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O intérprete gentil: saudação ao amigo André Itaparica por ocasião de seus cinquenta anos1 1 Este artigo se beneficiou bastante da revisão de Glaura Cardoso Vale. Agradeço a ela, e também ao Olímpio Pimenta, pela leitura generosa de uma versão preliminar do texto. Agradeço a todo o GEN, na pessoa do atual editor dos Cadernos Nietzsche, Márcio José Silveira Lima, pelo honroso convite que me foi feito para contribuir com um artigo em homenagem ao André Itaparica neste número especial dos CN que celebra a primeiríssima geração do GEN. Aproveito esta nota para saudar todos os amigos e colegas do GEN, e em especial a sua fundadora, mestra de todos nós, professora Scarlett Marton.

The Gentle Interpreter: Greetings to the Friend André Itaparica on the Occasion of his 50th Anniversary

Resumo:

Este artigo é uma homenagem à trajetória de André Itaparica na pesquisa Nietzsche brasileira. Feita de um ponto de vista sobretudo pessoal, esta homenagem não poderia deixar de mencionar algumas das virtudes que se sobressaem em seu trabalho e que no meu entendimento conferem exemplaridade às suas contribuições para os estudos Nietzsche no Brasil. Entre essas virtudes destaco por fim a gentileza, que curiosamente não costuma figurar no catálogo das virtudes intelectuais. O trabalho de André Itaparica é um convite para que essa negligência seja revista.

Palavras-chave:
Itaparica; pesquisa Nietzsche; escrita filosófica; metodologia; naturalismo

Abstract:

This paper pays tribute to André Itaparica’s career in the Brazilian Nietzsche research. Written mostly from a personal point of view, this homage couldn’t fail to mention the many virtues embodied by his scholarly work, which in my view place it in an outstanding position in the Brazilian Nietzsche studies. Among his many virtues I finally emphasize courtesy, which remains largely unnoticed as an intellectual virtue. Itaparica’s work invites us, I submit, to compensate this undeserved neglect.

Keywords:
Itaparica; Nietzsche research; philosophical writing; methodology; naturalism

Penso poder afirmar também em nome de André que nossas trajetórias na filosofia coincidem em alguma medida com a trajetória da pesquisa Nietzsche, autor ao qual temos dedicado uma parte não desprezível de nossas energias desde o mestrado. A pesquisa filosófica se consolidou academicamente no Brasil sob a liderança intelectual de um conjunto de professores e professoras que inspiraram nossa geração, introduziram padrões de rigor científico na exegese de autores clássicos - cuidado com as edições, conhecimento da literatura secundária e do estado da arte, domínio da língua e do contexto intelectual dos autores investigados, clareza na apresentação das teses, correção argumentativa e precisão conceitual - e criaram as primeiras pontes para a internacionalização da nossa produção. É nesse contexto que se dá a consolidação da pós-graduação em Filosofia no Brasil, que após décadas de esforço coletivo dos nossos mestres e mestras encontrou seu lugar natural de expressão nos encontros bianuais da ANPOF. Esses encontros eram aguardados com grande ansiedade por nós, que fazíamos nossa estreia na pesquisa acadêmica na segunda metade da década de 1990.

Foi justamente na minha primeira participação em um encontro da ANPOF, mais precisamente na sua sétima edição, sediado em Águas de Lindóia, em São Paulo, entre 19 e 24 de outubro de 1996, que conheci André Itaparica. Não sei precisar quanto tempo depois a minha admiração por suas qualidades de pesquisador passou a sofrer a concorrência amigável da minha admiração por suas qualidades de caráter, mas posso dizer que ambas foram devidamente subsumidas no afeto da amizade, construída ao longo de vinte e cinco anos de uma continuada conversação sobre os mais diversos temas. Mas quando retorno àquela tarde de 22 ou 23 de outubro em Águas de Lindóia, em que fui apresentado ao André durante o coffee break do evento, a imagem que me vem à mente é a de dois jovens pesquisadores tentando articular conceitualmente um conjunto ainda disparatado de intuições sobre estilo e linguagem em Nietzsche (tema dos mais excitantes na época). Se não me trai a memória, André estava no último ano de sua graduação na Unicamp e já planejava se transferir para a USP, onde faria sua pós-graduação nos anos seguintes (mestrado em 1999, sobre a relação entre moral e estilo em Nietzsche, e doutorado em 2003, sobre a superação da dicotomia entre idealismo e realismo em sua filosofia madura). Trocamos algumas impressões sobre o livro do Nehamas e sobre a leitura de Paul de Man dos cursos de retórica do jovem Nietzsche. Não me lembro se chegamos a conversar sobre as notas introdutórias de Lacoue-Labarthe à tradução francesa desses cursos, mas é provável que não, embora na época eu estivesse me debruçando sobre esse material. Tínhamos grande admiração pelo livro de Nehamas - sobre o qual André escreveu recentemente um belíssimo artigo - ainda que eu não me livrasse da suspeita de que a noção de estilo mobilizada pelo autor era excessivamente formal para capturar o que Nietzsche tinha em mente. Nehamas falava em estilo, mas pensava em formas de apresentação ou de exposição dos argumentos (algo próximo à noção de gênero literário) - um desses equívocos luminosos que só grandes intérpretes são capazes de cometer. Essa foi uma intuição que tentei articular nessa primeira conversa com André e que depois cumpriria uma função no meu estudo sobre retórica em Nietzsche. Expressei algumas reservas em relação à leitura de Paul de Man, mas não me lembro se foram compartilhadas pelo André na época. É provável que ele tenha se comportado como bom baiano mineiro que é: diplomático, pouco dado a ênfases, mas sempre muito preciso e cirúrgico. Pelo menos é o que podemos inferir a partir do que ele mesmo diz sobre o tema em seu primeiro artigo acadêmico, publicado em 1998 nos Cadernos Nietzsche e intitulado “Filosofia, literatura, desconstruçãoITAPARICA, A. L. M. Filosofia, literatura, desconstrução. In: Cadernos Nietzsche, v. 5, 1998: p. 61-73.”. Nele encontramos uma restituição primorosa das principais teses de Paul de Man, seguida de uma avaliação crítica dos resultados, que destaca com apuro os insights e os pontos cegos dessa leitura para a compreensão do significado da linguagem na obra de Nietzsche, contestando a tese continuísta defendida pelo autor2 2 ITAPARICA, A. Filosofia, literatura, desconstrução. In: Cadernos Nietzsche, v. 5: p. 61-73. . Esse artigo exemplifica algumas das qualidades que serão a marca registrada de seus trabalhos acadêmicos (que inclui não apenas os seus artigos e livros, mas se estende às suas intervenções em bancas e conferências científicas): uma restituição precisa das teses e dos argumentos da posição em exame, orientada por uma rara capacidade para se concentrar no essencial e desconsiderar o periférico, uma condução segura da argumentação, expressa numa linguagem na qual prevalecem a sobriedade e a clareza, recorrendo aos meios mais econômicos para oferecer ao leitor um balanço crítico dos resultados. Entre o pathos e a distância, André indubitavelmente se filia à escola da distância crítica, o que não o impede de fazer uso do princípio da caridade hermenêutica. Se as teses sob escrutínio têm uma formulação ambígua, ele confere a elas a interpretação mais plausível dentre as compatíveis com o conjunto das evidências textuais.

Encerramos nossa primeira conversa com a promessa de que nos manteríamos em contato por e-mail, o que acabaria por não se cumprir nos próximos anos. Não estávamos suficientemente familiarizados com as ferramentas básicas (e ainda relativamente rudimentares) da internet, não tínhamos celulares nem havia redes sociais. O acesso à literatura primária e secundária, assim como a interlocução com os pares demandavam um empenho gigantesco (empréstimos entre bibliotecas que tomavam meses, negociações tensas com os amigos que tinham acesso aos grandes centros de pesquisa no exterior para encomendar xérox que não raro se extraviavam no caminho, viagens para os escassos eventos da área) e recursos financeiros que não estavam disponíveis à maioria de nós, jovens bolsistas ou professores mal remunerados tentando nos equilibrar entre a pesquisa e as primeiras experiências na docência. Em suma, não havia condições materiais nem tecnológicas disponíveis à época que facilitassem o diálogo. Isso certamente teria interferido no rumo de nossas respectivas pesquisas de mestrado, que convergiam em alguns pontos e divergiam em outros, conforme tivemos oportunidade de constatar alguns anos depois, numa conversa no décimo primeiro andar da UERJ, onde participamos de uma mesma sessão de comunicações para apresentar os resultados de nossas pesquisas. Era o ano de 2000, mas pode ter sido também em 2001, não sei ao certo, e participávamos de uma das edições do Simpósio Internacional Assim Falou Nietzsche. Havíamos terminado nossos mestrados, eu lecionava Filosofia Medieval no Departamento de Filosofia da UFOP e André já havia iniciado o doutorado e estava de malas prontas para uma estadia de pesquisa em Leipzig, onde seria supervisionado pelo Prof. Christoph Türcke. Ele me falou sobre as linhas gerais de seu projeto de Tese enquanto caminhávamos pelo bairro da Glória em direção ao Amarelinho, após termos nos deslocado de metrô do Maracanã para o centro do Rio. Foi a primeira cerveja que tomamos juntos, se minha memória não me trai com recordações de alguma outra vida, ou se não estou a confundir as décadas e as capitais. Dois anos depois desse nosso encontro no Rio, André defenderia sua Tese de Doutoramento na USP. Tendo como tema as diversas tentativas de superação da dicotomia entre idealismo e realismo na filosofia teórica de Nietzsche, o trabalho só se tornou acessível no formato de livro muito recentemente (2019)3 3 Itaparica, A. Idealismo e Realismo na Filosofia de Nietzsche. São Paulo: Editora Unifesp, 2019. .

Antes de me mudar para a Alemanha, no início de 2005, ainda nos encontraríamos em duas outras ocasiões. A primeira delas foi durante a quarta edição do Encontros Nietzsche organizado pelo GEN na USP, salvo engano em setembro de 2003, quando pude acompanhar a exposição das linhas gerais da seção final de sua Tese. A reivindicação básica era que a filosofia processual do último Nietzsche ofereceria elementos para a tão ambicionada superação da clássica dicotomia entre idealismo e realismo. Os elementos mobilizados por Nietzsche para tornar plausível essa superação poderiam por fim contribuir para o debate contemporâneo em torno do antirrealismo, sugeria André no fecho da sua exposição. A solução me pareceu engenhosa e bem sustentada, além de instanciar as referidas qualidades de sua prosa filosófica, postas agora a serviço de um projeto mais ambicioso, que acomodava reivindicações tanto exegéticas quanto sistemáticas. Entre a publicação do primeiro artigo em 1998 e a defesa da Tese, havia uma nítida continuidade na forma de exposição, mas ao mesmo tempo uma inequívoca ampliação das ambições filosóficas do trabalho do intérprete, que se refletia no uso controlado de um ligeiro anacronismo (de inspiração anglo-saxã, mas também por que não dizer, nietzschiana), disciplinado por um pluralismo metodológico (pouco usual nas abordagens analíticas) sobre os quais voltarei a falar em breve.

Nesse mesmo Encontros Nietzsche apresentei os primeiros resultados de um dos aspectos da minha pesquisa de doutorado: uma tentativa de descrever como as transformações impostas ao ceticismo antigo por Montaigne e Pascal teriam influenciado a avaliação nietzschiana de sua viabilidade prática. Embora eu tenha uma nítida recordação da impressão geral produzida em mim pela exposição do André naquele distante evento de 2003, não me recordo de termos trocado quaisquer impressões sobre nossos respectivos trabalhos naquela ocasião. Mas é bastante improvável que isso não tenha ocorrido, pois foi então que começamos a estreitar os nossos laços de amizade nas inúmeras conversas informais que tivemos ao longo desses dias de convívio, que se estendiam para os bares da noite paulistana nos quais fui sendo introduzido por ele e por outros colegas da primeiríssima geração do GEN e que agora estão completando um quarto de século de consistente trajetória acadêmica. Aqui dificilmente a memória me trai: essas foram a segunda, terceira, quarta e quinta cerveja que tomamos juntos. Já não éramos tão jovens, mas ainda éramos o suficiente para sobreviver a uma sequência de noitadas e acompanhar as atividades acadêmicas do dia seguinte. André, com o doutorado defendido, se preparava para a usual maratona de concursos. Eu me despedia da UFOP às vésperas de completar oito anos de casa.

Antes da minha partida para a Alemanha ainda teríamos ocasião de nos ver novamente, dessa vez em Salvador, durante o XI Encontro da ANPOF, entre 18 e 22 de outubro. Esse seria o primeiro de muitos outros encontros em sua terra natal. Não me recordo ao certo se ele já havia retornado definitivamente à Bahia, ou se estava no périplo dos concursos, que se encerraria com o seu ingresso na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) ainda durante a minha estadia na Alemanha (no ano de 2006). Minha participação nessa edição da ANPOF foi uma participação relâmpago: estava nos preparativos para a minha mudança para a Alemanha, com uma enormidade de trabalhos em Minas Gerais e com uma viagem agendada para Belém onde iria oferecer um minicurso sobre direitos humanos para as forças de segurança do Estado do Pará. Fiquei apenas dois dias em Salvador, mas logo após a minha apresentação (à qual ele gentilmente compareceu) tive uma longa conversa com o André no bar do hotel sobre os desafios e as perspectivas da carreira, e sobre as minhas expectativas em relação à estadia na Alemanha. Nos despedimos de forma calorosa enquanto aguardávamos um táxi para o aeroporto que dividi com meu amigo Ernesto Perini. Não seria dessa vez que André me introduziria à sua cidade natal. Sequer tivemos oportunidade de tomar uma cerveja juntos.

Voltamos a nos encontrar somente quatro anos depois, na XIII edição do Encontro da ANPOF, que ocorreu entre 06 e 10 de outubro de 2008, na cidade de Canela. André ocupava a vice-diretoria do Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB e eu aguardava a nomeação para o Departamento de Filosofia da UFMG. Dessa vez tivemos tempo para tomar algumas cervejas juntos e colocar a conversa em dia. No ano seguinte (2009) nos encontramos novamente em duas ocasiões: em Campinas, durante o II Encontro Nacional do GT Nietzsche da ANPOF, sediado na PUC-Campinas e organizado pela colega Vânia Dutra de Azeredo, e pouco tempo depois no Rio, durante o VI Simpósio Internacional Assim Falou Nietzsche, sediado na UNIRIO, organizado pelos amigos Miguel Angel Barrenechea e Charles Feitosa e dedicado à relação de Nietzsche com as ciências. Eu havia sido convidado para compor a mesa de abertura, e ainda hoje me recordo da expressão de espanto do André ao entrar no auditório da UNIRIO, logo após o término das apresentações, com a bagagem de mão e uma pequena mala de rodinha, e constatar entre incrédulo e atônito que eu repetia no microfone para alguém na audiência, de forma pausada e nítida: “enculer o c***!”. Estávamos entregues a uma acalorada disputa de natureza metodológica, que por si só já era suficientemente constrangedora, mas para alguém que tinha acabado de entrar no auditório e não dispunha do contexto (situação semelhante a esta na qual se encontra agora os leitores, pois não ouso aborrecê-los com maiores detalhes do incidente) seria mais que justificada a crença de que eu tinha sido acometido por um surto psicótico. Esse episódio nos rendeu boas risadas nos dias seguintes. Mas para além do aspecto anedótico, foi possível constatar nas conversas que tivemos tanto em Campinas quanto no Rio que nossas pesquisas se moviam para direções muito parecidas: os aspectos naturalistas da filosofia de Nietzsche entravam definitivamente em nossas agendas de pesquisa, e compartilhávamos algumas intuições sobre o modo mais produtivo de abordar esses aspectos.

Passamos a nos encontrar com maior regularidade desde então. O fortalecimento de nossos vínculos de amizade se beneficiou de sua maior presença em Belo Horizonte, por razões de natureza familiar, mas coincidiu também com o fortalecimento do sistema de ensino superior no Brasil como um todo. A universidade pública brasileira vivia então um de seus melhores momentos. Havia muito entusiasmo e otimismo entre colegas e estudantes, estávamos em meio ao processo de expansão, de democratização do acesso e de descentralização da universidade pública que se iniciou com o REUNI e fez com que a vida acadêmica assumisse um ritmo por vezes vertiginoso. Na pós-graduação, os eventos se multiplicavam e havia muita pressão para que a nossa produção se tornasse finalmente internacionalizada. Foi nesse contexto de grande euforia que criamos o Grupo Nietzsche da UFMG (GruNie) no início de 2009, para acolher a crescente demanda da pesquisa Nietzsche na instituição. Cito a criação do GruNie pois foi a partir de então que a minha parceria com André Itaparica assumiu contornos, digamos, institucionais. Ele esteve desde o início presente nas atividades do grupo, seja como conferencista nos eventos que organizamos, seja como membro examinador nas bancas acadêmicas de mestrado e doutorado, seja como interlocutor nas reuniões em que teve ocasião de estar presente - uma delas em pleno recesso de carnaval, quando discutimos uma versão preliminar de seu artigo sobre Nietzsche e Darwin4 4 Artigo publicado na coletânea que reuniu as contribuições do VI Simpósio Internacional Assim Falou Nietzsche a que fiz referência acima. Cf. Itaparica, A. Darwin e Nietzsche: natureza e moralidade. In: Barrenechea, M. A. et al. Nietzsche e as ciências. Rio de Janeiro: 7Letras, 2011: p. 60-71. -, seja colaborando com as publicações do grupo. Essa continuada parceria fez com que André Itaparica se tornasse quase que um segundo supervisor para alguns de meus orientandos e orientandas. Seus textos sempre foram referência para os trabalhos do grupo, não apenas no que se refere à substância das teses defendidas por ele (sempre passíveis de controvérsia, como toda tese substantiva em filosofia), mas sobretudo em relação ao seu apuro formal que, insisto, considero exemplar para o conjunto da pesquisa Nietzsche no Brasil.

Alguns parágrafos acima prometi que trataria com mais vagar da evolução no método de trabalho de André Itaparica. Eu havia dito que entre a publicação do seu primeiro artigo em 1998 e a defesa de sua Tese de doutoramento em 2003 se podia perceber uma nítida continuidade no estilo de exposição, mas ao mesmo tempo uma inequívoca ampliação das ambições filosóficas de seu trabalho como intérprete, que se refletia no uso controlado de um ligeiro anacronismo, disciplinado por um pluralismo metodológico que julgo ausente na literatura mais afeita a esse expediente (notadamente a da tradição analítica, que salvo raras exceções tende a fazer pouco caso do esforço de reconstrução contextual, quando não faz um uso por demais seletivo e controverso do próprio corpus textual). Essa tentativa de combinar esforço exegético (que se realiza por meio do referido pluralismo metodológico, e não mais pela adoção exclusiva da chamada análise estrutural da obra) e checagem do valor sistemático das teses à luz do debate filosófico contemporâneo ainda é pouco usual na historiografia filosófica brasileira. Pode-se reivindicar a seu favor uma inspiração genuinamente nietzschiana, pois o filósofo alemão não apenas recomendou, como aplicou exemplarmente o preceito segundo o qual nosso olhar sobre o passado deve estar orientado pelos desafios teóricos postos pelo presente5 5 Também nesse aspecto metodológico Nietzsche foi fortemente influenciado pela História do Materialismo de F. A. Lange, que reconstrói toda a história da filosofia com o intuito de responder a uma querela da sua época e de fixar os termos de uma reconciliação crítica entre o que ele considerava as duas grandes tendências supostamente antagônicas no Ocidente: o materialismo e o idealismo. Podemos até mesmo especular se a tese de Itaparica segundo a qual a obra de Nietzsche é atravessada pela tentativa de superar a dicotomia entre idealismo e realismo não teria sido pelo menos parcialmente tributária do modo como Lange compreende o seu próprio projeto filosófico. No século XIX alemão, o realismo está fortemente associado à tendência materialista, enquanto sua contrapartida epistemológica. . Esse modo de lidar com a história da filosofia faz um uso moderado do anacronismo, mas isso não deve nos induzir ao equívoco de supor que o esforço de atualização filosófica das teses opera em detrimento da reconstrução do contexto intelectual em que elas foram originalmente formuladas ou pela desconsideração das evidências textuais disponíveis. A Tese de André Itaparica, finalmente disponível em formato de livro, lança mão de um pluralismo metodológico que permite a ele disciplinar o uso do anacronismo. Sua investigação mobiliza: 1. o estudo de fontes em formato mais tradicional (com o intuito de situar Nietzsche em seu contexto intelectual); 2. história das ideias no estilo comparativo (a reconstrução do debate moderno em torno do idealismo e do realismo não está acompanhada de uma reivindicação de que tais e tais autores tenham sido efetivamente recepcionados por Nietzsche); 3. análise imanente de textos (uso sincronizado de póstumos e livros publicados); e 4. enfoque genético (acompanhando as mudanças nos compromissos teóricos de Nietzsche e procurando identificar os impasses teóricos que as motivaram). Esse pluralismo metodológico talvez esteja presente em todo bom estudo historiográfico. No livro de Itaparica, contudo, todos esses recursos estão a serviço de uma tarefa principal, fixada pelo referido exercício de anacronismo. Trata-se de produzir um conjunto heterogêneo de argumentos que corroborem a tese de que a tentativa de superar a dicotomia entre idealismo e realismo está presente em toda a trajetória filosófica de Nietzsche, culminando numa solução que o autor avalia como satisfatória à luz dos debates contemporâneos. O esforço exegético deve estar subordinado à tarefa de avaliar criticamente em que medida a solução que um autor oferece a um problema é argumentativamente satisfatória e se ela permite ampliar o leque de opções teóricas disponíveis nos debates contemporâneos. Nessa medida, espera-se que os ganhos cognitivos da pesquisa não se limitem a uma mera expansão do nosso conhecimento sobre o passado, mas incluam também uma ampliação das opções filosóficas do presente. No estudo em questão, não se trata de encontrar em Nietzsche uma antecipação de certas teses metafísicas e epistemológicas de Putnam e de Goodman, mas de mostrar que as afinidades são suficientes para autorizar a expectativa de um enriquecimento mútuo. O aprendizado é de mão dupla. Nem o presente nem o passado são perspectivas estanques. Para se mover com proveito entre uma perspectiva e outra é preciso, entretanto, a ousadia desse olhar anacrônico disciplinado pelo rigor do método. Em um trecho de sua resenha sobre o livro de Nehamas Nietzsche: Life as Literature, Robert Solomon faz a seguinte afirmação: “Nehamas deixou claro por algum tempo sua intenção de traçar um caminho mediano (tanto como intérprete de Nietzsche e também como filósofo) em algum lugar no Canal da Mancha, entre a Cila da ortodoxia analítica anglo-americana, maçante e conservadora, e o Caríbdis da alternativa francesa, radicalmente heterodoxa”6 6 Schacht, R. “Review of Nietzsche: Life as Literature”. In: The Philosophical Review, Vol. 97 (2), Apr., 1988, p. 267 (apud Itaparica, A. Filosofia, literatura e vida: o esteticismo em Nietzsche e Nehamas, p. 22. In: Azeredo, V. D. Frezzatti Jr. W. A. (Orgs.). Nietzsche e seus intérpretes. Curitiba, Editora CRV: 2020. . Esse trecho, citado por André Itaparica em artigo dedicado ao livro de Nehamas, poderia se aplicar ao seu próprio trabalho, desde que acrescentemos uma pequena, mas crucial correção. O seu Caríbdis não se encontra tanto no radicalismo da heterodoxia francesa, mas na sobriedade da consciência filológica alemã e italiana7 7 A recusa da radicalidade francesa já se faz presente nas páginas iniciais de seu primeiro livro publicado, que é uma versão ligeiramente modificada de sua Dissertação de Mestrado, defendida em 1999. Cf. Itaparica, A. Nietzsche: Estilo e Moral. São Paulo/Ijuí: Discurso Editorial/Ed. Unijuí, 2002 (Introdução). .

Esse uso moderado do anacronismo, disciplinado pelo pluralismo metodológico e posto a serviço de um intercâmbio produtivo entre passado e presente, é um padrão que identifico em outros estudos de André Itaparica. Eu destacaria na sua produção mais recente pelo menos duas frentes de pesquisa (em andamento) que exploram as possibilidades desse modelo. Penso sobretudo nos artigos de Itaparica que investigam a relação de Nietzsche com a tradição pragmatista e com o naturalismo contemporâneo. Em ambas as frentes de pesquisa podemos perceber a tentativa de aplicar esse modelo do aprendizado de mão dupla. Debates contemporâneos orientam o olhar sobre o passado. Contudo, a incursão pelo passado (que não deve ser meramente recreativa, já que exige uma restituição cuidadosa dos termos em que o debate se deu) produz resultados que sugerem novos rumos para o presente. No artigo sobre a relação de Nietzsche com o pragmatismo, o primeiro movimento consiste em ler o filósofo alemão a partir de certas teses e conceitos caros a esse movimento (o conceito de verdade ocupa o centro da discussão), mas sem perder de vista os vínculos histórica e textualmente verificáveis dessa afinidade. Conclui-se com a sugestão de que o diálogo com a obra de Nietzsche permitiria incorporar uma dimensão estética à tradição pragmatista8 8 Cf. Itaparica, A. Poiesis: nietzschianizando o pragmatismo, pragmatizando Nietzsche. In: Souza, J. C. (org.). Filosofia, ação, criação: poética pragmática em movimento. Salvador: EDUFBA, 2021: p. 131-148. . Na segunda frente de pesquisa, ainda em andamento, os projetos contemporâneos de naturalização da moralidade são confrontados com uma versão bastante mais sombria do naturalismo, com uma psicologia moral de orientação realista e com um modelo normativo que permanece cercado de ambiguidades e de imprecisões, mas que certamente destoa das versões reconfortantes que prevalecem nos modelos mais convencionais cuja genealogia remonta ao século XIX9 9 Cf. Itaparica, A. Nietzsche e Paul Rée: o projeto de naturalização da moral em Humano, demasiado humano. Dissertatio (UFPel), v. 38, verão de 2013: p. 57-77. Sobre as linhas mais gerais do projeto, cf. Itaparica, A. A genealogia como programa de pesquisa naturalista. Revista Discurso, v. 48, n. 2, 2018: p. 25-41. O tema da naturalização da moral em Nietzsche o ocupa desde muito antes, na verdade. Ver Itaparica, A. Notas sobre a naturalização da moral. In: Paschoal, A. E.; Frezzatti Jr. W. A. (Org.). 120 Anos de Parar a Genealogia da Moral. Ijuí: Unijuí, 2008: p. 29-46. . Todos que acompanham de perto o trabalho de André devem estar ansiosos pelos desdobramentos futuros de sua pesquisa sobre as implicações normativas do projeto de naturalização10 10 As indicações que temos até o momento sugerem que ele considera promissora a proposta de Richard Schacht de uma solução de tipo sentimentalista para a questão das fontes da nossa normatividade. Cf. Itaparica, 2018: p. 33-36, esp. p. 35. . Há inúmeras incertezas em relação à viabilidade teórica de um projeto de naturalização da normatividade. Mesmo a tese de que Nietzsche teria interesse em debates propriamente normativos (para além de seu incontestável interesse na reconstrução genealógica das nossas crenças normativas) tem sido objeto de acirrada controvérsia entre os intérpretes.

Haveria ainda muito mais a ser dito sobre as contribuições de André Itaparica para a pesquisa Nietzsche no Brasil. Inúmeros outros artigos mereceriam destaque, seja pela originalidade do tratamento11 11 Nesse grupo eu destacaria o artigo luminoso intitulado “Crença e conhecimento em Nietzsche”, publicado no Cadernos Nietzsche, v. 36, n. 2, 2015: p. 201-218 e o artigo muito esclarecedor sobre as críticas de Nietzsche à coisa em si, do qual tenho a alegria de ter sido editor, intitulado “As objeções de Nietzsche ao conceito de coisa em si”. In: Kriterion (UFMG), v. 54, 2013: p. 307-320. , seja por tornar acessível ao público brasileiro o estado da arte de alguns debates centrais da pesquisa Nietzsche internacional12 12 Nesse grupo eu destacaria os diversos artigos que tratam da relação entre Nietzsche e Freud, Nietzsche e Darwin, Nietzsche e Kant, Nietzsche e Boscovich, Nietzsche e Schopenhauer e Nietzsche e Lange. . Seria preciso mencionar o seu trabalho de editor junto aos Cadernos Nietzsche, assim como seu trabalho de tradução. Poderíamos explorar a consistência de algumas das suas teses, o teor de suas escolhas filosóficas e os contornos que elas conferem à imagem mais geral da filosofia de Nietzsche que está contida em seus escritos. Mas prefiro tomar outro caminho e concluir em um tom mais pessoal, que julgo mais adequado à ocasião.

Deixo aqui registradas algumas das minhas impressões mais subjetivas, fiapos de algumas memórias pessoais (observadas as regras do devido decoro) e o meu mais sincero agradecimento ao André, pelo privilégio da convivência. Nas raras ocasiões em que fala sobre seu próprio trabalho, André gosta de descrever a si mesmo como uma pessoa simples, e sugere que essa simplicidade seria o traço mais saliente em sua lida com a filosofia. Gostaria de encerrar sugerindo que devemos dar um passo atrás e encontrar a raiz mais profunda dessa simplicidade em uma virtude cardeal que identifico no nosso homenageado. André é sobretudo um homem gentil, e é sua extraordinária gentileza que permite que ele se aproxime dos problemas filosóficos com a convicção de que há sempre uma forma simples de abordá-los, de expor as suas engrenagens sem se perder em algum labirinto do discurso na ilusão (doce ou amarga, pouco importa!) de que estamos a fazer justiça ao labirinto do real. Essa é a sua forma particular, talvez instintiva, de seguir a recomendação de Nietzsche de que deveríamos lidar com os problemas filosóficos com a agilidade dos que entram em um banho frio. Essa forma cortês de abordar os problemas recusa qualquer gesto espalhafatoso e mantém sob controle as virtudes dialéticas que entre nós, filósofos, com muita frequência degeneram em vício. André sabe como poucos que é preciso poupar ao leitor a vista dos andaimes e não ceder a malabarismos gratuitos que distraiam a atenção da nossa inteligência. A economia de seu fraseado atende a um traço marcante e virtuoso da sua personalidade. Aqui, moral e estilo estão em perfeita sintonia. Obrigado André: é uma grande honra ser seu colega de geração. E imensa é a minha alegria por ter me tornado seu amigo ao longo dessa jornada. O resto é barulho, ou má literatura.

Referências

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  • ______. Notas sobre a naturalização da moral. In: PASCHOAL, A. E.; FREZZATTI Jr. W. A. (Org.). 120 Anos de Parar a Genealogia da Moral Ijuí: Unijuí, 2008: p. 29-46.
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    Este artigo se beneficiou bastante da revisão de Glaura Cardoso Vale. Agradeço a ela, e também ao Olímpio Pimenta, pela leitura generosa de uma versão preliminar do texto. Agradeço a todo o GEN, na pessoa do atual editor dos Cadernos Nietzsche, Márcio José Silveira Lima, pelo honroso convite que me foi feito para contribuir com um artigo em homenagem ao André Itaparica neste número especial dos CN que celebra a primeiríssima geração do GEN. Aproveito esta nota para saudar todos os amigos e colegas do GEN, e em especial a sua fundadora, mestra de todos nós, professora Scarlett Marton.
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    ITAPARICA, A. Filosofia, literatura, desconstrução. In: Cadernos Nietzsche, v. 5: p. 61-73.
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    Itaparica, A. Idealismo e Realismo na Filosofia de Nietzsche______. Idealismo e Realismo na Filosofia de Nietzsche. São Paulo: Editora Unifesp, 2019.. São Paulo: Editora Unifesp, 2019.
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    Artigo publicado na coletânea que reuniu as contribuições do VI Simpósio Internacional Assim Falou Nietzsche a que fiz referência acima. Cf. Itaparica, A. Darwin e Nietzsche: natureza e moralidade. In: Barrenechea, M. A. et al. Nietzsche e as ciências______. Darwin e Nietzsche: natureza e moralidade. In: BARRENECHEA, M. A. et al. Nietzsche e as ciências. Rio de Janeiro: 7Letras, 2011: p. 60-71.. Rio de Janeiro: 7Letras, 2011: p. 60-71.
  • 5
    Também nesse aspecto metodológico Nietzsche foi fortemente influenciado pela História do Materialismo de F. A. Lange, que reconstrói toda a história da filosofia com o intuito de responder a uma querela da sua época e de fixar os termos de uma reconciliação crítica entre o que ele considerava as duas grandes tendências supostamente antagônicas no Ocidente: o materialismo e o idealismo. Podemos até mesmo especular se a tese de Itaparica segundo a qual a obra de Nietzsche é atravessada pela tentativa de superar a dicotomia entre idealismo e realismo não teria sido pelo menos parcialmente tributária do modo como Lange compreende o seu próprio projeto filosófico. No século XIX alemão, o realismo está fortemente associado à tendência materialista, enquanto sua contrapartida epistemológica.
  • 6
    Schacht, R. “Review of Nietzsche: Life as Literature”. In: The Philosophical Review, Vol. 97 (2), Apr., 1988, p. 267 (apud Itaparica, A. Filosofia, literatura e vida: o esteticismo em Nietzsche e Nehamas, p. 22. In: Azeredo, V. D. Frezzatti Jr. W. A. (Orgs.). Nietzsche e seus intérpretes______. Filosofia, literatura e vida: o esteticismo em Nietzsche e Nehamas. In: AZEREDO, V. D. FREZZATTI Jr. W. A. (Orgs.). Nietzsche e seus intérpretes. Curitiba, Editora CRV: 2020.. Curitiba, Editora CRV: 2020.
  • 7
    A recusa da radicalidade francesa já se faz presente nas páginas iniciais de seu primeiro livro publicado, que é uma versão ligeiramente modificada de sua Dissertação de Mestrado, defendida em 1999. Cf. Itaparica, A. Nietzsche: Estilo e Moral______. Nietzsche: Estilo e Moral. São Paulo/Ijuí: Discurso Editorial/Ed. Unijuí, 2002.. São Paulo/Ijuí: Discurso Editorial/Ed. Unijuí, 2002 (Introdução).
  • 8
    Cf. Itaparica, A. Poiesis: nietzschianizando o pragmatismo, pragmatizando Nietzsche______. Poiesis: nietzschianizando o pragmatismo, pragmatizando Nietzsche. In: SOUZA, J. C. (org.). Filosofia, ação, criação: poética pragmática em movimento. Salvador: EDUFBA, 2021: p. 131-148.. In: Souza, J. C. (org.). Filosofia, ação, criação: poética pragmática em movimento. Salvador: EDUFBA, 2021: p. 131-148.
  • 9
    Cf. Itaparica, A. Nietzsche e Paul Rée: o projeto de naturalização da moral em Humano, demasiado humano______. Nietzsche e Paul Rée: o projeto de naturalização da moral em Humano, demasiado humano. Dissertatio (UFPel), v. 38, verão de 2013: p. 57-77.. Dissertatio (UFPel), v. 38, verão de 2013: p. 57-77. Sobre as linhas mais gerais do projeto, cf. Itaparica, A. A genealogia como programa de pesquisa naturalista______. A genealogia como programa de pesquisa naturalista. Revista Discurso, v. 48, n. 2, 2018: p.25-41.. Revista Discurso, v. 48, n. 2, 2018: p. 25-41. O tema da naturalização da moral em Nietzsche o ocupa desde muito antes, na verdade. Ver Itaparica, A. Notas sobre a naturalização da moral. In: Paschoal, A. E.; Frezzatti Jr. W. A. (Org.). 120 Anos de Parar a Genealogia da Moral______. Notas sobre a naturalização da moral. In: PASCHOAL, A. E.; FREZZATTI Jr. W. A. (Org.). 120 Anos de Parar a Genealogia da Moral. Ijuí: Unijuí, 2008: p. 29-46.. Ijuí: Unijuí, 2008: p. 29-46.
  • 10
    As indicações que temos até o momento sugerem que ele considera promissora a proposta de Richard Schacht de uma solução de tipo sentimentalista para a questão das fontes da nossa normatividade. Cf. Itaparica, 2018______. A genealogia como programa de pesquisa naturalista. Revista Discurso, v. 48, n. 2, 2018: p.25-41.: p. 33-36, esp. p. 35.
  • 11
    Nesse grupo eu destacaria o artigo luminoso intitulado “Crença e conhecimento em Nietzsche______. Crença e conhecimento em Nietzsche. In: Cadernos Nietzsche, v. 36, n. 2, 2015: p. 201-218.”, publicado no Cadernos Nietzsche, v. 36, n. 2, 2015: p. 201-218 e o artigo muito esclarecedor sobre as críticas de Nietzsche à coisa em si, do qual tenho a alegria de ter sido editor, intitulado “As objeções de Nietzsche ao conceito de coisa em si______. As objeções de Nietzsche ao conceito de coisa em si. In: Kriterion (UFMG), v. 54, 2013: p. 307-320.”. In: Kriterion (UFMG), v. 54, 2013: p. 307-320.
  • 12
    Nesse grupo eu destacaria os diversos artigos que tratam da relação entre Nietzsche e Freud, Nietzsche e Darwin, Nietzsche e Kant, Nietzsche e Boscovich, Nietzsche e Schopenhauer e Nietzsche e Lange.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Abr 2022
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2022

Histórico

  • Recebido
    26 Nov 2021
  • Aceito
    20 Dez 2021
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