Acessibilidade / Reportar erro

Disfunção erétil: um marcador para alterações da perfusão miocárdica?

Resumos

OBJETIVO: Investigar a correlação entre alterações da perfusão miocárdica e a presença de disfunção erétil (DE) em homens com suspeita clínica ou diagnóstico já estabelecido de insuficiência coronariana crônica. MÉTODOS: Estudo prospectivo com 287 pacientes que, após responderem o questionário IIEF-5 para diagnóstico e avaliação do grau de DE, foram submetidos a avaliação clínico-cardiológica e a estudo cintilográfico da perfusão miocárdica (tecnécio - 99m sestamibi - gated SPECT), antes e após estresse físico ou farmacológico. RESULTADOS: Em 137 pacientes (47,8%) foi detectado algum grau de disfunção erétil (grupo DE+) e nestes, a idade (60,60±9,84 vs 50,67±9,94 - p<0,001)) foi significativamente maior do que naqueles sem disfunção (grupo DE-). No grupo DE+ houve maior prevalência de hipertensão arterial, diabetes, infarto do miocárdio e coronarioplastia prévios. Independentemente do fator idade, o grupo DE+ teve maior prevalência de alterações da perfusão miocárdica (necrose e/ou isquemia) e de diminuição da mobilidade e do grau de espessamento sistólico do miocárdio ventricular. CONCLUSÃO: Pacientes com DE tem maior probabilidade de apresentar alterações da perfusão e do desempenho miocárdico segmentar, independentemente do fator idade. Na presente amostra, a DE foi considerada não só como um marcador da doença isquêmica do coração, mas também fortemente relacionada à ocorrência de eventos coronarianos maiores como infarto do miocárdio e necessidade de coronarioplastia.

disfunção erétil; doença arterial coronariana; medicina nuclear; perfusão miocárdica; fatores de risco


OBJECTIVE: To study the correlation between erectile dysfunction (ED) and myocardial perfusion impairment in men with suspected or diagnosed coronary artery disease (CAD). METHODS: In this prospective study a self-administered IIEF-5 questionnaire was answered by 287 patients that underwent myocardial perfusion imaging under both resting and stress condition with technetium-99m sestamibi, through gated SPECT nuclear scintigraphy technique, before and after physical or pharmacological stress. RESULTS: Some degree of erectile dysfunction (group ED+) was found in 137 (47.8%) patients and in these, age was significantly higher (60.60±9.84 vs 50.67±9.94 - p<0.001)) than in those without erectile dysfunction (group ED-). In the ED+ group, it was observed a higher prevalence of hypertension, diabetes, myocardial infarction (MI) and percutaneous coronary angioplasty (PCTA). Regardless of the age factor, ED+ patients also presented higher occurrence of myocardial perfusion impairment (necrosis and/or ischemia) and left ventricular systolic wall motion and thickening abnormalities. CONCLUSION: Patients with ED have higher estimated probability of presenting segmental myocardial perfusion and functional contraction impairment and, therefore, CAD, independent of the aging factor. The authors conclude that ED may be considered not only a marker for CAD but also a condition related to the occurrence of major coronary events such as MI and PCTA.

erectile dysfunction; coronary artery disease; nuclear medicine; myocardial perfusion; risk factors; atherosclerosis


ARTIGO ORIGINAL

Disfunção erétil: um marcador para alterações da perfusão miocárdica?

Juarez Ortiz; Sergio Tranchesi Ortiz; Claudia Gianini Monaco; Cristina Harumi Yamashita; Miriam Cássia Mendes Moreira; Carlos Alberto F. Monaco

OMNI-CCNI Medicina Diagnóstica - São Paulo - SP

Correspondência Correspondência Juarez Ortiz OMNI - CCNI Rua Cubatão, 726 04013 - 002 - São Paulo - SP E-mail: jortiz@omniccni.com.br

RESUMO

OBJETIVO: Investigar a correlação entre alterações da perfusão miocárdica e a presença de disfunção erétil (DE) em homens com suspeita clínica ou diagnóstico já estabelecido de insuficiência coronariana crônica.

MÉTODOS: Estudo prospectivo com 287 pacientes que, após responderem o questionário IIEF-5 para diagnóstico e avaliação do grau de DE, foram submetidos a avaliação clínico-cardiológica e a estudo cintilográfico da perfusão miocárdica (tecnécio - 99m sestamibi - gated SPECT), antes e após estresse físico ou farmacológico.

RESULTADOS: Em 137 pacientes (47,8%) foi detectado algum grau de disfunção erétil (grupo DE+) e nestes, a idade (60,60±9,84 vs 50,67±9,94 - p<0,001)) foi significativamente maior do que naqueles sem disfunção (grupo DE-). No grupo DE+ houve maior prevalência de hipertensão arterial, diabetes, infarto do miocárdio e coronarioplastia prévios. Independentemente do fator idade, o grupo DE+ teve maior prevalência de alterações da perfusão miocárdica (necrose e/ou isquemia) e de diminuição da mobilidade e do grau de espessamento sistólico do miocárdio ventricular.

CONCLUSÃO: Pacientes com DE tem maior probabilidade de apresentar alterações da perfusão e do desempenho miocárdico segmentar, independentemente do fator idade. Na presente amostra, a DE foi considerada não só como um marcador da doença isquêmica do coração, mas também fortemente relacionada à ocorrência de eventos coronarianos maiores como infarto do miocárdio e necessidade de coronarioplastia.

Palavras-chave: disfunção erétil, doença arterial coronariana, medicina nuclear, perfusão miocárdica, fatores de risco

O infarto do miocárdio (IM), como manifestação da doença arterial coronariana (DAC) é importante evento cardiovascular, desafiando a cardiologia moderna com sua alta taxa de morbimortalidade e repercussão sócio-econômica. Sabe-se que a aterosclerose coronariana significativa pode ocorrer mesmo sem repercussão clínica exuberante, podendo ser o IM a sua primeira manifestação. Sendo assim, há um grande esforço mundial para se detectar o mais precocemente possível a doença coronariana aterosclerótica. Da mesma forma, a doença arterial peniana, incluindo a aterosclerose, é a maior causa de disfunção erétil (DE), contribuindo com até 80% dos casos1-4. Já está bem estabelecida a relação entre a DE e os principais fatores de risco para a doença isquêmica do coração5,6, tais como diabetes e hipertensão 1,2,7-12 que, como indutores de lesão endotelial, podem provocar obstrução arterial, aterosclerose, ruptura de placas e trombose. Portanto, a DE pode ser considerada como um sintoma de dano endotelial vascular que pode coexistir ou mesmo preceder a manifestação clínica da DAC. Nestas condições, a DE comportar-se-ia como um verdadeiro marcador da DAC e, portanto, de doença isquêmica cardíaca.

O objetivo deste estudo é investigar a relação entre função erétil peniana e perfusão miocárdica em uma população com suspeita ou diagnóstico já firmado de DAC.

MÉTODOS

De agosto a outubro de 2004, foram estudados 300 homens, consecutivos, que se apresentaram em nossa instituição para estudo da perfusão miocárdica com objetivo diagnóstico ou de avaliação de DAC e que assinaram o consentimento esclarecido para participar do estudo. Destes, treze (4,3%) foram excluídos por apresentarem DE iatrogênica como conseqüência de prostatectomia radical prévia. Portanto, foram incluídos no estudo 287 homens que, após consulta clínico-cardiológica detalhada, responderam o questionário confidencial auto-aplicável do Index Internacional de Função Erétil (IIEF-5)13, que determinou a presença ou ausência de DE.

Imagens da perfusão miocárdica, realizados com tecnécio-99m (Tc-99 sestamibi) através de cintilografia nuclear SPECT, foram obtidas em duas situações: a) repouso e b) após estresse físico ou farmacológico.

Na situação de repouso, injetou-se dose apropriada de Tc-99 sestamibi em veia periférica para obtenção das imagens com o objetivo de avaliar a distribuição regional do radiofármaco no miocárdio. A ocorrência de segmentos hipoperfundidos, identificadores de necrose prévia, pôde ser, dessa forma, evidenciada.

Na situação de estresse, objetivando a detecção de áreas isquêmicas, uma nova dose do radiofármaco foi injetada no pico do exercício realizado em esteira ergométrica de acordo com protocolo convencional (estresse físico) ou após a administração de 80mg de dipiridamol (estresse farmacológico). Novas imagens foram então obtidas, 45 minutos após o término do exercício físico ou da infusão do dipiridamol.

As imagens nas condições de repouso e sob estresse foram avaliadas por dois médicos independentes e devidamente treinados em cardiologia nuclear, sem o conhecimento dos dados obtidos durante a entrevista e aplicação do questionário. Em caso de divergência de opinião entre os dois especialistas, o resultado final foi obtido por consenso. Em nenhum caso, a opinião de um terceiro avaliador foi necessária.

As variáveis analisadas encontram-se na tabela I.

Exames prévios de colesterol sérico, angiografia coronária e medicações em uso não foram considerados na análise.

Com base na ocorrência prévia de eventos cardíacos maiores (infarto ou revascularização do miocárdio por via cirúrgica ou percutânea) e nos resultados dos estudos de perfusão miocárdica, os pacientes foram agrupados em três possibilidades diagnósticas considerando a ocorrência ou não de DAC: a) DAC+; b) DAC; c) DAC indefinida.

Os dados categorizados foram analisados através do teste de Fisher ou qui-quadrado, quando aplicáveis. Comparação entre grupos de variáveis contínuas foi feita usando o teste-t de "Student" ou o teste de Bonferroni. Regressão logística foi usada para estabelecer a probabilidade de DAC de acordo com função erétil e outras variáveis. Odds ratio e Odds ratio ajustado para idade foram calculados para a perfusão miocárdica e outras variáveis que se mostraram diferentes nos grupos com e sem DE. Todos os testes foram realizados bilateralmente e conduzidos a um intervalo significativo de 0,05.

RESULTADOS

Disfunção erétil e idade - 150 pacientes (52,3%) apresentavam função erétil normal (grupo DE-) enquanto que em 137 (47,8%) foi detectado algum grau de disfunção erétil (grupo DE+). Na amostra, as idades variaram entre 24 e 83 anos com média de 55,41 ± 11,05 anos, sendo significativamente maior no grupo DE+ (tab. II).

Variáveis clínicas (tabs. III e IV) - Em toda a amostra, a hipertensão arterial ocorreu em 135 pacientes (47%) e o diabetes em 49 (17,1%). Ambas com prevalência significativamente maior no grupo DE+. Entretanto, não houve correlação significativa entre estes fatores de risco e alterações da perfusão miocárdica, tanto em repouso como sob estresse. Antecedente pessoal de IM ocorreu em 65 pacientes (22,6%) e angioplastia percutânea em 57 (19,9%). A exemplo do diabetes e da hipertensão, estes fatores tiveram prevalência significativamente maior no grupo DE+, embora apenas o IM tenha se relacionado significativamente com alterações da perfusão. Não foi encontrada diferença estatística entre os grupos DE+ e DE-, em relação às demais variáveis clínicas analisadas.

Variáveis cintilográficas e diagnóstico final de DAC (tabs. V e VI) Alterações da perfusão miocárdica foram observadas em 65 pacientes (22,6%) na condição de repouso e em 72 (25%) sob estresse, com maior prevalência no grupo DE+ em relação ao DE-. Após análise de regressão logística, esta diferença foi ratificada, independentemente do fator idade (gráfico I).


Em 75 pacientes (26,1%) foi detectado comprometimento do grau de espessamento sistólico da parede do ventrículo esquerdo e em 73 pacientes (25,4%) havia anormalidade da sua movimentação. Tais comprometimentos prevaleceram significativamente no grupo DE+, também independentemente do fator etário (p<0,036 e p<0,043, respectivamente).

Diminuição da fração de ejeção do ventrículo esquerdo foi observada em 74 pacientes (25,78%) com maior prevalência no grupo DE+ em relação ao DE-.

O diagnóstico definitivo de coronariopatia (DAC+) foi firmado em 120 pacientes (41,8%). No grupo DE+, a prevalência de DAC+ foi significativamente maior independentemente do fator idade (tab. VI - gráfico II).


DISCUSSÃO

A prevalência de DE na amostra foi de aproximadamente 50%, comparável à maioria dos estudos epidemiológicos, apesar da população estudada ter alta incidência de DAC 14,15 .

Além de hipertensão e diabetes, fatores de risco conhecidos para DAC e DE10-12, os pacientes com função erétil comprometida tiveram também maior incidência de eventos coronarianos maiores no passado, tais como infarto do miocárdio e reperfusão miocárdica percutânea. Este dado aponta para a importância na detecção da DE, o mais precocemente possível, sendo ela não só marcador de DAC como possivelmente relacionada à sua gravidade. Outros fatores de risco como fumo e abuso de álcool não tiveram diferenças entre os grupos com ou sem DE. Uma possível explicação a este fato é a baixa porcentagem de fumantes e alcoólicos encontrada na amostra. História familiar de acidentes vasculares encefálicos e infarto do miocárdio, embora também conhecidos fatores de risco para DAC, não mostraram relação, na amostra estudada, com a presença ou ausência de DE. Investigação mais detalhada para o melhor entendimento sobre esta relação, baseada em estudos epidemiológicos mais específicos, deve ser realizada.

A alta influência da idade na ocorrência tanto da DE como na DAC e, também, pelo fato da idade média ter sido maior no grupo DE+, impôs a utilização de análises através da Odds-ratio ajustado para a idade, de modo a se poder estabelecer com maior precisão a relação entre as variáveis clínicas e cintilográficas de perfusão miocárdica e a DE.

Alterações na perfusão miocárdica, mobilidade da parede do ventrículo esquerdo e grau de espessamento miocárdico durante a sístole foram mais freqüentes no grupo DE+, independentemente da idade. Desta forma, foi possível observar que pacientes com DE tem maior probabilidade de apresentar déficits de perfusão segmentar miocárdica e função contrátil, e, portanto de DAC, independentemente da idade.

Estudos têm mostrado uma alta incidência de DE em pacientes com doença cardiovascular, incluindo hipertensão e DAC. A presente investigação demonstrou correlação significativa, independente da idade, entre a presença de DE e repercussões funcionais da doença cardíaca isquêmica, não só envolvendo a perfusão miocárdica mas também o desempenho ventricular esquerdo.

Nesta amostra, os pacientes com DE tiveram risco 2,35 vezes maior de apresentar perfusão miocárdica anormal em repouso e 2,29 vezes maior sob estresse do que aqueles com função erétil preservada. Estes números, por si só, já identificam a DE como um marcador de distúrbios perfusionais e funcionais do miocárdio relacionados à DAC. A comprovação é feita pelo diagnóstico final de coronariopatia (DAC+) que prevaleceu significativamente no grupo com DE, independentemente do fator idade.

Neste estudo, a hipertensão arterial e o diabetes apesar de prevalentes na população com DE, não se associaram, por si só, ao aumento da probabilidade de ocorrer distúrbios da perfusão miocárdica, fato que distingue um fator de risco de um verdadeiro marcador para DAC.

CONCLUSÃO

Os autores concluem que a DE está altamente relacionada à DAC e sua detecção indica maior risco de anormalidades perfusionais e funcionais do músculo cardíaco, próprias da DAC.

A DE deve ser considerada não só um marcador de DAC como também uma condição relacionada à ocorrência de eventos coronarianos maiores como IM e a necessidade de revascularização percutânea do miocárdio. Baseados neste estudo, os autores recomendam a inclusão de questionários sobre a função erétil na prática diária médica.

Recebido em 22/07/05

Aceito em 8/09/05

  • 1. Taylor EJ, ed. Dorland's Illustrated Medical Dictionary. 27th ed. Philadelphia: WB Saundesrs Company, 1988.
  • 2. Laumann EO, Paik A, Rosen RC. Sexual dysfunction in the United States: prevalence and predictors. JAMA 1999;281:537-44.
  • 3. O'Kane PD, Jackson G. Erectile dysfunction: is there silent obstructive coronary artery disease? Int J Clin Pract 2001;55:219-20.
  • 4. Gazzaruso C, Giordanetti S, De Amici E et al. Relationship between erectile dysfunction and silent ischemia in apparently uncomplicated type 2 diabetic patients. Circulation 2004;110:22-26.
  • 5. Conti CR, Pepine CJ, Sweeney M. Efficacy and safety of sildenafil citrate in the treatment of erectile dysfunction in patients with ischemic heart disease. Am J Cardiol 1999;83:29C-34C.
  • 6. El-Sakka A, Morsy AM. Screening for ischemic heart disease in patients with erectile dysfunction: role of penile Doppler ultrasonography. Urology 2004;64:346-50.
  • 7. Feldman HA, Goldstein I, Hatzichristou DG, Krane RJ, McKinlay JB. Impotence and its medical and psychosocial correlates: results of the Massachutts Male Aging Study. J Urol 1994;151:54-61.
  • 8. Santos DB, Moreira Jr ED, Abdo CHN, Wroclawski ER, Fittipaldi JAS. Epidemiologia da disfunção erétil no Brasil: resultados da pesquisa nacional do projeto avaliar. Rev Bras Med 2004(9):613-25.
  • 9. Virag R, Bouilly P, Frydman D. Is impotence an arterial disorder? A study of arterial risk factors in 440 impotent men. Lancet 1985;1:181-4.
  • 10. Jensen J, Lendorf A, Stimpel H, Frost J, Ibsen H, Rosenkilde P. The prevalence and etiology of impotence in 101 male hypertensive outpatients. Am J Hypertens 1999;12:271-5.
  • 11. Rosen MP, Greenfield AJ, Walker TG. Arteriogenic impotence: findings in 195 impotent men examined with selective internal pudendal angiography. Radiology 1990;174:1043-8.
  • 12. Sasayama S, Ishii N, Ishikura F et al. Men's Health Study. Epidemiology of erectile dysfunction and cardiovascular disease. Circulation J 2003;67:656-59.
  • 13. Rosen RC, Cappetteri JC, Smith MD, Lipsky J, Pena BM. Development and evaluation of an abridged, 5-item version of the International Index of Erectile Function (IIEF-5) as a diagnostic tool for erectile dysfunction. Int J Impot Res 1999;11:319-26.
  • 14. NIH Consensus Conference. Impotence: NIH Consensus Development Panel on impotence. JAMA 1993;270:83-90.
  • 15. Benet AE, Melman A. The epidemiology of erectile dysfunction. Urol Clin North Am 1995;22:699-709
  • Correspondência
    Juarez Ortiz
    OMNI - CCNI
    Rua Cubatão, 726
    04013 - 002 - São Paulo - SP
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      07 Nov 2005
    • Data do Fascículo
      Out 2005

    Histórico

    • Recebido
      22 Jul 2005
    • Aceito
      08 Set 2005
    Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC Avenida Marechal Câmara, 160, sala: 330, Centro, CEP: 20020-907, (21) 3478-2700 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil, Fax: +55 21 3478-2770 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: revista@cardiol.br