gomes, N. L., & Laborne, A. A. P. (2018). Pedagogia da crueldade: racismo e extermínio da juventude negra. Educação em Revista, 34, e197406. Epub 23 de novembro de 2018. https://doi.org/10.1590/0102-4698197406

Gorgatti, V. (2017). Marcas de experiências no trabalho socioeducativo: Narrativas camaradas da formação profissional. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de São Paulo – Campus Baixada Santista, São Paulo.

Henz, A. O., & Casetto, S. J. (2013). Orientações para o trabalho de campo. In: Capozzolo, A. A., Casetto, S. J., & Henz, A. O. Clínica Comum: Itinerários de uma formação em Saúde (282-289). Hucitec.

Instituto Camará Calunga. EURECA. Recuperado em 19 de novembro de 2020. https://camaracalunga.com/eureca/.

Lei no 8.069. (1990, 13 de julho). Brasil. Dispõe sobre a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília. Recuperado em 16 de fevereiro de 2021. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm.

Lima, E. M. F. A. (2018). Vida ativa, mundo comum, políticas e resistências: pensar a terapia ocupacional com Hannah Arendt. Tese de Livre Docência, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo. http://doi.org/10.11606/T.5.2018.tde-05022018-084711.

Oliveira, I. B., & Sgarbi, P. (2008). Estudos do cotidiano & Educação. Autêntica Editora.

Pais, J. M. (1993). Nas rotas do quotidiano. Revista Crítica de Ciências Sociais, (37), 105-115.

Pais, J. M., Lacerda, M. P. C., & Oliveira, V. H. N. (2017). Juventudes contemporâneas, cotidiano e inquietações de pesquisadores em Educação - uma entrevista com José Machado Pais. Educar em Revista, (64), 301-313. https://doi.org/10.1590/0104-4060.50119

Piovesan, A., & Temporini, E. R. (1995). Pesquisa exploratória: procedimento metodológico para o estudo de fatores humanos no campo da saúde pública. Revista de Saúde Pública, 29(4), 318-325. https://doi.org/10.1590/S0034-89101995000400010

Prado, M. A. M., & Toneli, M. J. F. (2013). Política e sujeitos coletivos: entre consensos e desacordos. Estudos de Psicologia (Natal). 18(2), 351-357. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2013000200022

Queiroz, D.T., Vall, J., Souza, A. M. A., & Vieira, N. F. C. (2007). Observação participante na pesquisa qualitativa: conceitos e aplicações na área da saúde. Revista de enfermagem UERJ. 15(2), 276-283.

Santos, B. S. (2002). Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. Revista Crítica de Ciências Sociais, (63), 237-280. https://doi.org/10.4000/rccs.1285

Santos, M. (2000). Por uma outra globalização: Do pensamento único à consciência universal. Record.

Soares, L. E., Bill, M. V., & Athayde, C. (2005). Cabeça de Porco. Objetiva.

Tavares, F. M. M., & Veloso, E. R. (2016). Quando o carnaval chegou: ativismo político no anverso histórico do Homo ludens. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, (64), 224-248. https://dx.doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i64p224-248

Zorn, J. (2010). Registered as workers, erased as non-Slovenes: The transition period from the perspective of erased people. In: Kogovšek, N., Zorn, J., Pistotnik, S., Čebron, U. L., Bajt, V., Petković, B., & Zdravković, L. (Orgs). The Scars of the Erasure (19-46).

Downloads

Publicado

02-08-2021

Edição

Seção

Artigo Original