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Apresentação

About the papers

Apresentação

Chegamos ao número 61 e fica a sensação de entrar em uma nova etapa nesta nossa revista que já alcança 19 anos de existência. Como sempre, trazemos ao leitor um conjunto de artigos aprovados após rigoroso processo de avaliação. Começamos com a contribuição de Deize Luiza da Silva Ferraz e João Alberto Menna-Barreto que voltam suas baterias de pesquisa para a temática das organização dos trabalhadores como mediação para a consciência de classe, tomando como objeto empírico o Movimento dos Trabalhadores Desempregados, pensando na organização dos trabalhadores para além das entidades sindicais.

De Luciana Mourão, Sérgio Sampaio e Marli Helena Duarte recebe a O&S artigo sobre a colocação seletiva, uma forma legal de contratar pessoas com deficiência intelectual. Por ser uma prática recente e com muitas contradições e paradoxos, os autores entendem merecer reflexão. Para a consecução da pesquisa, foi realizada uma pesquisa qualitativa com trabalhadores com esse tipo de deficiência, seus familiares e empregadores em seis cidades do estado de Minas. Os resultados da pesquisa mostram que o processo de colocação seletiva ocorre segundo três formas distintas e válidas: (1) Produção artesanal realizada na instituição formadora; (2) Atividade produtiva da empresa contratante realizada na instituição formadora; e (3) Atividade produtiva realizada na empresa contratante.

O artigo de Taís de Andrade, Rosméri Elaine Essy Hoch, Kelmara M. Vieria e Cláudia Medianeira C. Rodrigues investigou a percepção dos profissionais de enfermagem sobre a influência do suporte social na incidência da Síndrome de Burnout. De modo a concretizar a pesquisa, utilizou uma survey junto a 231 colaboradores de quatro hospitais públicos e privados do Rio Grande do Sul. Os resultados revelam que tais profissionais apresentam grau moderado da Síndrome, sendo que os entrevistados dos hospitais públicos evidenciaram maiores índices da doença e, consequentemente, menor suporte social no trabalho, quando comparados aos indivíduos dos hospitais privados. A pesquisa ainda aporta outros resultados que contribuem para o conhecimento do fenômeno.

Sérgio C. Benício de Mello, Francisco Ricardo B. Fonseca e Ricardo Sérgio G. Vieira se dedicaram a produzir artigo sobre o papel e a importância das redes sociais de negócio. Os autores optaram do ponto de vista teórico pelo modelo Ator-Atividades-Recursos (AAR) desenvolvido pelo IMP-Group e amplamente utilizado numa variedade de contextos organizacionais. O artigo investiga como oportunidades de negócios são identificadas por dirigentes de empresas de base tecnológica. O principal resultado detectado pela pesquisa aponta para uma dinâmica coletiva desenvolvida nas redes de relacionamentos de negócios. Esses resultados empíricos alimentam reflexões teóricas, bem como são consideradas as implicações para a academia e a prática organizacional

De Namilton Nei A. Coelho e Marcos Antônio de Camargos nos vem a contribuição sobre a previdência privada fechada, conhecida como fundo de pensão. O artigo apresentou como objetivo identificar os fatores determinantes para a ampliação desse sistema, na percepção de seus gestores, tendo sido realizadas 19 entrevistas com gestores de fundos de pensão e de empresas de consultoria atuarial, em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Tais fundos geriram R$141,01 bilhões, em 2008, representando 33,64% dos recursos desse sistema no Brasil. Dos resultados, os autores destacam a questão da educação previdenciária, novos incentivos fiscais e tributários, a utilização de parte do FGTS e a flexibilização da legislação para fomentar o crescimento dessa previdência no país.

Mudando radicalmente de temática, o que expressa a pluralidade de interesses da O&S, o artigo de Severino Pereira tem como objetivo investigar o discurso associado à posse do corpo utilizado por homens gays para administrar o estigma relacionado à identidade homossexual. A pesquisa valeu-se de uma observação participante de um grupo gay da cidade do Rio de Janeiro e, posteriormente, 20 entrevistas semiestruturadas com homens gays no período 2005/2008. Os resultados sugerem que: (i) o corpo é uma construção e, sendo assim, é construído e manipulado segundo os padrões estéticos da cultura gay; (ii) o grupo gay estudado constrói o corpo de acordo com um ideal de hipermasculinidade; e (iii) os significados associados ao corpo são usados como forma de demarcação na cultura gay. O artigo também revela a existência de uma imensa gama de serviços estéticos ligados a esse culto ao corpo por parte do grupo analisado. O corpo é, no entendimento do autor, uma "insígnia" que faz daquele que o possui um vigilante de si mesmo, o qual controla, disciplina, domestica e aprisiona esse mesmo corpo, visando a atingir "a boa forma" ou a forma requerida pelo grupo ao qual pertence.

Prossegue esta edição da O&S com o artigo de Alex Fernando Borges, Carolina Lescura e Janete Lara de Oliveira cujo objetivo residiu em analisar a produção científica brasileira sobre empresas familiares, a partir de artigos publicados durante o período 1997/2009. Para tanto, foi efetuado um levantamento bibliográfico, enfatizando a aspectos centrais da configuração atual do campo, tais como: conceito de empresa familiar utilizado; temas de pesquisa; abordagem de pesquisa; método de pesquisa; estratégia de pesquisa; técnicas de coleta e análise de dados. Os resultados da pesquisa permitem observar a existência de um campo emergente no cenário acadêmico brasileiro, o qual vem apresentando avanços nos últimos anos, sobretudo no crescimento do volume de trabalhos publicados. Isto leva os três autores a afirmarem que o campo de estudos sobre empresas familiares assume um caráter potencial, se constituindo como alternativa acadêmica relevante para a produção de pesquisas e para o desenvolvimento de teorias dentro da área da Administração e dos Estudos Organizacionais no Brasil.

Derivou do labor de Marcelo Milano Falcão Vieira, Leonardo Vasconcelos Cavalier Darbilly e Denise Franca Barros artigo cujo objetivo foi analisar novas formas possíveis de produção, comercialização e distribuição da música como possibilidades de resistência às práticas hegemônicas, tradicionalmente, exercidas pelas grandes gravadoras. O artigo volta-se para a realidade brasileira tendo como pano de fundo algumas experiências existentes no âmbito do mercado fonográfico nacional. A crise que o mercado fonográfico enfrenta desde o final da década de 90 e que está, intimamente, ligada a mudanças de ordem tecnológicas, possibilitou novas alternativas de produzir e comercializar a música as quais fogem ao modelo dominante estabelecido pelas organizações tradicionalmente hegemônicas nessa indústria. Assim, o trabalho contempla exemplos de organizações ligadas à música que oferecem algum grau de resistência ao modelo estrutural dominante, sendo elas compreendidas pelos autores como organizações de resistência, como formas de resistência ao modelo empresarial de organização. Com a publicação deste artigo queremos prestar uma vez mais uma homenagem ao nosso colega Marcelo Milano Vieira cujo passamento deixou uma enorme lacuna na Universidade e, mais especificamente, na área de Administração. Este artigo estava em apreciação quando ocorreu o falecimento de Marcelo. É uma honra e um privilégio para a O&S, ao tempo que uma tristeza, publicar um outro artigo de Marcelo Vieira.

Finalizamos esta edição com a contribuição de Daniela Bahia Moscon, Antonio Virgílio Bittencourt Bastos e Janice Janissek de Souza que lavram uma pesquisa sobre a pertinência de integrar em um mesmo construto as dimensões afetiva e instrumental ao tratar do comprometimento do trabalhador. Para tanto, valem-se os autores de uma investigação em empresas de médio/grande porte na região metropolitana de Salvador, Bahia. As conclusões que o artigo aporta relacionam o conceito de comprometimento à sua base afetiva considerando a versão instrumental como a antítese do comprometimento. Mais especificamente, esforço-extra e contribuição adicional são elementos chave para considerar um trabalhador como comprometido.

Encerramos esta edição relembrando a notícia dada na Apresentação do número anterior onde informamos a aceitação da O&S por parte da SciELO, o que nos enche de alegria, orgulho e responsabilidade. Acreditamos que em pouco tempo a O&S estará disponível para acesso no sistema SciELO. E também trazemos outra excelente notícia quanto ao fato de termos alcançado o conceito A2 no Qualis CAPES na área de Administração, Ciências Contábeis e Turismo.

Só nos resta desejar a todos, uma boa leitura!

José Antonio Gomes de Pinho

Editor

Como sempre fazemos, segue o Índice de Endogenia publicado há anos por nós:

Índice de Endogenia desta edição (artigos por docentes/discentes da instituição:

Escola de Administração/NPGA/CIAGS) 1 (em 9): 11,1%

Índice de Endogenia acumulado (calculado desde o número 42): 11,1%

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jul 2012
  • Data do Fascículo
    Jun 2012
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