Objetivo: Descrever a terapia nutricional utilizada em pacientes graves infectados pela COVID-19. Método: Trata-se de um estudo de coorte prospectivo descritivo, cuja coleta de dados foi realizada com auxílio de um banco de dados autoral, no período de 1 de abril a 30 de setembro de 2020. Foram incluídos pacientes adultos, de ambos os sexos, que apresentaram diagnóstico confirmado por exame RT-PCR de COVID-19 e que foram acompanhados durante a internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Departamento de Anestesiologia da Universidade Federal de São Paulo. Resultados: A amostra contou com 262 pacientes, sendo a maioria do sexo masculino, com idade mediana de 59,5 anos. A incidência de terapia nutricional enteral (TNE) durante o estudo foi de 65,6% e pouco mais da metade dos pacientes (57,3%) realizou somente TNE. O início da TNE nas primeiras 24 horas após a admissão foi frequente, no entanto, foram necessários, em mediana, 5 (IQR 3-6) dias para o alcance das metas nutricionais. O percentual mediano de adequação nutricional foi de 63,6% (48,3%-75,9%) e 59,2% (42,2%-70,7%) para energia e proteínas, respectivamente. Aproximadamente, um terço (30,1%) dos pacientes alimentou-se apenas por via oral durante todo o período, sendo a consistência pastosa homogênea a mais prescrita (48,5%) e na qual os pacientes foram mais suplementados (n=25). Não foi possível iniciar a terapia nutricional para 4,2% dos pacientes, pois faleceram nos primeiros sete dias de internação (mediana: 3 dias; variação de 1-7 dias). Conclusão: Apesar da TNE ter sido precoce, a progressão para as metas nutricionais foi dificultada por fatores relacionados à interrupção de dieta em UTI.

Objective: To describe a nutritional therapy used in critically ill patients infected with COVID19. Methods: This is a descriptive prospective cohort study, whose data collection was carried out with the aid of an authorial database, from April 1st to September 30th, 2020. Were included patients adults of both genders, who had a diagnosis confirmed by an exam of RT-PCR COVID-19 and who were followed up during their stay in the Intensive Care Unit (ICU) of the Department of Anesthesiology of the Federal University of São Paulo. Results: The sample consisted of 262 patients, mostly male and with a median age of 59.5 years. An enteral nutritional therapy (ENT) treatment during the study was 65.6% and just over half of the patients (57.3%) underwent only ENT. The onset of ENT within the first 24 hours after admission was frequent, however, a median of 5 (IQR 3-6) days was examined to reach nutritional goals. The median percentage of nutritional adequacy was 63.6% (48.3%-75.9%) and 59.2% (42.2% -70.7%) for energy and protein, respectively. Approximately one third (30.1%) of the patients ate only orally throughout the period, with homogeneous pasty consistency being the most prescribed (48.5%) and in which patients received more supplementation (n = 25). It was not possible to initiate nutritional therapy for 4.2% of the patients, as they died within the first seven days of hospitalization (median: 3 days; interval of 1-7 days). Conclusion: Although ENT was early, progression to nutritional goals was hampered by factors related to diet interruption in the ICU.