Introdução: A Organização Mundial de Saúde define a Prática Colaborativa Interprofissional (PCI) como uma das abordagens para o enfrentamento dos desafios e crescente complexidade no cuidado por trazer melhoria na qualidade da atenção. A PCI representa uma alternativa para a fragmentação das ações desenvolvidas pelos profissionais de diferentes áreas, por meio da integralidade do cuidado. A formação profissional passa a requerer processos formativos que permitam desenvolver competências relacionadas à PCI, tais como as pós-graduações lato sensu, na modalidade de residência, que se constituem uma formação pelo/com o serviço de saúde. Objetivos: Compreender a experiência dos residentes sobre a PCI em um hospital universitário, identificar como e onde as experiências de PCI ocorrem e o sujeitos envolvidos, identificar como ocorre a participação dos usuários e identificar as barreiras e potencialidades para PCI no contexto analisado. Método: Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa. Foram realizadas 14 entrevistas individuais semiestruturadas com base na Técnica do Incidente Crítico com residentes da pós- graduação lato sensu nas modalidades Residência Multiprofissional de Saúde e em Área Profissional de Saúde de seis programas de residência que tem como locus o Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP). As entrevistas semiestruturadas foram transcritas e analisadas segundo análise temática de Bardin e os dados empíricos organizados por meio do software Atlas.ti. Todos os procedimentos éticos foram realizados e a pesquisa iniciada após autorização do comitê de ética em pesquisa com seres humanos da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo e do HU-USP. Resultados: As experiências dos residentes constituíram três categorias: o contexto do ambiente hospitalar universitário e a PCI; os sujeitos envolvidos na PCI; e as ações de PCI no hospital universitário. Os resultados apontaram uma experiência limitada dos residentes em relação à PCI devido predominantemente a barreiras institucionais e de formação dos profissionais. Na estrutura enrijecida dos processos de trabalho relatados, destacaram-se as ações informais, e entre os sujeitos, os residentes foram apontados como potencializadores da PCI. Conclusões: Apesar das frágeis evidências de PCI, o HU-USP caracteriza- se como cenário favorável para o seu desenvolvimento. A educação interprofissional por meio da educação permanente em saúde e o apoio institucional são chaves para o sucesso da PCI no HU-USP. Por fim, espera-se que esta pesquisa fortaleça a PCI em contextos hospitalares e permita ampliar a reflexão sobre a temática no âmbito de hospitais universitários e mais especificamente, no contexto das residências multi e uniprofissionais.

Introduction: The World Health Organization defines Interprofessional Collaborative Practice (ICP) as one of the approaches to face the challenges and growing complexity in care, as it improves the quality of care. ICP represents an alternative to the fragmentation of actions developed by professionals from different areas, by means of comprehensive care. Professional education requires training processes that allow the development of competencies related to ICP, such as lato sensu post-graduate courses, in the modality of residency, which constitute training by/with the health service. Aims: To understand the residents experience about ICP in a university hospital, to identify how and where the ICP experiences occur and the subjects involved, to identify how user participation occurs and to identify the barriers and potentialities for ICP in the context analyzed. Method: This is a research with a qualitative approach. Fourteen individual semi-structured interviews based on the Critical Incident Technique were carried out with residents of the lato sensu post- graduation in the modalities Multiprofessional Health Residency and in Professional Health Area of six residency programs that have as locus the University Hospital of the University of São Paulo (UH-USP). The semi-structured interviews were transcribed and analyzed according to Bardin's thematic analysis and the empirical data organized using the Atlas.ti software. All ethical procedures were performed, and the research started after authorization from the ethics committee on research with human beings of the School of Nursing of the University of São Paulo and UH-USP. Results: The residents' experiences constituted three categories: the context of the university hospital environment and ICP; ICP actions in the university hospital; and the subjects involved in ICP. The results pointed to a limited experience of residents in relation to ICP predominantly due to institutional barriers and training of professionals. In the rigid structure of the work processes reported, informal actions stood out, and among the subjects, residents were pointed out as enhancers of ICP. Conclusions: Despite the fragile evidence of ICP, the UH-USP is characterized as a favorable scenario for its development. Interprofessional education through continuing education in health and institutional support are key to the success of ICP in UH-USP. Finally, it is expected that this research will strengthen the ICP in hospital settings and allow broadening the reflection on the theme within university hospitals, and more specifically, in the context of multidisciplinary and uniprofessional residencies.