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A prática de terapeutas ocupacionais com mães acompanhantes em enfermarias pediátricas1 1 O presente material é parte da dissertação apresentada pelo autor principal como requisito para obtenção do título de mestre em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos.

Resumo

Introdução

Terapeutas ocupacionais têm consolidado sua assistência nos contextos hospitalares atuando em diversos setores dessas instituições com populações diversas. A enfermaria pediátrica é um dos cenários de atuação desses profissionais, que prestam seus serviços às crianças e adolescentes hospitalizados, assim como as suas acompanhantes, as mães.

Objetivos

Apresentar a intervenção de terapeutas ocupacionais com mães acompanhantes em enfermaria pediátrica e a percepção desses profissionais sobre sua contribuição nesse contexto.

Método

Trata-se de estudo descritivo, exploratório, de abordagem qualitativa. Participaram 14 terapeutas ocupacionais que atuavam com mães acompanhantes em enfermaria pediátrica. Os dados foram coletados por meio de questionário autoaplicável contendo 39 questões disponibilizado via Google Forms® , codificados com auxílio do software ATLAS.ti® (versão 8) e analisados por análise de conteúdo na modalidade temática.

Resultados

Os dados apontam que as terapeutas ocupacionais avaliam as dificuldades e necessidades das mães acompanhantes durante a internação dos seus filhos, traçam objetivos que englobam a mulher ou a díade e percebem as contribuições decorrentes da sua prática. Os dados apontam ainda modelos, técnicas, recursos e referenciais teóricos utilizados pelos profissionais nas intervenções com as mães acompanhantes, além dos locais disponibilizados pelas instituições para essa prática.

Conclusão

Terapeutas ocupacionais auxiliam de forma integral as mães acompanhantes durante a internação dos seus filhos. Os resultados ilustram o processo de intervenção da terapia ocupacional com esse público, perpassando pela avaliação, intervenção e resultados observados pelos profissionais.

Palavras-chave:
Criança Hospitalizada; Hospitalização; Mães; Saúde da Mulher; Terapia Ocupacional

Abstract

Introduction

Occupational therapists have consolidated their assistance in hospital settings through their work in various sectors of these institutions with diverse populations. The pediatric ward is one of the scenarios where these professionals act, providing services to hospitalized children and adolescents, as well as to their companions: their mothers.

Objective

To present the intervention of occupational therapists with accompanying mothers in pediatric wards and these professionals’ perception of the mothers’ contribution in this context.

Method

This is a descriptive, exploratory, qualitative study. 14 occupational therapists working with accompanying mothers in pediatric wards participated in this study. The data were collected through a self-administered questionnaire containing 39 questions available via Google Forms®, coded using the ATLAS.ti® 8.0 software, and analyzed by Content Analysis in its thematic modality.

Results

The data showed that occupational therapists assess the difficulties and needs of accompanying mothers during the hospitalization of their children, set goals that encompass the woman or the dyad, and perceive the contributions arising from their practice. The data also pointed out the models, techniques, resources, and theoretical frameworks used by these professionals in their interventions with the accompanying mothers, as well as the places made available by these institutions for this practice.

Conclusion

Occupational therapists fully help accompanying mothers during the hospitalization of their children. The results illustrate the occupational therapy intervention process with this population, from the evaluation, intervention, to the results observed by the professionals.

Keywords:
Child Hospitalized; Hospitalization; Mothers; Women’s Health; Occupational Therapy

Introdução

A hospitalização infantil é considerada uma experiência estressante para o paciente e seu familiar. Os procedimentos por vezes dolorosos realizados durante o tratamento, a incerteza quanto a sua eficácia, o prognóstico da doença e o medo do desconhecido contribuem para essa percepção. Portanto, é necessário que a família seja considerada na assistência, não se restringindo o foco do cuidado ao paciente (Kudo et al., 2018Kudo, A. M., Barros, P. B. M., & Joaquim, R. H. V. T. (2018). Terapia ocupacional em enfermaria pediátrica e brinquedoteca hospitalar. In M. M. R. Carlo & A. M. Kudo (Orgs.), Terapia ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos (pp. 127-144). São Paulo: Editora Payá.).

No Brasil, a Lei nº 8.069/1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), garante à população infantil e juvenil o direito ao acompanhante, pais ou o responsável, em período integral durante a internação hospitalar (Brasil, 1990Brasil. (1990, 13 de julho). Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, seção 1.). Entretanto, a literatura aponta a prevalência de mães assumindo o papel de acompanhante durante a internação pediátrica (Pyló et al., 2015Pyló, R. M., Peixoto, M. G., & Bueno, K. M. P. (2015). O cuidador no contexto da hospitalização de crianças e adolescentes. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 23(4), 855-862.).

Diversos fatores contribuem para a sobrecarga materna durante a hospitalização do filho: a ambiência, a ausência de disponibilidade de outras pessoas para o revezamento durante o cuidado, o esgotamento físico e mental, a permanência em tempo integral no hospital e o desejo de estar em casa. Além desses, são apontados outros fatores, como mobiliário inapropriado para o descanso, negligência no autocuidado, preocupação com o estado clínico do filho adoecido e com os demais filhos que ficaram em casa (Bezerra et al., 2021Bezerra, A. M., Marques, F. R. B., Marcheti, M. A., & Luizari, M. R. F. (2021). Fatores desencadeadores e amenizadores da sobrecarga materna no ambiente hospitalar durante internação infantil. Cogitare Enfermagem, 26, e72634. http://dx.doi.org/10.5380/ce.v26i0.72634.
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). Outros fatores podem decorrer do período de hospitalização da criança, como a possibilidade de desemprego dos pais ou responsáveis e a dificuldade de reabastecimento de itens pessoais para o uso no ambiente hospitalar (Joaquim et al., 2017aJoaquim, R. H. V. T., Barbano, L. M., & Bombarda, T. B. (2017a). Necessidades das famílias em enfermaria pediátrica: a percepção dos próprios atores. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 28(2), 181-189.).

Assim, a imersão da mãe no hospital é permeada por incertezas, dificuldade de adaptação ao novo ambiente, expectativas quanto a cura, experiência de sentimentos negativos (angústia, tristeza) e afastamento de pessoas e lugares que lhes são significativos, sendo necessário a elaboração de estratégias que possam auxiliar essa população durante sua permanência no hospital, tanto por terapeutas ocupacionais, quanto por demais membros da equipe de saúde (Almeida et al., 2016Almeida, C. R. V., Leite, I. C. O., Ferreira, C. B., & Corrêa, V. A. C. (2016). Sobre o cotidiano no contexto do adoecimento e da hospitalização: o que dizem as mães acompanhantes de crianças com diagnóstico de neoplasia? Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(2), 247-259.).

Constitui-se como competência do terapeuta ocupacional em enfermaria pediátrica a assistência ao paciente e ao seu familiar (Kudo et al., 2018Kudo, A. M., Barros, P. B. M., & Joaquim, R. H. V. T. (2018). Terapia ocupacional em enfermaria pediátrica e brinquedoteca hospitalar. In M. M. R. Carlo & A. M. Kudo (Orgs.), Terapia ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos (pp. 127-144). São Paulo: Editora Payá.). Contudo, observa-se a necessidade de mais estudos que adensem a compreensão acerca da intervenção da terapia ocupacional nesse contexto, considerando as necessidades específicas das mães durante a internação do filho e visto que os estudos disponíveis na literatura abordando intervenções com as mães foram realizados em outras unidades hospitalares, como a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Joaquim et al., 2014Joaquim, R. H. V. T., Silvestrini, M. S., & Marini, B. P. R. (2014). Grupo de mães de bebês prematuros hospitalizados: experiência de intervenção de terapia ocupacional no contexto hospitalar. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 22(1), 145-150. http://dx.doi.org/10.4322/cto.2014.
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; Silva et al., 2018Silva, C. C., Silva, E. D., & Rocha, L. L. B. (2018). O salão de beleza como recurso no acompanhamento das mães de recém-nascidos internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 26(3), 569-579. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1122.
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; Correia et al., 2019Correia, L. A., Rocha, L. L. B., & Dittz, E. S. (2019). Contribuições do grupo de terapia ocupacional no nível de ansiedade das mães com recém-nascidos prematuros internados nas unidades de terapia intensiva neonatal. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 27(3), 574-583. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1694.
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).

Ressalta-se a importância de clarificar e minuciar a intervenção do terapeuta ocupacional com as mães acompanhantes, elucidando os objetivos da intervenção, os aportes teóricos, o processo de avaliação e os recursos utilizados. Nessa direção, o objetivo deste artigo é apresentar a intervenção do terapeuta ocupacional com as mães acompanhantes em enfermaria pediátrica e a percepção do profissional sobre sua contribuição neste contexto.

Método

Estudo descritivo, exploratório, de abordagem qualitativa. Participaram 14 terapeutas ocupacionais com atuação em contexto hospitalar, incluídos por integrarem a equipe da enfermaria pediátrica e atuarem com as mães acompanhantes. Foram excluídos os profissionais que exerciam funções estritamente administrativas ou não realizavam assistência em enfermarias pediátricas.

A coleta de dados ocorreu entre agosto e setembro de 2020, com a divulgação da pesquisa no Facebook® por meio da página pessoal do pesquisador e do grupo privado “Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares”. Outro local de divulgação foi o aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp®, selecionando-se grupos relacionados à terapia ocupacional que o pesquisador principal era membro, assim como por meio de mensagens individuais para os terapeutas ocupacionais que atuavam em enfermaria pediátrica. O convite para participar da pesquisa foi elaborado nos formatos de texto e folder que continham os seguintes dados: nome do pesquisador, nome da orientadora, título da pesquisa, objetivo, público alvo, tempo aproximado de duração do questionário, informações sobre o conteúdo das questões e o link de acesso ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e ao instrumento.

Os dados foram coletados por meio de um questionário autoaplicável online disponibilizado na ferramenta de formulário gratuita Google Forms® . O questionário de 39 questões, validado por três juízes, com perguntas abertas (22) e fechadas (17), buscou conhecer o perfil dos participantes e sua intervenção com as mães acompanhantes. Todos os participantes que aceitaram participar do estudo finalizaram as respostas do questionário, e o encerramento da coleta ocorreu através da técnica de saturação de dados, a qual emprega a percepção dos pesquisadores para interromper a inserção de novos participantes, considerando-se que os dados obtidos apresentam redundância ou recorrência do conteúdo (Fontanella et al., 2008Fontanella, B. J. B., Ricas, J., & Turato, E. R. (2008). Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. Cadernos de Saúde Pública, 24(1), 17-27.).

Os autores seguiram as normas da Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), que regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos, com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos sob o parecer nº 26205819.8.0000.5504. As identidades dos participantes foram preservadas e suas respostas serão apresentadas pelas letras TO (terapeuta ocupacional), acrescido do número arábico correspondente a ordem de resposta do questionário pelo profissional (de TO01 a TO14).

Os dados quantitativos foram organizados e tratados por estatística descritiva utilizando-se o programa Excel® (versão 2016). Os dados qualitativos foram analisados por Análise de Conteúdo na modalidade temática (Gomes, 2007Gomes, R. (2007). Análise e interpretação de dados de pesquisa qualitativa. Petrópolis: Vozes.). As etapas do tratamento foram, inicialmente, a leitura exaustiva e compreensiva das respostas ao questionário e, posteriormente, a codificação indutiva das unidades de registros com auxílio do software ATLAS.ti® (versão 8). O processo de codificação contou com a revisão da pesquisadora-orientadora visando garantir o rigor da análise (Moreira, 2018Moreira, H. (2018). Critérios e estratégias para garantir o rigor na pesquisa qualitativa. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, 11(1), 405-424.). Na sequência, foi realizada a categorização, as inferências e a síntese interpretativa (Gomes, 2007Gomes, R. (2007). Análise e interpretação de dados de pesquisa qualitativa. Petrópolis: Vozes.). A análise dos dados qualitativos gerou três categorias temáticas; contudo, este estudo apresentará os resultados de apenas uma dessas categorias: “Processos de intervenção na assistência às mães acompanhantes”.

Resultados e Discussão

Os dados apresentam o perfil dos terapeutas ocupacionais participantes (Tabela 1). A maioria desses profissionais são do sexo biológico feminino (n=13), raça branca (n=11) e com concentração na faixa etária até 39 anos; a predominância do sexo feminino foi verificada em outros estudos com profissionais que atuavam em contexto hospitalar pediátrico (Estes & Pierce, 2012Estes, J., & Pierce, D. E. (2012). Pediatric therapists’ perspectives on occupation-based practice. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, 19(1), 17-25.; Lima & Almohalha, 2011Lima, M. S., & Almohalha, L. (2011). Desvelando o papel do terapeuta ocupacional na oncologia pediátrica em contextos hospitalares. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 22(2), 172-181.; Idemori, 2015Idemori, T. C. (2015). Processo terapêutico da criança em transplante de medula óssea: práticas de terapeutas ocupacionais do Estado de São Paulo (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.). Quanto à formação, prevalece o número de profissionais com 12 a 19 anos de formados (n=5), corroborando aqueles encontrados na literatura (Lima & Almohalha, 2011Lima, M. S., & Almohalha, L. (2011). Desvelando o papel do terapeuta ocupacional na oncologia pediátrica em contextos hospitalares. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 22(2), 172-181.; Matos, 2020Matos, F. (2020). Atuação do terapeuta ocupacional na unidade de terapia intensiva neonatal: um estudo da prática (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.). Prevalece também terapeutas ocupacionais com pós-graduação (n=12), especificamente na modalidade Lato Sensu (n=8).

Tabela 1
Perfil dos terapeutas ocupacionais participantes do estudo.

Os dados apresentam ainda que a maioria dos terapeutas ocupacionais participantes são da região Sudeste (n=9), atuam no serviço público de saúde (n=12), com contrato por tempo indeterminado (n=7) e carga horária de 30 horas/semanais, corroborando com Farias e Bezerra (2016)Farias, K. K. R., & Bezerra, W. C. (2016). Condições institucionais e estratégias de enfrentamento da precarização do trabalho por terapeutas ocupacionais em hospitais públicos. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(2), 235-246. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoAO0576.
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. Acrescenta-se que o tempo de atuação em enfermaria pediátrica foi acima de 03 a 08 anos, com apenas um profissional com mais de 20 anos de formado. Nesse sentido, o tempo de atuação é um fator relevante para o desenvolvimento do raciocínio clínico do terapeuta ocupacional, como evidencia a revisão de Britton et al. (2015)Britton, L., Rosenwax, L., & McNamara, B. (2015). Occupational therapy practice in acute physical hospital settings: evidence from a scoping review. Australian Occupational Therapy Journal, 62(6), 370-377.. Os resultados apontam que a maioria dos participantes deste estudo não atendem apenas na enfermaria pediátrica (n=12), prestando assistência simultaneamente em outros setores da instituição hospitalar (Lima & Pereira, 2020Lima, D., & Pereira, R. (2020). Pedido de consulta como reflexo da compreensão sobre o trabalho do terapeuta ocupacional. Revista Chilena de Terapia Ocupacional, 20(1), 49-60.; Silva et al., 2020Silva, M., Silva, P., Rabelo, H., & Vinhas, B. (2020). A terapia ocupacional pediátrica brasileira diante da pandemia da COVID-19: reformulando a prática profissional. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional,4(3), 422-437.).

A Tabela 2 apresenta as características das intervenções dos terapeutas ocupacionais com as mães acompanhantes.

Tabela 2
Características das intervenções com as mães acompanhantes.

Em relação às formas de acesso, os terapeutas ocupacionais têm acessado os pacientes pela busca ativa (n=13), e essa conduta foi encontrada em estudos realizados em Unidades de Terapia Intensiva (Bombarda et al., 2016Bombarda, T. B., Lanza, A. L., Santos, C. A. V., & Joaquim, R. H. V. T. (2016). Terapia ocupacional na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto e as percepções da equipe. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(4), 827-835. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoRE0861.
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; Coelho et al., 2020Coelho, P. S. O., Valle, K., Carmo, G. P., Santos, T. R. M., Nascimento, J. S., & Pelosi, M. B. (2020). Sistematização dos procedimentos para a implementação da comunicação alternativa e ampliada em uma UTI geral. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(3), 829-854. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1930.
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). Os resultados revelam a prevalência de atendimentos diários (n=9), evidenciando que os terapeutas ocupacionais, rotineiramente, prestam assistência às mães acompanhantes durante a internação dos seus filhos. Em contrapartida, a literatura mostra que essa assistência ocorre semanalmente (Alves et al., 2008Alves, C. O., Rodrigues, R. P., & Dittz, E. S. (2008). Oficina de culinária: resgate da cotidianidade das mães acompanhantes de recém-nascidos de uma unidade de terapia intensiva neonatal. Revista Mineira de Enfermagem, 12(1), 127-130.; Mouradian et al., 2013Mouradian, L. E., DeGrace, B. W., & Thompson, D. M. (2013). Art-based occupation group reduces parent anxiety in the neonatal intensive care unit: a mixed-methods study.The American Journal of Occupational Therapy Association,67(6), 692-700.; Joaquim et al., 2014Joaquim, R. H. V. T., Silvestrini, M. S., & Marini, B. P. R. (2014). Grupo de mães de bebês prematuros hospitalizados: experiência de intervenção de terapia ocupacional no contexto hospitalar. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 22(1), 145-150. http://dx.doi.org/10.4322/cto.2014.
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, 2016Joaquim, R. H. V. T., El-Khatib, U., & Barba, P. C. S. D. (2016). A integração do processo ensino e aprendizagem de alunas de terapia ocupacional e o cuidado de mães de bebês de risco na hospitalização. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(2), 397-402. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoRE0729.
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; John et al., 2018John, H. B., Philip, R. M., Santhanam, S., Padankatti, S. M., Sebastian, T., Balan, I., & Rajapandian, E. (2018). Activity based group therapy reduces maternal anxiety in the Neonatal Intensive Care Unit - a prospective cohort study. Early Human Development, 123, 17-21.). Os estudos encontrados mencionam intervenções grupais, podendo ser essa a razão das intervenções serem semanais.

Quanto às formas de atendimento, há maior quantidade de respostas para os atendimentos mãe-filho (n=14), como sinalizado por Perilla (2019)Perilla, V. M. L. (2019). Caracterização da prática dos terapeutas ocupacionais em cuidados paliativos nos serviços públicos oncológicos de saúde no Brasil (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.. Os terapeutas ocupacionais podem atender conjuntamente o paciente e a cuidadora/familiar e, além disso, os atendimentos mãe-filho podem fortalecer a díade (Lima & Almohalha, 2011Lima, M. S., & Almohalha, L. (2011). Desvelando o papel do terapeuta ocupacional na oncologia pediátrica em contextos hospitalares. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 22(2), 172-181.).

A Associação Americana de Terapia Ocupacional (American Occupational Therapy Association, 2020American Occupational Therapy Association. (2020). Occupational therapy practice framework: domain and process-fourth edition.The American Journal of Occupational Therapy Association,74(Supl. 2), 1-87. https://doi.org/10.5014/ajot.2020.74S2001.
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) define, através da Estrutura de Prática: Domínio e Processo, que o processo de intervenção da terapia ocupacional engloba a avaliação, a intervenção e os resultados. Tratando-se da etapa inicial, a avaliação das mães acompanhantes na enfermaria pediátrica do estudo tem sido realizada por meio da escuta, buscando-se compreender as necessidades maternas. Os terapeutas ocupacionais também detectam as demandas durante a rotina de trabalho no setor enquanto atendem os pacientes e nas discussões clínicas da equipe, como demonstram os seguintes relatos dos participantes.

Busco atender com base na demanda apresentada no dia [...] (TO11).

Conversamos informalmente e levanto no diálogo algumas questões que precisam ser trabalhadas (TO13).

As demandas são identificadas no decorrer do acompanhamento da criança ou durante discussões em equipe [...] (TO03).

Esses relatos mostram que, além da escuta, a observação é um mecanismo de identificação das demandas maternas utilizado tanto pelos terapeutas ocupacionais, quanto pelos profissionais de saúde do setor. Os demais profissionais acionam os terapeutas ocupacionais para o atendimento das acompanhantes quando observam que essas mulheres têm tido prejuízo na saúde resultantes do processo de hospitalização. Impactos no autocuidado, dificuldade de adaptação ao contexto hospitalar e comprometimento emocional (choro frequente, irritabilidade e agitação) são alguns dos motivos de encaminhamento. Em relação a questões emocionais, observa-se que os profissionais apresentam dificuldade de lidar com a acompanhante, acionando a terapia ocupacional.

Qualquer outra situação em que a equipe apresente dificuldade no manejo com as mães cuidadoras. (TO08).

Diariamente, ao verificar a mãe muito irritada [...] (TO07).

A literatura apresenta diversos estudos que exemplificam a dificuldade das acompanhantes em adaptar-se à rotina hospitalar (Gomes et al., 2014Gomes, G. C., Leite, F. L. L. M., Souza, N. Z., Xavier, D. M., Cunha, J. C., & Pasini, D. (2014). Estratégias utilizadas pela família para cuidar a criança no hospital. Revista Eletrônica de Enfermagem, 16(2), 434-442.; Pyló et al., 2015Pyló, R. M., Peixoto, M. G., & Bueno, K. M. P. (2015). O cuidador no contexto da hospitalização de crianças e adolescentes. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 23(4), 855-862.; Almeida et al., 2016Almeida, C. R. V., Leite, I. C. O., Ferreira, C. B., & Corrêa, V. A. C. (2016). Sobre o cotidiano no contexto do adoecimento e da hospitalização: o que dizem as mães acompanhantes de crianças com diagnóstico de neoplasia? Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(2), 247-259.; Joaquim et al., 2017aJoaquim, R. H. V. T., Barbano, L. M., & Bombarda, T. B. (2017a). Necessidades das famílias em enfermaria pediátrica: a percepção dos próprios atores. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 28(2), 181-189.; Mendonça, 2018Mendonça, C. R. L. F. (2018). Sobre ocupar-se de cuidar do filho no hospital: o que dizem as mães de crianças cardiopatas? Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 29(3), 263-269.; Bazzan et al., 2020Bazzan, J. S., Milbrath, V. M., Silva, M. S., Tavares, D. H., Santos, B. A., & Thomaz, M. M. (2020). Experiências familiares durante a hospitalização infantil: uma revisão integrativa. Revista Pesquisa Cuidado Fundamental Online, 12, 1179-1186.). Diante das normas e rotinas hospitalares, é importante que os terapeutas ocupacionais e os demais profissionais de saúde estejam atentos aos comportamentos e queixas das mães acompanhantes que possam sinalizar tal dificuldade, buscando prestar a assistência necessária.

Ressalta-se que a experiência da hospitalização pelas mães acompanhantes pode ser permeada por sentimentos negativos (Medrado & Whitaker, 2012Medrado, E. D. D., & Whitaker, M. C. O. (2012). Experiências de familiares durante a hospitalização de sua criança/adolescente em uma unidade pediátrica. Revista da Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras, 12(2), 123-130.; Almeida et al., 2016Almeida, C. R. V., Leite, I. C. O., Ferreira, C. B., & Corrêa, V. A. C. (2016). Sobre o cotidiano no contexto do adoecimento e da hospitalização: o que dizem as mães acompanhantes de crianças com diagnóstico de neoplasia? Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(2), 247-259.; Cardoso et al., 2019Cardoso, T. P., Oliveira, P. R., Volpato, R. J., Nascimento, V. F., Rocha, E. M., & Lemes, A. G. (2019). Vivências e percepções de familiares sobre a hospitalização da criança em Unidade Pediátrica. Revista de Enfermagem da UFSM, 9, (e4), 1-14.). Diante dos relatos dos terapeutas ocupacionais, é importante enfatizar que o choro, a tristeza e os demais comportamentos expressos pelas mães são respostas emocionais esperadas porque a hospitalização da criança constitui-se como uma fase de comprometimento da saúde e de risco à vida.

Ainda acerca dos sentimentos maternos expressos durante a hospitalização da criança, problematiza-se que o papel da acompanhante é também o de responsável legal, sendo delegado para essa mãe a decisão de autorizar os procedimentos de saúde, os quais podem apresentar riscos à saúde da criança. Contudo, ressalta-se que tais procedimentos são imprescindíveis para a manutenção da vida.

Os terapeutas ocupacionais também são acionados para demandas relacionadas à criança, mas que perpassam o cuidado materno, tais como: orientações sobre estimulação do desenvolvimento neuropsicomotor e a prescrição ou orientação de equipamento de tecnologia assistiva. Cabe ao terapeuta ocupacional, interconsultor em contextos hospitalares, orientar a família quanto aos cuidados do paciente (Frizzo & Corrêa, 2018Frizzo, H. C. F., & Corrêa, V. A. (2018). Terapia ocupacional em contextos hospitalares: a especialidade, atribuições, competências e fundamentos. Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social, 6(1), 130-139.). Nessa direção, os participantes relataram:

orientação quanto a oferta de estímulos diante as aquisições do desenvolvimento neuropsicomotor (TO05).

prescrição e orientação quanto ao uso de recursos de tecnologia assistiva e orientações sobre o desenvolvimento neuropsicomotor (TO04).

Quanto a avaliação com protocolos e instrumentos padronizados, os relatos dos participantes evidenciaram que esses não são comumente utilizados na assistência às mães acompanhantes.

no Serviço de terapia ocupacional em que trabalho não há uma avaliação específica para as mães [...] (TO08).

Uma década após a publicação de Chaves et al. (2010)Chaves, G. F. S., Oliveira, A. M., Forlenza, O. V., & Nunes, P. V. (2010). Escalas de avaliação para terapia ocupacional no Brasil. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 21(3), 240-246., permanece limitado o uso de instrumentos específicos da terapia ocupacional. Outros estudos evidenciam o desconhecimento ou a não utilização de tais ferramentas de avaliação pelos terapeutas ocupacionais brasileiros (Borges et al., 2012Borges, F., Leoni, T. F., & Coutinho, I. (2012). Terapia ocupacional no contexto hospitalar: um delineamento da profissão em hospitais gerais e especializados na cidade de Salvador, BA. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 20(3), 425-433.; Matos, 2020Matos, F. (2020). Atuação do terapeuta ocupacional na unidade de terapia intensiva neonatal: um estudo da prática (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.). Apesar disso, o uso de instrumentos da terapia ocupacional “favorece o reconhecimento clínico e científico da profissão, além de possibilitar a produção de conhecimento específico da área e a confiabilidade das intervenções” (Chaves et al., 2010, pChaves, G. F. S., Oliveira, A. M., Forlenza, O. V., & Nunes, P. V. (2010). Escalas de avaliação para terapia ocupacional no Brasil. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 21(3), 240-246.. 245).

Em relação aos objetivos das intervenções com as mães acompanhantes, os terapeutas ocupacionais elencam aspectos relacionados ao processo da hospitalização, como a criação de estratégias de enfrentamento da internação, a interlocução entre acompanhante e os profissionais de saúde do setor da enfermaria pediátrica, a minimização dos impactos no cotidiano da família em função da internação, a participação social no hospital, o planejamento de futuro, o acolhimento através da escuta e a ressignificação do cotidiano no hospital. Os objetivos mencionados pelos participantes do presente estudo corroboram a literatura (Giardinetto et al., 2009Giardinetto, A. R. S. B., Martini, E. C., Cruz, J. A., Moni, L. O., Ruiz, L. M., Rodrigues, P., & Pereira, T. (2009). A importância da atuação da terapia ocupacional com a população infantil hospitalizada: a visão de profissionais da área da saúde. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 17(1), 63-69.; Lima & Almohalha, 2011Lima, M. S., & Almohalha, L. (2011). Desvelando o papel do terapeuta ocupacional na oncologia pediátrica em contextos hospitalares. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 22(2), 172-181.; Joaquim et al., 2014Joaquim, R. H. V. T., Silvestrini, M. S., & Marini, B. P. R. (2014). Grupo de mães de bebês prematuros hospitalizados: experiência de intervenção de terapia ocupacional no contexto hospitalar. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 22(1), 145-150. http://dx.doi.org/10.4322/cto.2014.
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; Almeida et al., 2016Almeida, C. R. V., Leite, I. C. O., Ferreira, C. B., & Corrêa, V. A. C. (2016). Sobre o cotidiano no contexto do adoecimento e da hospitalização: o que dizem as mães acompanhantes de crianças com diagnóstico de neoplasia? Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(2), 247-259.; Silva et al., 2020Silva, M., Silva, P., Rabelo, H., & Vinhas, B. (2020). A terapia ocupacional pediátrica brasileira diante da pandemia da COVID-19: reformulando a prática profissional. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional,4(3), 422-437.).

Partindo da premissa que os objetivos das intervenções foram alcançados, os terapeutas ocupacionais observam contribuições, algumas delas relacionadas à organização e adaptação pessoal: o resgate ou manutenção dos diversos papéis que a mãe acompanhante desempenha(va), a organização da rotina no hospital, a diminuição dos impactos causados pela internação, a promoção da qualidade de vida e a participação social no ambiente hospitalar. Outras contribuições foram citadas: o fortalecimento da relação acompanhante-equipe de saúde e do vínculo acompanhante-terapeuta ocupacional. Finalmente, melhorias emocionais, como redução da ansiedade e elaboração dos sentimentos. Tais contribuições elencadas corroboram outros estudos (Giardinetto et al., 2009Giardinetto, A. R. S. B., Martini, E. C., Cruz, J. A., Moni, L. O., Ruiz, L. M., Rodrigues, P., & Pereira, T. (2009). A importância da atuação da terapia ocupacional com a população infantil hospitalizada: a visão de profissionais da área da saúde. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 17(1), 63-69.; Lima & Almohalha, 2011Lima, M. S., & Almohalha, L. (2011). Desvelando o papel do terapeuta ocupacional na oncologia pediátrica em contextos hospitalares. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 22(2), 172-181.; Mendonça, 2018Mendonça, C. R. L. F. (2018). Sobre ocupar-se de cuidar do filho no hospital: o que dizem as mães de crianças cardiopatas? Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 29(3), 263-269.).

algumas demonstram através de sinais subjetivos e/ou verbais que após os atendimentos de terapia ocupacional se sentem mais tranquilas e menos ansiosas. [...] (TO02).

Os objetivos das intervenções englobam ainda aspectos relacionados à díade, como o fortalecimento da relação mãe-filho, a orientação e treinamento para estimular o desenvolvimento neuropsicomotor, a instrumentalização para o cuidado do paciente, além do empoderamento quanto a fatores de saúde do filho, com relação aos marcos do desenvolvimento infantil e ao tratamento da criança. Nessa direção, as orientações para estimular a criança e promover o vínculo entre a criança e a mãe se enquadram nas práticas dos terapeutas ocupacionais que atuam no contexto da hospitalização infantil (Lima & Almohalha, 2011Lima, M. S., & Almohalha, L. (2011). Desvelando o papel do terapeuta ocupacional na oncologia pediátrica em contextos hospitalares. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 22(2), 172-181.; Berrios et al., 2019Berrios, S. G., Álvarez, J. C., Gimpel, V. E., Bolaño, G. F., & Toro, K. S. (2019). Rol del terapeuta ocupacional en tratamiento de niños con delirium hospitalario infantil en unidades hospitalarias de Chile. Revista Chilena de Terapia Ocupacional, 19(1), 69-82.).

Também são apontadas as contribuições relacionadas aos objetivos elencados, por exemplo, a adaptação às novas formas de cuidados, a adesão e participação ativa no tratamento da criança, o fortalecimento da díade e a elaboração do luto para aquelas que vivenciam a terminalidade do filho. Desse modo, o suporte durante a doença e no luto, bem como a incorporação da família no tratamento corroboram os achados de outros estudos (Lima & Almohalha, 2011Lima, M. S., & Almohalha, L. (2011). Desvelando o papel do terapeuta ocupacional na oncologia pediátrica em contextos hospitalares. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 22(2), 172-181.; Kudo et al., 2018Kudo, A. M., Barros, P. B. M., & Joaquim, R. H. V. T. (2018). Terapia ocupacional em enfermaria pediátrica e brinquedoteca hospitalar. In M. M. R. Carlo & A. M. Kudo (Orgs.), Terapia ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos (pp. 127-144). São Paulo: Editora Payá.). Os relatos indicam que as intervenções contribuem (in)diretamente com as mães acompanhantes.

Outras mães, costumam utilizar o momento da intervenção com o bebê/criança para desempenharem algumas atividades, podendo ser elas: Atividades de Vida Diária (banho, escovação dos dentes, autocuidado em geral), Descanso e Sono ou Lazer (entrar em ligação com algum membro da família ou até ir ao encontro de outra mãe para partilharem experiências) (TO02).

Aceitação da atual situação do filho [...] (TO11).

Enfatiza-se que o relato apresentado por um dos participantes acerca da mãe em utilizar o momento do atendimento do terapeuta ocupacional com a criança para realizar atividades de autocuidado, como o banho, a escovação dos dentes e, também, para outros fins como lazer e descanso, evidenciam a influência do hospital no cotidiano materno, em especial, daquelas que não dispõem de uma rede de suporte capaz de proporcionar o revezamento no cuidado da criança hospitalizada.

Quanto aos modelos e referenciais teóricos que embasam as intervenções, foram mencionados o Modelo de Ocupação Humana e o Modelo Canadense de Desempenho Ocupacional, semelhante aos resultados de outros estudos (Berrios et al., 2019Berrios, S. G., Álvarez, J. C., Gimpel, V. E., Bolaño, G. F., & Toro, K. S. (2019). Rol del terapeuta ocupacional en tratamiento de niños con delirium hospitalario infantil en unidades hospitalarias de Chile. Revista Chilena de Terapia Ocupacional, 19(1), 69-82.; Perilla, 2019Perilla, V. M. L. (2019). Caracterização da prática dos terapeutas ocupacionais em cuidados paliativos nos serviços públicos oncológicos de saúde no Brasil (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.; Murray et al., 2020Murray, A., Tommaso, A., Molineux, M., Young, A., & Power, P. (2020). Contemporary occupational therapy philosophy and practice in hospital settings. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, 28(3), 213-224.). Ainda elencam o Método Terapia Ocupacional Dinâmica (Joaquim et al., 2017bJoaquim, R. H. V. T., Soares, F. B., Figueiredo, M. O., & Brito, C. M. D. (2017b). Terapia ocupacional e oncologia pediátrica: caracterização dos profissionais em centros de referência no estado de São Paulo. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 28(1), 36-45.; Perilla, 2019Perilla, V. M. L. (2019). Caracterização da prática dos terapeutas ocupacionais em cuidados paliativos nos serviços públicos oncológicos de saúde no Brasil (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.; Kurauchi et al., 2020Kurauchi, G. R. S., Ono, D. H., Souza, L. R. S., Lourenço, G. F., & Joaquim, R. H. V. T. (2020). Percepções de pacientes submetidos ao transplante de células-tronco hematopoiéticas acerca da intervenção em um grupo de atividades de Terapia Ocupacional. Saúde,46(1), 1-13.) e a abordagem da Prática Centrada no Cliente. Apontam-se, também, outros conteúdos agregados nas intervenções, como o desenvolvimento infantil, aspectos da internação pediátrica, cuidados paliativos e saúde materno-infantil.

Contudo, alguns terapeutas ocupacionais não embasam suas intervenções em modelos ou abordagens da terapia ocupacional. Tal resultado se assemelha ao que indica o estudo conduzido por Joaquim et al. (2017b)Joaquim, R. H. V. T., Soares, F. B., Figueiredo, M. O., & Brito, C. M. D. (2017b). Terapia ocupacional e oncologia pediátrica: caracterização dos profissionais em centros de referência no estado de São Paulo. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 28(1), 36-45., que evidenciou que a prática do terapeuta ocupacional em oncologia pediátrica não tinha um modelo especificado por alguns participantes. Cruz (2018)Cruz, D. M. C. (2018). Os modelos de terapia ocupacional e as possibilidades para a prática e pesquisa no Brasil. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 2(3), 504-517. supõe que os terapeutas ocupacionais brasileiros usam isoladamente as terminologias derivadas dos modelos da terapia ocupacional.

ainda estou pensando sobre qual seria a melhor abordagem (TO13).

Não conheço referencial específico da terapia ocupacional para essas abordagens (TO04).

Murray et al. (2020)Murray, A., Tommaso, A., Molineux, M., Young, A., & Power, P. (2020). Contemporary occupational therapy philosophy and practice in hospital settings. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, 28(3), 213-224. apontaram algumas barreiras encontradas pelos terapeutas ocupacionais para utilização da prática baseada na ocupação no contexto hospitalar, dentre elas: o modelo biomédico predominante, a escassez de recursos e ambientes físicos que promovam o engajamento ocupacional e a rotatividade dos pacientes internados. Supõe-se que a implementação de práticas baseadas em modelos da terapia ocupacional no ambiente hospitalar constitui-se um desafio.

Os terapeutas ocupacionais abordam as técnicas utilizadas, que perpassam aspectos gerais de humanização do cuidado, tais como o acolhimento e a escuta qualificada, até aspectos de promoção do bem-estar das acompanhantes, como o uso da massagem e as técnicas de relaxamento. A revisão conduzida por Aniceto & Bombarda (2020)Aniceto, A. B., & Bombarda, T. B. (2020). Cuidado humanizado e as práticas do terapeuta ocupacional no hospital: uma revisão integrativa da literatura. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(2), 640-660., acerca das práticas hospitalares do terapeuta ocupacional e o cuidado humanizado, demonstrou que a escuta e o acolhimento se enquadram nas ações do profissional com os pacientes e seus familiares; além disso, a maioria das publicações são na área materno-infantil.

As demonstrações de manuseio são técnicas utilizadas pelos participantes com o objetivo de instrumentalizar as mães nos cuidados da criança. Nessa direção, a literatura aponta que instrumentalizar o cuidador para cuidar da criança e estimular seu desenvolvimento estão entre as condutas do terapeuta ocupacional que atua no contexto da hospitalização pediátrica (Lima & Almohalha, 2011Lima, M. S., & Almohalha, L. (2011). Desvelando o papel do terapeuta ocupacional na oncologia pediátrica em contextos hospitalares. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 22(2), 172-181.; Kudo et al., 2018Kudo, A. M., Barros, P. B. M., & Joaquim, R. H. V. T. (2018). Terapia ocupacional em enfermaria pediátrica e brinquedoteca hospitalar. In M. M. R. Carlo & A. M. Kudo (Orgs.), Terapia ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos (pp. 127-144). São Paulo: Editora Payá.).

Acerca dos recursos utilizados, foram descritos materiais gráficos ou de leitura, produtos de higiene, confecção de livros de recordação, jogos, cartilha de orientações sobre o desenvolvimento infantil, equipamentos eletrônicos, atividades expressivas e manuais, materiais de artesanato e para ambientação do leito e a Internet. Semelhantes aos encontrados na literatura que citam produtos artesanais, materiais gráficos, jogos, confecção de brinquedos para o filho e a construção de textos sobre a experiência da hospitalização (Dittz et al., 2006Dittz, E. S., Melo, D. C. C., & Pinheiro, Z. M. M. (2006). A terapia ocupacional no contexto da assistência à mãe e à família de recém-nascidos internados em unidade de terapia intensiva. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 17(1), 42-47.; Joaquim et al., 2014Joaquim, R. H. V. T., Silvestrini, M. S., & Marini, B. P. R. (2014). Grupo de mães de bebês prematuros hospitalizados: experiência de intervenção de terapia ocupacional no contexto hospitalar. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 22(1), 145-150. http://dx.doi.org/10.4322/cto.2014.
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, 2017bJoaquim, R. H. V. T., Soares, F. B., Figueiredo, M. O., & Brito, C. M. D. (2017b). Terapia ocupacional e oncologia pediátrica: caracterização dos profissionais em centros de referência no estado de São Paulo. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 28(1), 36-45.; Correia et al., 2019Correia, L. A., Rocha, L. L. B., & Dittz, E. S. (2019). Contribuições do grupo de terapia ocupacional no nível de ansiedade das mães com recém-nascidos prematuros internados nas unidades de terapia intensiva neonatal. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 27(3), 574-583. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1694.
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).

Nessa direção, é possível verificar que os terapeutas ocupacionais têm utilizado, majoritariamente, recursos adquiridos para o atendimento do paciente pediátrico. Entretanto, considerando-se a importância da mãe acompanhante enquanto principal cuidadora na hospitalização infantil, bem como a garantia do cuidado integral, é primordial a aquisição de materiais para a intervenção com essa população no contexto hospitalar.

Os locais de atendimentos disponibilizados pelo hospital para a intervenção com as mães acompanhantes são a brinquedoteca, a classe hospitalar, a sala dos acompanhantes e a área externa da instituição. A brinquedoteca tem sido referida em outros estudos como local de intervenção do terapeuta ocupacional no contexto pediátrico (Lima & Almohalha, 2011Lima, M. S., & Almohalha, L. (2011). Desvelando o papel do terapeuta ocupacional na oncologia pediátrica em contextos hospitalares. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 22(2), 172-181.; Nunes et al., 2013Nunes, C. J. R. R., Rabelo, H. D., Falcão, D. P., & Picanço, M. R. A. (2013). A importância da brinquedoteca hospitalar e da terapia ocupacional sob a óptica da equipe de enfermagem de um hospital público do Distrito Federal. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(3), 505-510.; Joaquim et al., 2017bJoaquim, R. H. V. T., Soares, F. B., Figueiredo, M. O., & Brito, C. M. D. (2017b). Terapia ocupacional e oncologia pediátrica: caracterização dos profissionais em centros de referência no estado de São Paulo. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 28(1), 36-45.), juntamente com os espaços de convivência. Esses locais possibilitam a ambiência e tornam o espaço hospitalar mais acolhedor, auxiliando a adaptação à rotina institucional (Aniceto & Bombarda, 2020Aniceto, A. B., & Bombarda, T. B. (2020). Cuidado humanizado e as práticas do terapeuta ocupacional no hospital: uma revisão integrativa da literatura. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(2), 640-660.).

Considerações Finais

Os objetivos deste estudo foram alcançados e os dados produzidos evidenciam o processo de intervenção dos terapeutas ocupacionais com as mães acompanhantes na enfermaria pediátrica, ilustrado desde a primeira etapa da assistência, a avaliação, até o processo final, através das contribuições percebidas pelos profissionais.

As ações descritas, que perpassam pelos objetivos traçados, modelos, técnicas e recursos utilizados, podem nortear o raciocínio de outros terapeutas ocupacionais na assistência às acompanhantes. Enfatiza-se que, apesar de tratar da intervenção da terapia ocupacional, a assistência materna não se restringe a uma única profissão, visto que outras profissões da saúde também têm contribuído e podem, a partir deste estudo, refletir acerca da importância do trabalho interprofissional.

Destaca-se entre os resultados que a avaliação não é realizada através do uso de instrumentos padronizados específicos para as mães. Tal dificuldade torna-se uma barreira para mensurar o progresso das intervenções. Supõe-se que a lógica hospitalar de atenção influencia os recursos de atendimento às mães acompanhantes. Outra limitação na assistência ofertada às mães ocorre pelo fato de a atenção na enfermaria pediátrica ser voltada prioritariamente para a criança hospitalizada, considerando que os recursos destinados para a intervenção com as acompanhantes são adquiridos pela instituição para os pacientes hospitalizados. Contudo, reforça-se a importância do cuidado às mães acompanhantes no processo de cuidado da criança, tanto no ambiente hospitalar, quanto na continuidade do cuidado a partir da alta hospitalar.

As limitações deste estudo estão relacionadas ao número de participantes, com ênfase a uma participação maior dos profissionais da região Sudeste, sendo necessário o desenvolvimento de novas pesquisas que busquem ampliar a população e consigam incluir, em número significativo, terapeutas ocupacionais das demais regiões do Brasil. Outra limitação é a utilização do questionário online como instrumento de coleta, que supõe-se possa ter interferido no detalhamento das respostas.

Aponta-se que são necessárias futuras pesquisas visando maior aprofundamento das práticas hospitalares, principalmente de forma a superar as barreiras do contexto; bem como investigações que se debrucem sobre o uso ou desenvolvimento de instrumentos de avaliação específicos para mães que possam ser aplicados nessa circunstância de acompanhamento do filho hospitalizado. Aponta-se, também, a necessidade de desenvolvimento de pesquisas clínicas randomizadas pela terapia ocupacional com as mães acompanhantes para propiciar práticas baseadas em evidências.

  • 1
    O presente material é parte da dissertação apresentada pelo autor principal como requisito para obtenção do título de mestre em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos.
  • Como citar: Souza, L. R. S., & Joaquim, R. H. V. T. (2023). A prática de terapeutas ocupacionais com mães acompanhantes em enfermarias pediátricas. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 31, e3301. https://doi.org/10.1590/10.1590/2526-8910.ctoAO25243301
  • Fonte de Financiamento

    O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

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Editado por

Editora de seção

Profa. Dra. Marta Carvalho de Almeida

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Jan 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    10 Abr 2022
  • Revisado
    22 Set 2022
  • Aceito
    05 Out 2022
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