Introdução: A terapia nutricional adequada é essencial para pacientes críticos admitidos em centros de terapia intensiva (CTI). A terapia nutricional enteral (TNE) pode ser considerada a via preferida de nutrição em pacientes críticos. Entretanto, ainda que o paciente esteja fazendo o uso da TNE, podem ocorrer diversas situações que interferem no recebimento da oferta nutricional adequada. O objetivo deste estudo foi avaliar o volume prescrito versus infundido de nutrição enteral nos CTI’s e destacar quais são os fatores que influenciam a não administração de nutrição enteral, a fim de propor a implantação de um indicador de qualidade. Método: Estudo transversal, observacional, descritivo e retrospectivo, realizado em março de 2021. Foram analisadas as fichas de acompanhamento nutricional de 47 pacientes, cujos seguintes dados foram extraídos: sociodemográficos (idade e sexo) e relacionados à TNE (tipo e volume de dieta enteral prescrita e infundida em 24 horas, custo da dieta administrada e intercorrências quanto à não administração total da dieta). Resultados: As medianas de volume, calorias e proteínas de dieta enteral infundida foram menores que a prescrita: 12,25%, 12,22% e 10,34%, respectivamente. Das 311 prescrições analisadas, apenas 63,7% (n=198) delas foram classificadas como adequadas em relação aos volumes prescritos e infundidos de dieta enteral. A exteriorização do cateter de nutrição enteral representou o principal motivo de inadequação de oferta (27,9%), sendo que o período entre a realização da radiografia e a ligação da dieta teve a maior média de duração em relação aos outros procedimentos. Houve perda econômica de 12,2% por subutilização ou excesso de oferta de nutrição enteral. Conclusão: Foram frequentes as inadequações entre volume prescrito e infundido de dieta enteral, o que sugere a necessidade da aplicação de indicadores de qualidade, garantindo que o paciente receba nutrição adequada conforme suas necessidades.