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Resistência Cultural e Vivências Míticas: o Real e o Simbólico no Cotidiano dos Guarani Mbya

Alzira Lobo de Arruda Campos, Marília Gomes Ghizzi Godoy, Juliana Figueira da Hora

Resumo

A troca de cosmovisões entre a cultura indígena e a ocidental representa um aprendizado recíproco sobre confluências e oposições interétnicas, processo em que as fronteiras entre valores culturais da sociedade tradicional dos xamãs, baseada no mito, e da histórica, vivida na racionalidade material/espiritual do momento presente, constituem tema inescapável. Com o objetivo de contribuir para a compreensão das confluências possíveis entre essas visões, procura-se entender a interpretação mítica do presente e a predição do futuro pelos povos originários do Brasil, diante da visão histórica da sociedade brasileira, pela qual a afirmação da identidade indígena deveria seguir parâmetros ligados à busca de lucros, ao individualismo e à competividade. As distâncias entre essas concepções de mundo conduzem uma luta política que se faz cada vez mais presente, com lideranças e demandas próprias, que serão aquilatadas na resistência dos Guarani Mbya à globalização, que pretende uma humanidade única, embora desigual em direitos.


Palavras-chave

Resistência cultural. Identidade indígena. Mito e prática social. Interculturalidade nos Guarani Mbya.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/ncn.v25i1.9571

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