A EXPERIÊNCIA DE MATERNAGEM EM MÃES DE BEBÊS PRÉ-TERMO INTERNADOS EM UNIDADE NEONATAL
DOI:
https://doi.org/10.22289/2446-922X.V9N2A9Palavras-chave:
Prematuridade, Neonatologia, Saúde da CriançaResumo
Um bebê é considerado pré-termo quando o seu nascimento ocorre antes das 37 semanas completas da gestação, sendo necessário interná-lo em uma Unidade Neonatal (UN) logo após o seu nascimento. Além do rompimento com a fantasia do bebê imaginário, a prematuridade envolve uma antecipação do processo de reconhecer-se enquanto mãe. Esse contexto de crise propicia um espaço de difícil elaboração em torno da experiência de ter um bebê que nasceu prematuro e que está internado em um hospital, trazendo repercussões para a relação mãe-bebe e para a constituição psíquica deste. Este trabalho visa investigar a experiência de mães de bebês pré-termo internados na UN, a partir da Psicanálise. Trata-se de um estudo de revisão integrativa com base em publicações encontradas nas bases de dados Scielo, PePsic, LILACS e Redalyc nos últimos 10 anos. Utilizaram-se os descritores Prematuridade, Psicanálise, Maternagem e UTI Neonatal. Foram selecionados 14 artigos para revisão de 67 publicações gerais identificadas. Verificou-se que a experiência de mães de bebês pré-termo internados na UN é permeada por sentimento de culpa, medo, frustração e ambivalência. O nascimento prematuro do bebê é considerado um fator de risco para a construção do vínculo, contudo não impede que as mães encontrem estratégias para exercer a sua função e se vincular. Faz-se importante o apoio da equipe multiprofissional no processo de enfrentamento das mães e o trabalho do psicólogo ao propiciar um espaço de escuta, possibilitando que os pais falem sobre a experiência e elaborem um lugar de sujeito para esse bebê.
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