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Arquivo Kamayurá: pesquisa, documentação e transmissão da memória

The Kamayurá Archive project: research, documentation, and the transmission of memory

Resumo

O projeto Arquivo Kamayurá foi concebido por lideranças das duas principais aldeias da etnia Kamayurá no Parque do Xingu, Mato Grosso, chamadas Ypavu e Morená. Buscamos complementar o conhecimento da história do povo Kamayurá e desenvolver novas políticas e estratégias de salvaguarda e de transmissão de conhecimentos para o nosso futuro. Este projeto se constrói por meio de pesquisa realizada por uma equipe indígena e de discussão ampliada na coletividade kamayurá. A primeira etapa da pesquisa, realizada em 2019, foi visitar pesquisadores que trabalham com os Kamayurá desde os anos 1960, e visitar instituições de memória, para conhecer registros históricos, saber como eles foram feitos e usados e como são cuidados. Compartilhamos, neste artigo, aprendizados, questões e projetos desenhados a partir dessas experiências.

Palavras-chave
Arquivos indígenas; Patrimônios indígenas; Pesquisa indígena; Conhecimentos tradicionais

Abstract

The Kamayurá Archive project was created by the leaders of the Kamayurá people’s two main villages in the Xingu Indigenous Park (Mato Gross, Brazil), Ypavu and Morená. The goal is to enhance our knowledge of the history of our people and develop new policies and strategies for safeguarding and transmitting traditional knowledge for our future. The project involves research by an indigenous team and discussions with the community. The first phase of our research in 2019 comprised visits to researchers who have been working with the Kamayurá people since the 1960s, visits to memory institutions, and examination of historical documents to determine how they were made and cared for. In this article we share what we learned and the questions and new plans resulting from these experiences.

Keywords
Indigenous archives; Indigenous heritage; Indigenous research; Traditional knowledge

COMO SURGIU O PROJETO

O projeto Arquivo Kamayurá foi concebido por duas lideranças da etnia Kamayurá: Mayaru Kamayurá e Kanawayuri Marcello Kamaiurá, pertencentes às duas principais aldeias Kamayurá, as de Ypavu e Morená, localizadas no Parque Indígena do Xingu, no estado de Mato Grosso. É um projeto de Memória e Patrimônio criado para que conheçamos os arquivos onde existem registros feitos entre nós e entre nossos avós, e pensemos coletivamente o que poderíamos fazer com estes documentos.

Desde a vinda do alemão Karl von den Steinen à região do Alto Rio Xingu, em 1884, muitos visitantes não indígenas estiveram entre os Kamayurá, principalmente na aldeia de Ypavu, embora não somente (Steinen, 1942Steinen, K. (1942). O Brasil central: Expedição em 1884, para a exploração do Rio Xingu. Brasiliana.). Os visitantes que estiveram entre nós durante todos esses anos sempre registraram algo sobre o nosso modo de vida e os nossos conhecimentos: nossa língua, nossas artes, nossos rituais. Eles escreveram, desenharam, fotografaram, filmaram, gravaram, reuniram objetos. Por isso, hoje, existem registros sobre os nossos avós em muitos lugares do mundo. É fácil, hoje, ver quantos documentos diferentes existem sobre o nosso povo, fazendo uma busca no Google. A pesquisa mostra muitos resultados.

Depois da criação do Parque Indígena do Xingu, em 1961, nós recebemos muitas visitas. Entre estas visitas, havia jornalistas, artistas, celebridades, mas havia também pesquisadores, principalmente antropólogos e linguistas. Esses pesquisadores, além de terem convívio mais longo conosco, faziam registros mais extensos, cuidadosos, e, quando voltavam, traziam os livros que escreveram, cópias das fotografias e filmes, CDs, para nós termos os registros que eles fizeram.

Desde os anos 1990, Mayaru Kamayurá vinha juntando os materiais que sua família – principalmente seu avô, o grande cacique e pajé Takumã Kamayurá – recebeu de presente dos amigos pesquisadores. Nestes registros, nós víamos nossos avós e o modo como eles faziam as coisas e como pensavam – o seu modo muito bem feito e bem pensado, o modo bonito e correto de se viver. Infelizmente, no ano de 2012, houve um incêndio, e esses registros guardados por Mayaru foram todos perdidos.

Os idosos Kamayurá manifestam frequentemente uma grande preocupação com a educação dos jovens e com a transmissão de conhecimento: como eles podem aprender coisas importantes da cultura kamayurá num contexto em que tudo está se transformando muito rápido?

PERGUNTAS DE UMA PESQUISA INDÍGENA

Após este incêndio, Mayaru, junto a Kanawayuri, que é professor de formação, imaginamos um modo de recomeçar este trabalho de reunir registros. Pensamos um modo que fosse cuidadoso e seletivo. Nos perguntamos: quais são os registros que nos interessam? Quem são os amigos que poderiam nos ajudar com isso? Como saberemos se é possível usar esses registros? Como explicar sobre isso nas nossas aldeias?

Outra série de perguntas se refere à sustentabilidade do projeto: Quais são os equipamentos que servirão melhor nas nossas atividades, em termos de qualidade e durabilidade? Como podemos garantir o funcionamento desses equipamentos nas aldeias, no presente e no futuro? Como podemos capacitar jovens para aprender a manusear esses equipamentos, tanto para cuidar da documentação, quanto para produzir nova documentação?

Com todas essas perguntas, e com as respostas que vamos construindo ao longo dos anos, gostaríamos também de animar as instituições e os profissionais que trabalham com acervos físicos e digitais a se relacionarem de modo mais direto com as comunidades, e também a contribuírem tecnicamente para construirmos soluções que sejam viáveis e sustentáveis nas aldeias indígenas. Entendemos que os espaços das aldeias são muito diferentes dos prédios especialmente desenhados para receberem coleções de memória, e que têm muitos equipamentos e condições técnicas especiais. Mas, hoje em dia, com novas fontes de energia elétrica disponíveis e com equipamentos portáteis, de boa capacidade de registro e processamento, podemos construir processos de documentação e de gestão de coleções nas próprias aldeias, se houver um bom trabalho de estudo técnico e de políticas junto às instituições que guardam registros da nossa cultura.

Conversamos sobre tudo isso com o cacique Kotok Kamayurá, que apoiou o projeto. Conversamos também com a antropóloga Luísa Valentini, da Universidade de São Paulo (USP), que é nossa amiga e trabalha com o tema dos arquivos produzidos por pesquisadores. Pensamos inicialmente em pesquisadores que consideramos muito importantes porque vieram muitas vezes a Ypavu, e têm registros de um longo período, registros feitos em relação de confiança e de pesquisa cuidadosa. Esses pesquisadores são a professora de antropologia Carmen Junqueira, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o professor de antropologia Rafael de Menezes Bastos, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a professora de linguística Lucy Seki, da Universidade de Campinas (UNICAMP, já falecida), e o professor Pedro Agostinho, da Universidade Federal da Bahia (UFBA, recentemente falecido)1 1 O professor Etienne Samain, da UNICAMP, que estudou sobre os mitos kamayurá (Samain, 1991), também apoiou a proposta da primeira etapa de pesquisa. Infelizmente, não foi possível encontrá-lo na primeira viagem realizada. .

Um grupo foi indicado para discutir os problemas de pesquisa e viajar para visitar os arquivos dos antropólogos convidados nas suas cidades. Este grupo de pesquisa é composto pelos seguintes participantes:

Como representantes de Ypavu, Mayaru Kamayurá e o cacique Kotok Kamayurá, bem como os professores Auakamu Kamayurá, Kaluyawa Kamayurá, Tamaran Kamayurá e o Agente Indígena de Saneamento Kayamoary Kamayurá;

  • Um representante de Morená, Kanawayuri Marcello Kamaiurá;

  • Os cantores – que entendem muito sobre todas as artes e rituais – Makary Kamayurá e Maiualu Kamaiura;

  • Um produtor para apoiar a organização das viagens, Pablo Kamaiurá;

  • A antropóloga Luísa Valentini acompanhou as visitas para ajudar a compreender questões técnicas e apoiar os deslocamentos de todos2 2 Ela também realizou uma organização inicial dos acervos pessoais dos professores Pedro Agostinho e Rafael Menezes Bastos, como parte de sua tese de doutorado (Valentini, 2020), facilitando, assim, a localização de materiais de interesse e a compreensão de certos documentos. .

A EQUIPE DO ARQUIVO KAMAYURÁ DURANTE A REUNIÃO DE ESCRITA DO PROJETO PARA O EDITAL “RUMOS ITAÚ CULTURAL 2017-2018”

A primeira etapa da pesquisa, que contamos neste artigo, teve o financiamento do edital “Rumos Itaú Cultural”, edição de 2017-2018. Durante esta etapa, também surgiram duas outras iniciativas, a da criação de um “Manual de Arquitetura Kamayurá”, junto à faculdade de arquitetura e urbanismo Escola da Cidade, e a participação da equipe Kamayurá na construção de uma exposição do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia (MAE/UFBA) (Figura 1).

Figura 1
Equipe do Arquivo Kamayurá durante a reunião de escrita do projeto para o edital “Rumos Itaú Cultural 2017-2018”.

PONTO DE PARTIDA DO PROJETO

As artes e a história dos Kamayurá são um assunto muito sério para o nosso povo. Temos mestres reconhecidos por todos, que fizeram longos treinamentos para atingirem a excelência musical e artística necessária nas nossas cerimônias. Hoje, o uso de fotografias, filmes e gravações é familiar à geração mais jovem, começando com a nossa, mas é preciso ouvir os mais velhos para decidir como esses materiais podem ser usados e circulados. Além disso, as famílias que moravam antigamente em Ypavu moram agora em duas aldeias, Ypavu e Morená3 3 A aldeia de Ypavu se localiza na região da lagoa com esse mesmo nome, e a aldeia Morená se localiza onde se encontram os formadores do rio Xingu. . Os registros feitos em Ypavu, portanto, pertencem a famílias que estão nessas duas aldeias. Para podermos reconhecer a importância da opinião dos mais velhos, e as famílias distribuídas nas duas aldeias, planejamos uma pesquisa preliminar.

Em cada visita, a equipe foi conversar com cada pesquisador, sua família e eventualmente seus alunos, conhecer os registros que esse pesquisador ou pesquisadora guardou, saber como foram feitos e como foram usados. Foi conversar também com os profissionais que cuidam dos materiais guardados em arquivos e museus universitários, para saber como essa guarda funciona, como os registros estão armazenados, pensarmos modos de fazer a gestão de documentos nas aldeias. Verificamos quais materiais estão digitalizados, sendo alguns deles selecionados para serem feitas cópias e começarmos a pensar os melhores modos de trabalhar com esse tipo de material.

As cópias digitais de registros feitos por pesquisadores serão usadas em palestras e discussões, em busca de aprimorar e revitalizar alguns conhecimentos que estão em risco de deixar de serem praticados. Mas é preciso cuidado antes de esses materiais entrarem na aldeia, conversando na comunidade sobre como circular e mostrar esses registros antigos. Para isso, foram feitas muitas conversas e discussões. Ao longo da realização do projeto, a discussão sobre a formação do Arquivo Kamayurá foi recolocada regularmente nos centros das aldeias, onde os donos de casas se encontram todos os dias para discutir questões coletivas. Também foi feita uma atividade de conversa e apresentação para os professores da escola em Ypavu, e uma discussão que produziu um parecer de um grupo de trabalho, composto pelos membros da equipe do projeto e por mestres das artes kamayurá.

Estamos também criando as condições de trabalho com os equipamentos necessários. Para trazermos os materiais em formato digital, mostrarmos para que todos entendam e já usarmos em aldeia, foram comprados computadores com armazenamento de boa qualidade, telas grandes, e com bom som e definição. Esses computadores guardarão uma cópia do material em cada aldeia e poderão ser usados em atividades com a comunidade, tanto com os materiais trazidos neste projeto, quanto com os registros que nós mesmos fazemos das nossas festas e atividades. A equipe tem discutido longamente sobre a qualidade dos equipamentos e sobre o espaço onde eles podem ser armazenados, para que resistam às condições ambientais na aldeia – principalmente à poeira – e para que os dados fiquem seguros neles. Eles serão conservados em construções de alvenaria da aldeia – inicialmente nas escolas –, para evitarmos o risco de novo incêndio.

PRIMEIRA ETAPA DA PESQUISA

A primeira etapa de pesquisa foi uma viagem feita a São Paulo, Florianópolis, Campinas e Sorocaba, em maio de 2019.

Em São Paulo, nos encontramos com a professora Carmen Junqueira, da PUC-SP (Figura 2). A professora Carmen Junqueira trabalha com os Kamayurá há mais de 50 anos (Junqueira, 1975Junqueira, C. S. A. (1975). Os Índios de Ipavu: um estudo sobre a vida do grupo Kamaiurá. Ática., 2017Junqueira, C. S. A. (2017). Tempo e imaginário: o pajé e a antropóloga, 50 anos de diálogo. Revista Eletrônica Mutações, 7(13), 837-920. www.periodicos.ufam.edu.br/index.php/relem/article/view/3487
www.periodicos.ufam.edu.br/index.php/rel...
). Ela nos explicou um pouco sobre suas atividades e processo de pesquisa, e sobre os materiais que tinha em sua casa. Ela nos mostrou sua biblioteca e os artefatos e ornamentos kamayurá que reuniu ao longo dos anos. Ela também nos indicou registros em áudio e fotografia que realizou ao longo dos anos.

Figura 2
Visita à professora Carmen Junqueira, em São Paulo, 2019.

Em São Paulo, visitamos também a sede do Projeto Xingu, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), que reúne muita documentação ligada à atividade das equipes de saúde coordenadas durante décadas pelo médico Roberto Baruzzi na região do Alto Xingu, onde ficam as aldeias de Ypavu e Morená4 4 O povo Kamayurá realizou, em 2017, o ritual de quarup do Dr. Baruzzi, falecido em 2016. . Um material interessante do Projeto Xingu são as fichas médicas organizadas por casa em cada aldeia, desde 1966 até 2006. A pesquisa com essas fichas está sujeita a protocolos de ética próprios das áreas da saúde, porque tem informações muito pessoais. Mas foi interessante observar que o Dr. Baruzzi se preocupou em ter informações que eram importantes para a cultura indígena: se uma pessoa mudava de nome, se mudou de casa, os nomes dos seus pais e também dos seus filhos. Por isso, esse é um documento histórico muito precioso sobre os povos do Xingu. O Projeto Xingu também tem um acervo grande de fotografias tiradas por seus participantes – gerações de profissionais de saúde – que já estão digitalizadas. A equipe tem, ainda, muito conhecimento sobre a construção de base de dados, e discutiu conosco algumas questões tecnológicas que foram importantes.

Também para a pesquisa tecnológica desenvolvida no projeto, visitamos duas unidades de pesquisa parceiras, o Centro de Estudos Ameríndios da USP (CEstA/USP) e o Instituto de Estudos Brasileiros da USP (IEB/USP). No CEstA/USP, conhecemos a professora Marta Amoroso, que era então a sua diretora e nos mostrou o laboratório e seus acervos. Também nos encontramos com o professor Márcio Ferreira da Silva, que é desse laboratório e trabalhou entre os Kamayurá no final dos anos 1970 e início dos anos 1980 (Silva, 1981Silva, M. F. (1981) A fonologia segmental kamayurá [Tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas]. http://etnolinguistica.wikidot.com/tese:silva-1981
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). A equipe do Arquivo do IEB/USP nos ofereceu uma visita técnica para conhecermos procedimentos de referência em conservação e reprodução de documentos. A arquivista Elisabete Marin Ribas nos orientou para procedimentos simples de conservação que podem ser realizados em aldeia, iniciando um diálogo para futuras etapas do projeto, incluindo uma estrutura de conservação nas aldeias.

Em Florianópolis, a equipe do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal de Santa Catarina (MArquE/UFSC) nos recebeu para uma visita à reserva técnica do Museu, onde estão guardados os CDs com cópias das gravações feitas pelo professor Rafael de Menezes Bastos. Ali, soubemos a história dessa coleção de CDs, que está sendo organizada por Luísa Valentini, e vimos uma lista completa dos registros que estão nos CDs. Também conhecemos mais a história do Museu e as outras coleções indígenas que eles guardam. Conversamos com a equipe do MArquE/UFSC com relação a políticas de acesso, porque o conhecimento de músicas e narrativas no Alto Xingu é um conhecimento muito valioso, e os seus detentores são reconhecidos, por isso é importante ser definida uma política indicando como alguém pode pedir autorização para ouvir o material.

Também visitamos a casa do professor Rafael de Menezes Bastos, a quem apresentamos o projeto e com quem conversamos sobre detalhes do que registrou (Figura 3). Conversamos sobre a técnica de transcrição de músicas em partitura (Menezes Bastos, 2013Menezes Bastos, R. (2013). A festa da jaguatirica: uma partitura crítico-interpretativa. Edufsc.) e o professor Rafael nos mostrou um pouco da sua documentação em papel e nos contou histórias sobre os mestres kamayurá que lhe ensinaram um pouco da sua música (Menezes Bastos, 1978Menezes Bastos, R. (1978). A musicológica kamayurá: para uma antropologia da comunicação no Alto-Xingu. Fundação Nacional do Índio.). Para ajudar a identificação do material, porque algumas fitas estavam muito deterioradas, fizemos escutas de pequenos trechos, complementando a identificação feita por Rafael e por Luísa.

Figura 3
Visita ao professor Rafael de Menezes Bastos.

Voltando de Florianópolis, fomos a Sorocaba e a Campinas. Em Sorocaba, visitamos Célia Harumi Seki, filha da linguista Lucy Seki, infelizmente falecida em 2017. A professora Lucy Seki acompanhou os Kamayurá por cinco décadas e descreveu a sua língua (Seki, 2000Seki, L. (2000). Gramática do Kamaiurá: língua Tupi-Guarani do Alto Xingu. Editora da Unicamp., 2010Seki, L. (2010). O que habitava a boca de nossos ancestrais. Museu do Índio.). Vimos com Celia os livros que a professora Lucy deixou quase prontos antes de falecer, bem como os áudios e as fotografias que registrou no seu trabalho. A professora Lucy tirou muitas fotografias dos Kamayurá em vários momentos de sua história e levantou informações importantes, como um censo do povo Kamayurá. Ela também fez registros em áudio muito valiosos para o conhecimento da língua e das narrativas kamayurá.

Em Campinas, fomos à UNICAMP, para conhecer o Centro de Documentação Alexandre Eulálio (CEDAE), ligado ao Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), para conhecer o lugar que vai receber os materiais reunidos pela professora Lucy e os materiais que já foram depositados lá. Entre os materiais que se encontram no CEDAE, existem cartilhas escolares, feitas no contexto de formação de professores indígenas nos anos 1990, e muitas fotografias. Infelizmente, nessa visita, não pudemos ver tudo que estava lá, mas nos apresentamos à equipe do CEDAE e contamos sobre o projeto, para mantermos contato com esta equipe. Também no CEDAE tivemos uma conversa a respeito de políticas de acesso.

SEGUNDA ETAPA DA PESQUISA

Em outubro de 2019, a equipe do projeto Arquivo Kamayurá chegou a Salvador, onde foi gentilmente recebida pela família do antropólogo Pedro Agostinho e pela professora Maria Rosário Gonçalves de Carvalho. O professor Pedro Agostinho infelizmente sofria de uma doença neurológica grave, desde o final dos anos 2000, e não foi possível conversar com ele, embora também o tenhamos visitado.

Foram realizadas visitas à documentação do professor Pedro Agostinho, que está em processo de transferência e doação para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFBA. A família de Pedro Agostinho generosamente permitiu a consulta a materiais como cadernos de campo, mapas, genealogias e fotografias que ele realizou em suas viagens à aldeia de Ypavu, nos anos de 1965, 1966 e 1969 (Agostinho, 1974Agostinho, P. (1974) Kwarìp: mito e ritual no Alto Xingu. Editora Pedagógica e Universitária., 2009 [1974]Agotinho, P. (2009 [1974]). Mitos e outras narrativas kamayurá. EDUFBA.) (Figura 4). O trabalho foi acompanhado por Luísa Valentini e pelo então bolsista de graduação (hoje mestrando) Jardel Rodrigues, que compõem uma equipe na UFBA para a organização dos materiais, e explicaram como funcionará o processo de formalização da doação, bem como os atuais regimes de acesso e o tratamento da documentação5 5 A estudante de História Sílvia Figueirêdo Câmara também participou da organização dos materiais de Pedro Agostinho e hoje está no mestrado. O amigo de Pedro Agostinho e ex-diretor do Parque do Xingu, Olympio Serra, também manteve contato com o projeto e animou a nossa iniciativa. . O exame dos registros de Pedro Agostinho gerou importantes discussões sobre as artes kamayurá. Além disso, a equipe do Arquivo Kamayurá colaborou com a organização e documentação preliminar do material fotográfico, que estava sendo realizada por Jardel Rodrigues.

Figura 4
Equipe do Arquivo Kamayurá examinando um mapa da aldeia de Ypavu, feito por Pedro Agostinho, em 1969. Arquivo da FFCH-UFBA.

Foram feitas também visitas ao MAE/UFBA, onde estão reunidos cerca de 200 artefatos reunidos por Pedro Agostinho entre os Kamayurá. A equipe do Arquivo Kamayurá foi gentilmente recebida por toda a equipe do Museu, e apresentou o projeto. Foi feito um planejamento conjunto das atividades da semana seguinte. Foi visitado também o Centro Cultural Solar Ferrão, no Pelourinho, onde se localizam alguns instrumentos musicais kamayurá em meio a uma coleção maior de instrumentos musicais de várias tradições presentes no Brasil. A equipe estabeleceu contato com a direção e técnicos para definir processos de curadoria e conservação colaborativa no futuro.

A equipe do Arquivo Kamayurá conheceu também a Reserva Técnica do MAE/UFBA, numa visita preparada pela equipe de conservação, composta pelas técnicas Mara Carrett de Vasconcelos e Celina Rosa. A visita foi documentada em vídeo e o registro foi compartilhado com o projeto, pois o exame dos materiais rendeu muitos comentários.

A equipe visitou também o projeto “Povos indígenas do Nordeste do Brasil”, laboratório de pesquisas fundado por Pedro Agostinho. Esse laboratório, hoje coordenado pela professora Maria Rosário Gonçalves de Carvalho, convidou a equipe do Arquivo Kamayurá para um café da manhã e uma longa conversa a respeito do projeto e da pesquisa de Pedro Agostinho com os Kamayurá. O encontro foi realizado no Campus São Lázaro, da UFBA.

A equipe do Arquivo Kamayurá foi convidada a ministrar uma aula no curso de pós-graduação sobre coleções de cultura material indígena, organizado pelos professores da UFBA, Marco Tromboni do Nascimento e Paride Bolletin, realizada na Biblioteca da Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus. A partir das atividades no MAE/UFBA, a equipe do Arquivo Kamayurá deixou sugestões e recomendações relativas à exposição atual do Museu, que conta com artefatos Kamayurá.

No dia 8 de novembro, a equipe do Arquivo Kamayurá visitou a Fundação Pierre Verger, a convite da sua diretora, a professora da UFBA, Angela Lühning. O foco da visita foi uma apresentação técnica da equipe que fez o tratamento e a digitalização dos negativos fotográficos de Pierre Verger, e o estabelecimento de uma colaboração para pensar possibilidades de gestão de documentação fotográfica e digitalização no futuro. Essa visita foi muito importante para a definição da compra de equipamentos na terceira etapa.

Na volta ao Parque do Xingu, a equipe do Arquivo Kamayurá foi também convidada a visitar a coleção arqueológica recolhida pelo Sr. Acary Passos Vieira entre os Kamayurá nos anos 1970, sob a guarda do Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (UFG). Fomos gentilmente recebidos por técnicos das áreas de Antropologia, Arqueologia e Museologia, Diego Teixeira Mendes, Mayara Domingues Monteiro e Camila Moraes Wichers. Tivemos uma breve conversa para apresentação inicial do projeto Arquivo Kamayurá, onde a equipe do Museu afirmou que está à disposição para colaborar no que for necessário e pediu que a equipe do Arquivo também colaborasse para melhorar a dinâmica da exposição do Museu. Em seguida, fomos convidados para visitar a exposição e a reserva técnica, onde foram vistas algumas peças referentes aos rituais festivos e espirituais muito importantes para o povo Kamayurá. A equipe de pesquisadores indígenas, após a visita, deixou recomendações relativas às peças e à exposição, e tomou em comum acordo a decisão de manter contato para fortalecer a preservação, o uso e o acesso adequado, assim como a divulgação dessas referências culturais dos povos indígenas.

ATIVIDADES ASSOCIADAS AO ARQUIVO KAMAYURÁ

A partir de conversas, em 2018, com a arquiteta Clarissa Morgenroth e a diretora de teatro Cibele Forjaz, nas quais falamos da necessidade de documentação das tecnologias tradicionais da construção das casas kamayurá, tivemos a ideia de fazer um “Manual de Arquitetura Kamayurá”. Uma equipe da faculdade de arquitetura Escola da Cidade, de São Paulo, coordenada por Luis Octavio de Faria e Silva e Anna Dietzsch, organizou uma viagem para a aldeia de Ypavu. Nessa viagem, juntaram-se estudantes de graduação e foram feitas diversas atividades nas quais mestres e jovens kamayurá fizeram diversos desenhos e plantas, e os professores e estudantes contribuíram com registros fotográficos, modelos 3D e com a edição local do material. Desse modo, os jovens kamayurá participantes puderam aprender diferentes tipos de conhecimentos, tanto das técnicas da arquitetura tradicional, quanto da documentação, edição e ferramentas digitais usadas pelos arquitetos6 6 O primeiro volume do “Manual de arquitetura Kamayurá” pode ser visto em Escola da Cidade e Povo Kamayurá (2019a). O segundo volume em Escola da Cidade e Povo Kamayurá (2019b). Para conhecer todos os envolvidos na atividade, ver a notícia publicada por Faria e Silva (2020). .

Quando a equipe do Arquivo Kamayurá esteve em Salvador, em 2019, também foi feita uma oficina, numa disciplina ministrada pelos professores Marco Tromboni Nascimento e Paride Bolettin. Nessa oficina, comentamos alguns itens da Coleção Kamayurá do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBA reunidos por Pedro Agostinho. A oficina deu origem a uma exposição virtual do MAE/UFBA, “Objetos Kamayurá – Tempos, memórias e diálogos”7 7 A exposição pode ser visitada em MAE-UFBA (n.d.). , que foi produzida online no primeiro ano da pandemia de SARS-CoV-2.

TERCEIRA ETAPA DA PESQUISA

A terceira etapa prevista no projeto apoiado pelo “Rumos Itaú Cultural 2017-2018” envolvia, por um lado, a discussão nas aldeias sobre os próximos passos e a compra de equipamentos. Por conta da pandemia de SARS-CoV-2, esta última etapa só pôde acontecer em 2022. No mês de setembro, foi feita uma conversa com um grupo de trabalho, reunindo a equipe do Arquivo Kamayurá e mestres de saberes kamayurá. Dessa conversa, saiu um parecer, com os seguintes comentários.

Entendemos que os materiais copiados não podem ser considerados novos: muitos deles já eram conhecidos e circulavam nas aldeias. A diferença, agora que está sendo feita uma pesquisa sistemática, é que, quando esses registros se tornam acervo do Arquivo Kamayurá, as pessoas podem entender melhor a importância desses materiais e os cuidados que precisam ser tomados, tanto dentro quanto fora das aldeias. O material também vai se tornar uma fonte de estudo e transmissão de conhecimentos mais organizada, quando ele puder ser usado junto à mentoria dos mestres das artes kamayurá com seus discípulos. Também reafirmamos que o objetivo do projeto não é espalhar, divulgar ou circular material, mas fortalecer a formação de novos mestres das artes kamayurá.

Entendemos que é possível também usar registros fotográficos para fazer apresentações para jovens e adultos, discutir a produção dos artesanatos tradicionais, e também dos ornamentos usados em festas e rituais, e desenvolver oficinas. O foco principal será retomar a confecção de coisas que quase não são mais feitas. Isso é importante para o reconhecimento do povo kamayurá entre os outros povos da região do Alto Xingu, e para as famílias, e principalmente os jovens kamayurá, terem orgulho de sua cultura.

Entendemos que registros de imagem e de voz precisam de cuidados e de uma responsabilidade mais sérios. A equipe do Arquivo Kamayurá vai procurar documentar as fotografias e os áudios, para poder chamar cada família para ver os materiais onde estão registrados, e disponibilizar para ter uma cópia impressa, ou para ter em outros meios digitais. No caso das imagens de pessoas falecidas, vão ser pensados quais os cuidados especiais que precisamos tomar.

Foi feita também a compra de equipamentos para as próximas etapas do projeto. Dois computadores de muito boa qualidade, com capacidade para receber bastante material, e para editar material audiovisual, foram comprados: um para a aldeia de Ypavu e outro para a aldeia de Morená. Foram compradas também câmeras fotográficas e acessórios necessários para a produção de documentação em formato de fotografias e filmes digitais de boa qualidade. Com esses equipamentos, poderemos manter regularmente atividades de documentação cultural feitas por nós mesmos, nessas duas aldeias.

CONCLUSÃO E PRÓXIMOS PASSOS

O fato de termos encontrado tantos parceiros, antigos e novos, nessa etapa do projeto, e termos conseguido o apoio para desenvolver essa pesquisa, fortalece o propósito de continuarmos construindo a memória e o futuro do povo Kamayurá e da sua cultura. Apesar de os materiais digitalizados serem importantes e melhorarem o acesso de todos aos registros históricos, as viagens precisam ser realizadas. Apenas viajando com um pequeno grupo podemos conhecer de verdade os lugares onde os registros estão, conversar de verdade com as pessoas que produziram esses materiais e as pessoas que cuidam deles no cotidiano. Desse modo, descobrimos tecnologias que não conhecíamos, e materiais dos quais ainda não tínhamos notícias, e fazemos novas parcerias também. Podemos assim, também, pensar os modos de explicar melhor para as nossas comunidades sobre esses materiais que existem espalhados em muitos lugares.

Infelizmente, viajar exige recursos, tanto para o deslocamento, quanto para a permanência durante um período suficiente para considerarmos a pesquisa satisfatória. Ainda não existem muitos editais e financiamentos que façam o investimento necessário para uma pesquisa sem cobrar das equipes indígenas que seja feita alguma exposição, algum show, alguma palestra. Isso apressa demais as várias discussões que precisam ser feitas, que podem levar anos, no cotidiano dos povos indígenas. É importante apontarmos isso, porque não foi fácil encontrar um edital que apoiasse essa pesquisa local, feita por nós mesmos, com as nossas metodologias, de modo autônomo, e na qual não precisássemos fazer um evento cultural para não indígenas, ou apresentar rapidamente os resultados de pesquisa para garantir o recurso.

Conforme fizemos a pesquisa, ficamos sabendo de mais registros do povo Kamayurá em vários lugares do mundo. Por isso, continuaremos buscando os modos de ir conhecer as instituições onde eles estão guardados e reencontrar os visitantes e pesquisadores que fizeram registros que são interessantes para a formação dos novos mestres da cultura kamayurá.

Também estamos já desenvolvendo o projeto para a construção de um espaço seguro e confortável, tanto para recebermos os equipamentos nos quais os materiais digitais ficarão guardados, quanto para fazermos as atividades de documentação dos materiais, e de discussão e formação, em parceria com as comunidades.

  • 1
    O professor Etienne Samain, da UNICAMP, que estudou sobre os mitos kamayurá (Samain, 1991Samain, E. (1991). Moroneta kamayurá: Mitos e aspectos da relidade social dos índios kamayurá (Alto Xingu). Lidador.), também apoiou a proposta da primeira etapa de pesquisa. Infelizmente, não foi possível encontrá-lo na primeira viagem realizada.
  • 2
    Ela também realizou uma organização inicial dos acervos pessoais dos professores Pedro Agostinho e Rafael Menezes Bastos, como parte de sua tese de doutorado (Valentini, 2020Valentini, L. (2020). Arquivos do futuro: relações, caminhos e cuidados no arranjo preliminar da documentação pessoal de antropólogos [Tese de doutorado, Universidade de São Paulo].), facilitando, assim, a localização de materiais de interesse e a compreensão de certos documentos.
  • 3
    A aldeia de Ypavu se localiza na região da lagoa com esse mesmo nome, e a aldeia Morená se localiza onde se encontram os formadores do rio Xingu.
  • 4
    O povo Kamayurá realizou, em 2017, o ritual de quarup do Dr. Baruzzi, falecido em 2016.
  • 5
    A estudante de História Sílvia Figueirêdo Câmara também participou da organização dos materiais de Pedro Agostinho e hoje está no mestrado. O amigo de Pedro Agostinho e ex-diretor do Parque do Xingu, Olympio Serra, também manteve contato com o projeto e animou a nossa iniciativa.
  • 6
    O primeiro volume do “Manual de arquitetura Kamayurá” pode ser visto em Escola da Cidade e Povo Kamayurá (2019a)Escola da Cidade & Povo Kamayurá. (2019). Manual de arquitetura Kamayurá. Escola da Cidade. https://issuu.com/annajubs/docs/190812_casakamayurasingles
    https://issuu.com/annajubs/docs/190812_c...
    . O segundo volume em Escola da Cidade e Povo Kamayurá (2019b)Escola da Cidade & Povo Kamayurá. (2019b). Manual de arquitetura Kamayurá: a construção da ‘Ok Eté pelo povo Kamayurá. Escola da Cidade. https://issuu.com/annajubs/docs/190812_kamayura_casatradicional
    https://issuu.com/annajubs/docs/190812_k...
    . Para conhecer todos os envolvidos na atividade, ver a notícia publicada por Faria e Silva (2020)Faria e Silva, L. O. (2020). Manual de Arquitetura Kamayurá. ArchDaily. https://www.archdaily.com.br/br/923178/manual-de-arquitetura-kamayura .
    https://www.archdaily.com.br/br/923178/m...
    .
  • 7
    A exposição pode ser visitada em MAE-UFBA (n.d.)Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE-UFBA). (n.d.). Objetos kamayurá – tempos, memórias e diálogos [Exposição]. https://acervo.mae.ufba.br/kamayura/
    https://acervo.mae.ufba.br/kamayura/...
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AGRADECIMENTOS

Agradecemos novamente a todas as pessoas mencionadas neste artigo. Também a Instituto Itaú Cultural, especialmente a equipe do Programa Rumos; Centro de Documentação Alexandre Eulálio da Universidade de Campinas; Projeto Xingu da Universidade Federal de São Paulo; Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo; Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo; Escola da Cidade; Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal de Santa Catarina; Projeto Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro da Universidade Federal da Bahia; Arquivo da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia; Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia; Fundação Pierre Verger e Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás.

  • Kamaiurá, K., & Kamayurá, M. (2023). Arquivo Kamayurá: pesquisa, documentação e transmissão da memória. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 18(1), e20220086. doi: 10.1590/2178-2547-BGOELDI-2022-0086.

REFERÊNCIAS

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  • Agotinho, P. (2009 [1974]). Mitos e outras narrativas kamayurá EDUFBA.
  • Escola da Cidade & Povo Kamayurá. (2019). Manual de arquitetura Kamayurá Escola da Cidade. https://issuu.com/annajubs/docs/190812_casakamayurasingles
    » https://issuu.com/annajubs/docs/190812_casakamayurasingles
  • Escola da Cidade & Povo Kamayurá. (2019b). Manual de arquitetura Kamayurá: a construção da ‘Ok Eté pelo povo Kamayurá Escola da Cidade. https://issuu.com/annajubs/docs/190812_kamayura_casatradicional
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  • Faria e Silva, L. O. (2020). Manual de Arquitetura Kamayurá. ArchDaily https://www.archdaily.com.br/br/923178/manual-de-arquitetura-kamayura .
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  • Menezes Bastos, R. (2013). A festa da jaguatirica: uma partitura crítico-interpretativa Edufsc.
  • Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE-UFBA). (n.d.). Objetos kamayurá – tempos, memórias e diálogos [Exposição]. https://acervo.mae.ufba.br/kamayura/
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Editado por

Responsabilidade editorial: Priscila Faulhaber Barbosa

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Maio 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    30 Nov 2022
  • Aceito
    23 Jan 2023
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