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Ciencia & trabajo

On-line version ISSN 0718-2449

Cienc Trab. vol.18 no.55 Santiago  2016

http://dx.doi.org/10.4067/S0718-24492016000100009 

ARTICULO ORIGINAL

 

O uso de simuladores em atividades de formação para profissionais dos transportes rodoviários

 

El uso de simuladores en las actividades de formación para los profesionales del transporte de carretera

 

Thiago Drumond Moraes

Professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, Brasil. E-mail: thiago.moraes@ufes.br.

Correspondencia/Correspondence:


Resumo

Profissionais de transportes rodoviários terrestre figuram entre as principais vítimas em acidentes de trabalho. Entre as soluções para o quadro dos acidentes envolvendo esses condutores, sugerem-se aprimoramento das formações profissionais. Entre os métodos para viabilizar tais treinamentos, verifica-se aumento do uso de simuladores de direção. verifica-se também aumento de estudos investigando seus usos, eficácia e efetividade. Revisões sobre a eficácia dos usos de simuladores de condução foram publicados, porém nenhum restringe-se às formações direcionadas aos profissionais rodoviários. Contribuindo para superar tal lacuna, realizamos uma revisão da literatura internacional sobre o uso de simuladores de direção para a formação dos profissionais rodoviários, verificando suas potencialidades, bem como os pressupostos teórico-epistemológicos embasando as decisões metodológicas e as possibilidades ainda não exploradas. Recorremos a: artigos de revistas indexadas, resumos de conferências e relatórios de pesquisas, consultados por diversas bases de dados internacionais. Observamos que não há grandes justificativas para se investir em simuladores, eles são instrumentos promissores, apesar de tudo, sobretudo por haver possibilidades de usos ainda não estudadas, sendo necessárias mais pesquisas sobre o assunto. Apresentamos algumas dessas possibilidades ainda não investigadas, demonstrando suas viabilidades.

Palavras-chave: simulação, transportes, desenvolvimento de pessoal.


Resumen

Trabajadores del transporte de carretera se encuentran entre las principales víctimas de accidentes. Entre las soluciones al asunto los de accidentes que envuelven a esos conductores se sugiere la mejora de la formación profesional. Entre los métodos para viabilizar tales entrenamientos, se verifica un aumento del uso de simuladores de conducción. Se verifica también un aumento de estudios investigando sus usos, eficacia e efectividad. Revisiones sobre la eficacia de los usos de simuladores de conducción fueron publicados, pero ninguno se restringe a las formaciones direccionadas a los profesionales del transporte. Contribuyendo para superar tal laguna, realizamos una revisión de la literatura internacional sobre el uso de simuladores de dirección para la formación de los profesionales del transporte, verificando sus potencialidades, también como los presupuestos teórico-epistemológicos basando las decisiones metodológicas y las posibilidades todavía no exploradas. Recurrimos a: artículos de revistas indexadas, resúmenes de conferencias e informes de investigaciones, consultados por diversas bases de dados internacionales. Observamos que no hay grandes justificaciones para invertir en simuladores, estos son instrumentos promisorios, a pesar de todo, sobre todo por haber posibilidades de usos todavía no estudiadas, siendo necesarias más investigaciones sobre el asunto. Presentamos algunas de esas posibilidades todavía no investigadas, demostrando sus viabilidades.

Palabras clave: simulación, transporte, desarrollo personal.


 

Introdução

Dados sugerem que em alguns países os profissionais de transportes rodoviários terrestre figuram entre as principais vítimas em acidentes de trabalho1. Além dos próprios profissionais, acidentes de trabalho em transportes rodoviários envolvem frequentemente outros usuários das vias, ampliando para a comunidade seus efeitos.

Entre as soluções para o quadro dos acidentes profissionais dos transportes rodoviários, sugerem-se modificações nas leis, em sua aplicação, nas estruturas organizacionais e no aprimoramento das formações profissionais, sejam iniciais ou continuadas2. Em algumas regiões do planeta, verificam-se esforços na tentativa de melhor regular essa formação profissional3,4. Entretanto, o melhor modo de realizar esses treinamentos ainda não é consensual. Entre as diversas possibilidades existentes, chama-nos a atenção as propiciadas pelos simuladores de direção5. Esse instrumento permite promover a formação de trabalhadores para enfrentarem situações que de outro modo seriam arriscadas, tais como a condução em situações de falhas dos pneus ou dos motores, condições climáticas desafiadoras ou familiarizando trabalhadores com novos ambientes de trabalho ou equipamentos.

No fim dos anos 1990 e início dos anos 2000 estimula-se o uso de simuladores de direção na formação de novos condutores, entre os quais, condutores profissionais6. Com o crescente desenvolvimento tecnológico na área de automação e informatização, aliado ao barateamento nos custos de produção de unidades simuladores, acredita-se na possível expansão do uso desses instrumentos em pesquisas e em formações de condutores7, entre os quais, condutores profissionais5. Nesse período decreta-se a Diretiva Europeia de regulação da formação de condutores profissional reconhecendo esse instrumento como aliado na formação dos trabalhadores dos transportes rodoviários3.

No início da década de 2000 o tom discursivo em tais textos é geralmente de valorização das possibilidades de aplicação desses instrumentos e ampliação de seus usos, graças ao rápido desenvolvimento tecnológico propiciado pela revolução da informática (Neukum et al. 2003)8. Porém, se as possibilidades existem, e se elas conduziram ao reconhecimento dos simuladores em políticas públicas internacionais3, observa-se crescimento de estudos investigando o uso, a eficácia e efetividade desses instrumentos para a formação, inclusive profissional9.

Em estudo de revisão de literatura, verificou-se que apesar de indícios de que os treinamentos por simuladores sugerirem possível transferência de conhecimentos para as situações reais, as evidências obtidas não são conclusivas9. Demonstrou-se também ali que as pesquisas realizadas investigaram uma quantidade relativamente reduzida de competências. Apontou-se a necessidade de revisão dos modelos de classificação de simuladores, não que não devem ser calcados na tecnologia dos aparelhos e sim no grau de controle, feedback, imersão e presença que oferecem. Sugere-se mais pesquisas que permitam investigar os impactos dos treinamentos, sobretudo em índices de acidentes.

A partir dos dados de Goode et al9, o futuro dos simuladores parece menos promissor, talvez sendo mais favoráveis ao público de aprendizes de licenças regulares que aos profissionais dos transportes. Entretanto, a revisão realizada não se dedicou especificamente para estes últimos. Ademais, não se verificou ali possíveis diferenças entre usos desse instrumento para formações de profissionais novatos ou experientes, nem se analisou suficientemente os pressupostos teóricos e epistemológicos na base das pesquisas realizadas. De fato, pesquisas de avaliação de treinamento devem responder a uma pergunta fundamental: os uso de simuladores em situação de treinamento são eficazes para a mudança de resultados na produtividade, na qualidade do serviço prestado e/ou no índice de acidentes? Entretanto, atrelada a essa pergunta consideramos também importante avaliar os métodos desses usos e os pressupostos teóricos que lhes dão suporte. Essas perguntas são pertinentes pelo fato de não haver um único uso possível para esses instrumentos, sendo a escolha dos métodos fruto de concepções específicas de competência, aprendizagem, gestão, desempenho, de resultados, etc., que, se diferentes, podem conduzir a outros modelos de formação, produzindo, possivelmente, outros efeitos.

Na medida em que revisões anteriores não discutem apropriadamente essas questões5,9, empreendemos uma análise dos usos que se fazem dos simuladores, as competências estudadas e os métodos empregados para as formações profissionais com o uso desses equipamentos. Objetivamos verificar os pressupostos teórico-epistemológicos embasando as decisões metodológicas, esclarecendo relações entre os usos empregados e as possibilidades ainda não exploradas dos simuladores. Mais que avaliar a eficiência desses instrumentos, procuramos explorar suas potencialidades.

Neste artigo não buscamos descrever possíveis correlações entre modelos de formação e suas consequência, determinando um suposto "melhor modelo" de formação. Pelo contrário, apresentamos um cenário global de pesquisas sobre treinamentos profissionais com simuladores, destacando os pressupostos teórico-epistemológicos que lhes embasam e os modos de uso dos simuladores a eles correlatos. Partimos do pressuposto que não há um melhor modelo de formação aplicável a todas as condições, mas sim que diferentes possibilidades de formação refletem objetivos e escopos epistemológicos, culturais e gerenciais distintos e que, por isso, influenciam nos resultados da formação. Sendo assim, tão importante quanto descrever os modelos de formação, procuramos compreender sobre quais bases eles se sustentam, para proporcionar novas pistas de atuação nesse cenário. Trata-se, portanto, mais de uma revisão teórico-filosófica que uma revisão sistemática, mas, nem por isso, menos importante. No final do texto sugerimos alguns caminhos teóricos para pesquisas futuras.

Referências pesquisadas

Recorremos tanto a artigos de revistas indexadas e a resumos de conferências sobre simuladores, quanto a relatórios de pesquisas financiadas por diferentes órgãos de trânsito de países europeus e norte-americanos. Embora não visássemos uma pesquisa sistemática, recorremos a diversas bases de dados para compreensão do cenário atual de pesquisas. Entre estas, a Canadian Centre for Occupational Health & Safety, CINAHL with Full Text (EBSCO) , Cochrane, Cochrane Bireme, Compendex (Engineering Village 2) , Education Resources Information Center - ERIC (ProQuest), MEDLINE Complete (EBSCO), WEBofSCIENCE Social science citation index, PsycArticles (APA), SciELO Scientific Electronic Library Online, SCOPUS (Elsevier), SAGE Journals Online, Traffic Research Information Services (TRIS), Academic Search Premier, Inspec, PASCAL, MEDLINE, Education Research Complete, SoclNDEX, GreenFILE, Psychology and Behavioral Sciences Collection, ERIC, FRANCIS, Web of Science SCI-EXPANDED, Web of Science A&HCI, Web of Science CPCI-S, Web of Science CPCI-SSH, LILACS, IBECS, além de consultas à internet (scholar google) e às referências bibliográficas dos textos selecionados. Realizamos a busca dos textos a partir dos seguintes termos: Driv* simulator; trainning/educational; professional/commercial/truck/heavy vehicle/bus/taxi/long-haul. Realizamos a busca em setembro de 2015. Dos 465 artigos encontrados nessas consultas, selecionamos por meio da leitura dos títulos e/ou resumos 49 artigos, das quais 46 publicações estavam disponíveis para acesso na Internet.

Nossa pesquisa foi orientada pelas seguintes questões: é justificável o uso de simuladores na formação de profissionais? Quais são seus usos? Que competências são focadas, métodos empregados e quais os papéis dos formadores? A que públicos se destinam e que pressupostos teórico-epistemológicos embasam suas ações? A partir daí procuramos identificar os seguintes aspectos: natureza do artigo (empírico ou teórico), profissionais destinatários da formação, nível de formação (inicial ou continuada), competências investigadas, pressupostos teóricos de referência sobre aprendizagem, direção e simulação que orientaram o estudo, resultados principais, sobretudo no que tange à transferabilidade (transferability) das aprendizagens realizadas nos simuladores e seus efeitos no trabalho.

Não averiguamos as relações entre o tipo de simulador utilizado e seus efeitos em função das considerações de Brock et al10 e de Allen, Tarr11, que demonstram que mesmo simuladores de direção mais simples são também eficientes para formar competências específicas, inclusive competências complexas9. De forma semelhante, não visamos realizar uma metanálise da eficácia do uso de simuladores para treinamento de profissionais dos transportes rodoviários, seja pela falta de quantidade de pesquisas experimentais, seja porque objetivamos mais uma análise teórico-filosófica que permita abertura de novos campos de investigação.

 

Resultados

Conforme tabela 1, classificamos os textos analisados em: debates teórico-críticos sobre literatura e uso atual de simuladores (14 produções); projetos de pesquisa objetivando validar e/ou desenvolver simuladores (3); avaliação de simuladores e/ou programas de treinamento em funcionamento em organizações do setor de transporte rodoviário (17); validação experimental do uso de simuladores em treinamento (12). Observam-se mais estudos investigando treinamentos já existentes (17) que pesquisas controladas para averiguar experimentalmente a eficácia de simuladores (12). Isso atesta o uso de simuladores como instrumento de treinamento, mas sugere que essas práticas possam carecer de embasamento científico suficiente.

Tabela 1. Tipos de artigos pesquisados

Numa perspectiva histórica, verificamos mais frequentemente no início da década de 2000 estudos analisando possibilidades dos usos de simuladores para formação profissional e seus possíveis efeitos no desempenho, no gerenciamento e na legislação6,12.

Também nesse período textos propunham modelos de classificação e hierarquização dos simuladores de direção, seja baseado em tecnologia existente, em outros sistemas de classificação, como os da aviação, ou em necessidades de treinamentos com esses equipamentos10,11,13-18. Ao longo desta década publicam-se mais intensamente estudos procurando validar quanti ou qualitativa os simuladores19-21. Concomitantemente surgem estudos que analisam o uso dos simuladores em empresas do setor, avaliando sua efetividade na transferência de conhecimento para o desempenho profissional e seus impactos nos objetivos gerenciais, seja em termos de economia de combustível, seja em termos de redução de acidentes22,23. Nessa década encontramos também alguns estudos de desenvolvimento de simuladores para treinamento24,25.

O início da década de 2010 é marcado pela profusão de estudos teóricos debatendo questões teórico-epistemológicas sobre simuladores, seus usos e efeitos14,9,26. O acumulado das experimentações e experiências reais de treinamento propiciaram análises mais críticas sobre o instrumento, aspecto menos perceptíveis nos textos da década anterior. Por outro lado, não cessaram as investigações sobre o desenvolvimento de simuladores para treinamento e sua validação27,28, sugerindo continuidade do desenvolvimento científico, a despeito das dificuldades mercadológicas enfrentadas29.

Profissões investigadas

Realizaram-se pesquisas com as seguintes profissões: condutores profissionais sem especificação (8 produções), caminhoneiros (25), motoristas de ônibus (5), motoristas de ambulância e policiais (2), removedores de neve (5), operadores de carretilha industrial (1). Publicação não científica sugere a realização de treinamentos também com bombeiros (Raheb 2012)30. Verificamos que a profissão a que se destinam os treinamentos e pesquisas não influenciaram no seu desenho ou resultados, sugerindo adaptabilidade dos simuladores para quaisquer profissões dos transportes rodoviários.

Considerando-se o total de estudos para cada profissão, verificamos que estes ainda são escassos, limitando a obtenção de conclusões mais objetivas sobre a efetividade desses instrumentos para uma profissão em particular. Não encontramos textos referentes ao treinamento com motociclistas profissionais, conjunto de profissões largamente utilizados em vários países, sobretudo os países em desenvolvimento31, com sérios riscos de acidentes no trânsito.

Tipo, natureza e modelos das competências treinadas e investigadas

São diversas as competências treinadas e/ou averiguadas pelos simuladores, que agrupamos conforme suas semelhanças e/ou por fazerem parte das tarefas operacionais da atividade de condutor profissional (tabela 2). Na tabela 1 encontram-se quais competências foram investigadas em cada publicação. Além dos textos que avaliam empiricamente a transferência de aprendizagens, revisamos também que competências os textos teóricos sugerem capazes de serem treinadas pelos simuladores. Essa análise ampliou nossas pistas sobre como a comunidade científica apreende as potencialidades desse instrumento.

Tabela 2. Tipos de competências pesquisadas e frequência de aparição nos textos

As competências mais frequentemente investigadas nos estudos são as referentes ao manejo do veículo. Neste caso, os treinamentos visam comumente sua aprendizagem (controle básico e avançado do veículo), de maneira segura (direção segura ativa e passiva) e econômica (direção ecológica e economicamente eficiente). As competências menos diretamente relacionadas ao manejo em si do veículo, tais como 'tarefas de comunicação', 'competências coletivas não técnicas', 'tarefas extra-volante' e 'planejamento geral da condução e das tarefas a serem realizadas' são menos investigadas ou treinadas, embora também sejam igualmente fundamentais para se atingir os objetivos do trabalho realizado.

No que tange à natureza das competências, em apenas dois estudos sugerem-se que os simuladores poderiam treinar aspectos psicomotores e afetivos envolvidos na condução, sem uma clara apresentação dos métodos para este fim32 ou em estudos de qualidade questionável33. Por outro lado, outros estudos indicam treinamentos que abordam a atitudes dos condutores em relação à postura da condução segura ou à direção econômica21,34,35, sinalizando uma inclusão incipiente das reações afetivas no treinamento para as tarefa de condução. Os estudos que abordam as atitudes dos condutores se destacam porque, de um modo incipiente, reconhecem tais dimensões como possuindo efeitos nos resultados do trabalho. Mas mesmo nesses estudos, não há demonstração clara de como tais dimensões foram tratadas nos simuladores, ficando tais debates a cargo de atividades em sala de aula21.

No tocante aos modelos embasando tais treinamentos e estudos, são poucos os que explicitam os modelos teóricos sobre as quais embasam suas ações e quando existem, são modelos que tendem a referirem-se aos níveis mais comportamentais e cognitivos das competências, raramente incorporando as dimensões psicoafetivas e atitudinais da condução. Há textos que organizam e hierarquizam as competências a partir dos modelos de e Michon36,37.

Ambos organizam as competências em três níveis hierárquicos: 1) nível incorporado, esquematizado e que requer menos energia atencional, por ser mais automatizado e repetitivo - níveis das habilidades (skills) de Rasmussen36 e de controle do Michon37, ilustradas, geralmente, em tarefas como as de controle básico do veículo; 2) nível intermediário de ações mais ou menos sequenciais e esquematizadas, disparadas quando há indícios de que os esquemas automáticos são parcialmente insuficientes para gerir as situações encontradas, mas cujas soluções são mais ou menos padronizadas, requerendo muito processamento de informações conscientes - níveis das regras (rules), de Rasmussen e de manobra, para Michon, ilustradas por tarefas como controle mais avançado do veículo, direção segura ativa e passiva, direção ecológica e economicamente eficiente; 3) nível mais consciente de competências, que requer processamento intenso da informação e dispêndio maior de energia mental e de recursos atencionais, já que se referem à resolução de problemas complexos, sem esquemas cognitivos previamente definidos e sem uma sequencia operacional básica suficiente para resolver os conflitos identificados - níveis de conhecimento (knowledge), para Rasmussen36 e estratégico, para Michon37, ilustradas por tarefas como o planejamento geral da condução, a comunicação verbal com outros operadores, entre outras.

Outros, como Goode et al9, propõem a organização das competências em dois grandes grupos: as procedurais (procedural), referentes às sequencias de ações mais ou menos incorporadas e automatizadas, e as competências cognitivas de níveis mais altos (higher-order cognitive skills), também denominadas de competências não técnicas, que requerem dos condutores o monitoramento constante do estado geral do ambiente, a tomada de decisões estratégias e a avaliação dos riscos e manutenção da atenção. Não há correspondência imediata entre esses dois níveis e os modelos triádicos acima descritos, uma vez que algumas das tarefas consideradas por Goode9 e colaboradores como sendo de nível cognitivo mais alto, (p.ex., percepção de perigo), podem também ser, com a expertise, parcialmente incorporadas e automatizadas. Nessa lógica, mais próxima da do modelo de Rasmussen, se uma competência, como 'percepção de perigo' por exemplo, requer, inicialmente, uma aprendizagem e tratamento especial por parte do condutor, demandando muita energia atencional para ser mobilizada pelos trabalhadores, por meio da prática, ela passaria a ser incorporada de modo a mobilizar, nos condutores, esquemas psicomotores relativamente incorporados. Daí o exercício contínuo dessas competências nos simuladores visando, em última instância, sua incorporação parcial.

Usos dos simuladores em treinamentos e níveis de experiência profissional dos aprendizes

As organizações que possuem programas de formação profissional com uso de simuladores desenvolveram formações para que novatos aprendam o controle básico e avançado do veículo ou para que trabalhadores experientes aprendam ou aprimorem competências específicas, tais como a economia de combustíveis, ou atualizem conhecimentos relacionadas a situações mais raras (p. ex. estouro de pneus), ou sazonais (reinício da temporada de inverno para condutores de removedores de neve)38,39,25. Em ambos os casos, os simuladores tendem a ser concebidos como substitutos de um veículo real, conforme demonstra o estudo de Morgan et al19 Nesses casos verifica-se utilização relativamente reduzida de competências treinadas pelos simuladores.

Nos textos empíricos experimentais, com níveis mais ou menos rigorosos de controle, verificam-se maior diversidade de competências avaliadas, tanto em treinamentos dirigidos a condutores experientes, quanto a novatos. A diversidade de competências que poderiam ser mobilizadas pelos simuladores é referida de modo mais rico nos textos teóricos, indicando defasagem entre as possibilidades apontadas para esses instrumentos e as experiências empíricas realizadas. Para ilustrar, não encontramos nenhum estudo investigando usos dos simuladores em treinamentos que, na revisão de Blanco et al5 , poderiam atacar os seguintes problemas: sonolência, fadiga e condução excessiva, atrasos associados com a carga e descarga, constrição temporal e fadiga, etc. Na medida em que tais problemas não poderiam ser solucionados apenas pelo aprimoramento das competências elencadas na tabela 2, pressupõem-se necessidade de desenho de outros treinamentos, englobando outras competências capazes de contribuir para a resolução e controle dessas problemáticas.

Se o uso de simuladores por parte dos pesquisadores é direcionado mais ou menos indistintamente para novatos ou condutores experientes, a depender do seu nível de expertise, verificamos avaliações divergentes entre os aprendizes no tocante à sua importância. Estudos demonstram que a importância e a satisfação em relação ao uso do equipamento em treinamentos era maior entre condutores menos experientes40,23. Ao mesmo tempo, trabalhadores mais experientes acharam a experiência interessante, mas não compatível com a realidade, seja pela falta de controle operacional dos simuladores, pela falta porque alguns controles operacionais não emitem pistas necessárias para a gestão adequada do veículo40, seja porque os treinamentos superdimensionam a frequência de incidentes que, em situações reais, são relativamente raras, tornando a experiência de simulação razoavelmente irreal41. A despeito disso, a experiência com simuladores em um Estado Norte-Americano aponta que mesmo trabalhadores com certo nível de expertise foram desafiados com cenários criados nos simuladores42.

Não há pesquisas investigando relações entre transferência de aprendizagem e julgamento dos usuários sobre a adequação dos cenários dos simuladores às situações reais de trabalho. Ademais, apesar de estudos desenvolverem e/ou avaliarem treinamento com simuladores para aumentar a segurança viária, ainda não há evidências que o treinamento com esses instrumentos contribuam para redução de acidentes9,23. Apenas uma publicação indica essa relação, embora sua qualidade não permite comprovar tais resultados42.

Pressupostos teóricos e metodológicos dos treinamentos com simuladores

Poucos estudos mencionaram os pressupostos teórico-epistemológicos que embasam os usos, análises e desenvolvimento dos treinamentos com simuladores. Entre eles, destacam-se citações aos modelos de Rasmussen5,10,13,28, Michon 8,22,34,40, Liu27 (Mitsopoulos-Rubens et al. 2013b) e Bloom32. Apesar disso, são em geral citações mais contextuais, sem grande desenvolvimento sobre o assunto.

De igual modo, pouco se descreveu sobre os métodos utilizados. Descreve-se, por vezes, o desenho geral do curso, geralmente sendo utilizado o desenho teórico-prático (salas de aula + simuladores), na seguinte sequencia: sala de aula para introdução do assunto, exercício prático no simulador, seguido de avaliação do desempenho mediado pelo treinador21,39. Este sistema é mais comumente encontrado em treinamentos mais curtos e específicos. Em outros casos, alia-se ao treinamento com simuladores a realização de atividades em veículos reais (salas de aula + simuladores + veículos reais)19,23,43,44. Tal procedimento é mais comum em formação de profissionais para o desempenho inicial da profissão. São igualmente variadas a carga horária desses cursos: de formações com poucos minutos de treinamento, visando desenvolver habilidades especificas45,44,21, até longas formações compreendendo várias dezenas de horas de treinamento43,23,46. Varia-se, também, a porcentagem da carga horária do curso em práticas nos simuladores: por exemplo, em algumas formações curtas (cursos de 2h30 a 4 horas), o uso de simuladores é percentualmente pequeno (19%), como o estudo de Kihl et al40, ao passo que em outros é consideravelmente maior (75% nos cursos citados por Edson)42. Isso ilustra a diversidade de possibilidades de uso de simuladores que não seguem um padrão determinado, embora se verifique que o tempo total de curso tende a ser maior quanto mais inicial seja a formação e quanto menos específica é a competência estudada.

No que tange às perspectivas metodológicas, trata-se de destacar as práticas mais citadas: análise da condução efetuada por meio de feedback, debriefing, análise dos erros e demonstração de exemplos em postura não punitiva5,8,28,33,40,42,45-4; aprendizagem progressiva e desenvolvimental8,33,46,48; baseada em repetições de exercícios e tarefas, com variação de cenários para o desenvolvimento de uma mesma competência43,9,46,28,49,50; exercícios baseados em desempenhos realizados nos simuladores, indicando a customização da aprendizagem33,25,35,51. Os simuladores são também concebidos como instrumentos de verificação do desempenho e de levantamento de necessidade de treinamento25,35,46,51,28,47, mas raramente citam-se seu uso de maneira mais lúdica, tais como baseado em jogos33, ou em formações envolvendo coletivos de análise45, o que poderia ampliar as possibilidades desse instrumento.

A falta de embasamento teórico nos usos e desenhos desses instrumentos não passa desapercebida por alguns, que já apontaram a importância de se retomar a discussão teórica subjacente aos usos dos simuladores como estratégia de melhoria de suas potencialidades8,26. Por outro lado, na medida em que há ausência de explicitação dos pressupostos epistemológicos, observamos que se valoriza mais os equipamentos que os treinamentos e seus desenhos. Isso se ilustra, por exemplo, no debate sobre o sistema adequado de classificação dos simuladores, intensificada na Europa com a promulgação da diretiva europeia para formação de profissionais dos transportes rodoviários3 que, ao autorizar o uso de simuladores de alta-fidelidade nas formações profissionais sem definir quais simuladores se encaixariam nesse critério, deixa um campo amplo de debate sobre que instrumentos possam ser utilizados para esse fim29,45. Resulta daí proposições de modelos de classificação contraditórios: uns sugerem que se classifiquem os simuladores considerando-se suas características técnicas e operacionais14, outros sugerem classificação baseado nos comportamentos que eles eliciam9. De qualquer modo, não se encontra nesse debate discussões sobre os desenhos teórico ou metodológico dos treinamentos envolvendo esses equipamentos.

Publicações sugerem que o uso desses instrumentos depende menos do seu desenvolvimento tecnológico que da compatibilidade entre as habilidades a serem treinadas e aquilo que o equipamento propicia desenvolver13. Ademais, qualquer formação profissional pressupõe, mesmo que de maneira tácita, concepções da formação, do aprendiz, do papel do formador e do processo de desenvolvimento metodológico, influenciando seu desenho, aplicação e avaliação. Nessa linha, a primazia pelo instrumento, mais que pelo método de sua utilização, manifestada na busca contínua pela qualidade tecnológica do instrumento, pode revelar, subjacentemente, uma concepção de que a capacidade tecnológica enseja, em si mesmo, efeitos formadores. Um estudo sugere inclusive que o desenvolvimento futuro desse instrumento responderia a tal anseio52. Diferentemente, Brock et al13 apontam que o instrumento usado na formação é menos importante para produzir efeitos positivos na formação que a adequada relação entre ele e seu desenho teórico-metodológico. De qualquer modo, a falta de evidenciação dos pressupostos teórico-epistemológicos e metodológicos indica a desqualificação de um debate que talvez tenham mais efeitos que se pressupõe, o que, na prática, pode contribuir para dificuldades ao se tentar aliar esses instrumentos aos métodos de formação já existentes46.

Papel dos treinadores

Não se encontram discussões sistemáticas sobre o papel que os treinadores devem ter nas formações desenvolvidas e/ou avaliadas. Não raro em tom de surpresa, descobre-se sua importância no sucesso da formação e dos simuladores40,34,16,21. Para tanto, é importante seu entusiasmo frente ao instrumento, sua avaliação, registro e postura de receptividade e aceitação do desempenho dos alunos, seu contínuo feedback para os aprendizes, sua postura de confiança, apoio emocional, crítica sincera e capacidade de promover reflexões e engajamento individual e coletivo e seu estímulo para trocas críticas de experiências e aprendizagens comuns entre os aprendizes5,8,9,13,21-23,26,28,40,42,43,45-49,53. Entretanto, a experiência mostra que não se tem muita clareza de como treinar os formadores, sobretudo com as mudanças do mercado após crises económicas41,46. Além disso, observou-se que o uso de treinadores regulares para assumirem cursos que utilizam simuladores não necessariamente conduz aos melhores resultados, sendo fundamental treinar os treinadores especificamente para essa modalidade de formação45. Esses autores avaliaram também que a discussão (debriefing) é um importante aliado metodológico na percepção dos resultados pretendidos.

Apenas alguns estudos mencionam as dimensões da aprendizagem coletiva como elemento que o simulador propicia8,9,45. Alguns estudos chegam a ressaltar a importância dos treinadores como uma importante fonte de experiência para os novatos34,40,41, mas essa dimensão não recebe atenção suficiente, sendo uma variável que poderia ser mais bem investigada em estudos futuros.

Principais resultados encontrados

Os estudos laboratoriais de desenvolvimento e teste de simuladores, sem replicações em situações reais de formação e/ou trabalho, atestam capacidade deles propiciarem aprendizagens de algumas das competências acima elencadas54,24,50. Em qualidade variável, dão indícios de que a interação homem-máquina propicia aprendizagens, mas que estas melhoram se a formação for mais customizada25 e se os instrumentos forem mais adequados a seus objetivos35.

Estudos controlados realizados em situações de treinamento em organizações reais avaliaram experimentalmente, com ou sem grupo controle, a eficácia de treinamentos com simuladores. Chegaram a resultados que confirmam parcialmente a potencialidade das formações com simuladores substituírem as formações tradicionais, seja por estes apresentarem desempenho similar na transferência de aprendizagem19,23, pela avaliação positiva dos usuários8,21, por propiciarem uma aprendizagem mais veloz44 ou por demonstrarem efetividade na transferência de competências, sobretudo no que se refere à aprendizagem de economia de combustível, que ficou entre 2,8 a 9,71% 21,39. Por outro lado, com exceção destes últimos, as transferências desses conhecimentos para situações regulares de trabalho não foram demonstradas.

As pesquisas que avaliam programas de formação em uso regular pelas indústrias do setor demonstram que esses treinamentos são avaliados positivamente pelos usuários, sejam eles aprendizes40,41,43, treinadores ou diretores das indústrias de transportes rodoviários10,13. Demonstram também que há algum ganho observado de desempenho económico da condução, com melhora de 4,5% a 6,1%22, que os aprendizes preferem simuladores que respondem aos comandos de modo semelhante aos veículos, ao invés de aparentam com veículos reais47,52 e que o tipo de simulador pode influenciar no desempenho de aprendizagem exigindo que as empresas estejam atentas a que competências treinar antes de adquirir simuladores para a formação11. Um único estudo, com nível metodológico deficitário, sugere que esse tipo de formação reduziu acidentes em 5,9%, bem como a manutenção dos veículos de treinamento42. Destacam-se dessas pesquisas indícios de transferências de aprendizagens para situações reais, mas tais indícios não encontram sustentação sólida em dados objetivos ou inquestionáveis, dado as dificuldades de avaliação impostas pelos registros deficitários das empresas, não habituadas a registros cuidadosos dessas informações22,40.

Balanço geral

Verificamos que os simuladores são instrumentos potencialmente interessantes, mas cujo conjunto de textos investigados não demonstrou, com evidência suficiente, que é um instrumento melhor, mais adequado e mais economicamente viável que as formações tradicionais on-the-road e behind-the-wheel. Grüneberg, Schröder29 ressaltam que apesar de interessante, ainda não há dados que comprovam compensação pelo pesado investimento de aquisição, preparação e manutenção de simuladores para treinamentos, lançando sombras sobre seu futuro. Por outro lado, estudos nos EUA demonstraram grandes companhias de transporte de cargas fazendo uso sistemático desses instrumentos23. Entretanto, como se tratou de pesquisa realizada antes da crise imobiliária de 2008, deve-se averiguar em que medida essas empresas ainda permanecem realizando treinamentos sistemáticos com esses instrumentos.

O uso de simuladores esbarra em problemas a serem considerados se se pretende utilizá-los de maneira genérica. Em primeiro lugar, os custos. Embora economicamente viáveis, como sugerem as pesquisas de Morgan et al23 demonstrando que apesar dos custos de aquisição e instalação desse equipamento, no cómputo geral ainda há economia de U$35,00 por aluno, ainda assim é alto o valor de investimento. Em segundo lugar, é considerável o caso de trabalhadores sofrendo com o mal-estar de simulação durante as formações, mesmo que hajam estratégias para reduzir seus efeitos. Além disso, para o sucesso de seu uso, requer-se apoio institucional, métodos de formação bem integrados aos outros originariamente utilizados e uma equipe de treinadores bem formada, elementos que não são facilmente mobilizados em organizações complexas.

Decorrem-se desses resultados algumas conclusões provisórias: 1. não há grandes justificativas para se investir em simuladores29; 2. eles são instrumentos promissores, apesar de tudo; 3. há possibilidades de usos ainda não estudadas e são necessárias mais pesquisas sobre o assunto.

 

Conclusões

Enfim, a partir das análises realizadas, sugerimos algumas perspectivas para a formação de profissionais dos transportes terrestres com o uso simuladores e possíveis pesquisas advindas daí:

a. Formações coletivas, compostas pro trabalhadores com mais e menos experiência profissional, contribuindo para que se amplie as possibilidades de usar instrutores que não são profissionais dos transportes coletivos, já que instrutores com experiência na área são raros e custosos para uso em larga escala10,13,29,55. Com a partição coletiva nas formações, a exigência dos saberes profissionais em posse dos treinadores poderia ser relativamente excluída, ficando o papel da transmissão de saberes aos pares, e cabendo aos instrutores a função de mediação entre os participantes, de promover entusiasmo, de valorizar a postura adequada, mobilizando adequadamente as teorias, os métodos e os instrumentos de formação exigidos pelos simuladores;

b. Criação de cenários que evidenciam valores para serem mobilizados e analisados pelos trabalhadores, bem como enredos para a atividade de formação que simulem aspectos psicoafetivos mobilizados nas tarefas de condução. Entre pistas possíveis encontram-se cenários que envolvam tarefas lúdicas e/ou desafiadoras, tais como jogos, que mobilizam emoção nos usuários que se aproximam das vivenciadas em situação reais de trabalho. Da angústia pelo prazo, ao prazer da condução, uma atividade de trabalho nunca é realizada totalmente apática.

c. Formações realizadas a partir das reais necessidades dos trabalhadores. Menos um pacote fechado de saberes a se desenvolver, esse tipo de perspectiva pode contribuir também para o desenvolvimento dos instrumentos, os cenários de atuação, os diversos usos do equipamento e da formação e seus enredos. A experiência de Romoser, Hirsch48 corrobora essa ideia, ao demonstrar aprimoramento do instrumento por meio do envolvimento retroativo das opiniões e ideias do usuário final na concepção;

d. Uso de simuladores para treinar motociclistas profissionais;

e. Deve-se estar atento à tentação de se buscar reduzir o índice de acidentes de trabalho apenas a partir da formação dos profissionais, já que essa perspectiva pode limitar o escopo de análise sobre os fatores que conduzem aos acidentes, muito mais amplos que as competências e características de personalidade dos condutores, haja vista a limitada eficácia de treinamentos para a formação de condutores e seus efeitos na redução de acidentes de transportes (Christie 2001; Helman et al. 2010)56,57. Há indícios que práticas de gestão junto a profissionais sejam até mais eficientes no controle dos acidentes que os treinamentos (Christie 2001)56. Nessa direção, o treinamento deve ser considerado apenas como mais que um dos contribuintes de um conjunto de outros elementos que contribuem para a segurança nas estradas.

Pesquisas futuras poderão verificar em que medidas essas sugestões apontadas terão efeitos superiores aos verificados até o momento. De todo modo, contemplando as sugestões de Goode et al9 , de que os resultados das pesquisas não devem indicar o desuso desses instrumentos, consideramos importante que tais usos sejam ancorados em reflexões teórico-epistemológicas e metodológicas que ampliem suas utilizações.

 

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Referencia complementaria:

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Correspondencia/Correspondence: Thiago Drumond Moraes, Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento, Cemuni VI. Ufes, campus Goiabeiras. Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória, ES, 29075-910. Tel.: +55 (27) 4009-2505. E-mail: thiago.moraes@ufes.br.

Recibido: 04 de Noviembre de 2015; Aceptado: 27 de Febrero de 2016.

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