Original
Impacto da terapêutica conservadora de órgão do carcinoma do pénis na função sexual e erétilImpact of organ sparing therapy in penile carcinoma on sexual and erectile function

https://doi.org/10.1016/j.androl.2017.01.001Get rights and content

Resumo

Introdução

O tumor do pénis é um dos menos frequentes do aparelho génito‐urinário, no entanto tem um grande impacto na qualidade de vida e vivência da sexualidade. Os estudos sobre a atividade sexual após o tratamento são escassos.

Objetivos

Caracterizar a atividade sexual com penetração dos doentes com carcinoma do pénis submetidos a diferentes opções terapêuticas conservadoras de órgão e avaliar a função erétil pré e pós‐tratamento e, secundariamente, comparar os resultados entre os doentes submetidos a penectomia parcial e os restantes.

Material e métodos

Consulta do processo dos doentes com diagnóstico de carcinoma do pénis observados no Instituto Português de Oncologia do Porto, entre 2005‐2015, para obtenção dos dados demográficos, clínicos e histopatológicos. Entrevista telefónica com aplicação do questionário Índice Internacional da Função Erétil‐5 (IIFE‐5).

Resultados

Do total de 107 doentes, 16 cumpriram os critérios de inclusão (n = 16), com um score IIFE‐5 de 23,4 (10‐25), baixando este valor para 16,6 (5‐25) após terapêutica, p < 0,05. Quinze doentes mantiveram atividade sexual (93,8%) e apenas um doente (6,25%) suspendeu a atividade sexual por disfunção erétil. O valor de IIFE‐5 pós‐terapêutico no subgrupo de doentes submetidos a penectomia parcial foi mais baixo do que o da restante amostra (15,0 vs. 18,6), porém, sem significado estatístico.

Conclusão

Apesar do tratamento do carcinoma do pénis condicionar diminuição da função erétil, com significado estatístico, a maioria dos doentes (93,8%) mantém vida sexual ativa com penetração. Não é possível inferir que terapêuticas menos invasivas estejam associadas a melhor função erétil.

Abstract

Introduction

Penile carcinoma is one of the less frequent tumors of the genitourinary system, however its effect on the patients’ sex life and quality of life is of great impact. Studies about the influence on patients’ sex life are scarce.

Objectives

To characterize sexual activity with penetration of patients with penile carcinoma who underwent different conservative therapeutic approaches and to evaluate pre and post treatment erectile function. Secondarily, to compare the results between the patients who underwent partial penectomy to those subjected to other conservative therapies.

Material and methods

Review of patients’ records diagnosed with penile carcinoma and observed at the Portuguese Institute of Oncology of Oporto between 2005 and 2015, to obtain demographic, clinical and histopathological data. Telephone interviews for the completion of the International Index of Erectile Function‐5 (IIEF‐5) questionnaire to patients undergoing treatment in that period.

Results

16 out of the 107 patients met the inclusion criteria (n = 16), with an average IIEF‐5 score of 23.44 (10‐25), lowering this value to 16.56 (5‐25) after therapy, p < 0,05. Fifteen out of the 16 patients kept sexual activity (93.8%) and one (6.25%) suspended due to erectile dysfunction. IIEF‐5 score after treatment in the subgroup that underwent partial penectomy was lower when compared to the other subgroup of patients subjected to others conservative therapies, without statistical significance.

Conclusion

Although penile carcinoma treatment has an impact in erectile function with statistical significance, the majority of patients keeps an active sexual life with penetration after treatment. It's not possible to conclude that less invasive therapies are associated with better erectile function.

Section snippets

Introdução

O diagnóstico de carcinoma do pénis e sua terapêutica são fatores com impacto na sexualidade e, consequentemente, na qualidade de vida dos doentes. Estudos sobre este tema, bem como acerca do impacto das diferentes opções terapêuticas, são escassos.

O carcinoma do pénis é um dos tumores do trato génito‐urinário menos frequentes nos países ocidentais, com uma incidência inferior a 1:100.000 homens na Europa1. Em Portugal, os dados mais recentes, referentes ao registo oncológico nacional, apontam

Desenho do estudo

Foi realizado um estudo transversal onde foram incluídos os doentes observados no Instituto Português de Oncologia do Porto entre um de janeiro de 2005 e 31 de dezembro de 2015, vivos à data do estudo e que expressaram a sua concordância com a realização do mesmo. Os dados foram colhidos por 2 dos investigadores, de 3‐5 de maio de 2016, por entrevista telefónica e consulta de registos clínicos.

Participantes

Foram incluídos no estudo doentes com o diagnóstico de carcinoma do pénis (ICD‐10 C60.0; C60.1; C60.2;

Resultados

Dos 107 doentes observados na instituição no período mencionado, 16 cumpriam os critérios de inclusão (Anexo 1 Fluxograma de exclusão).

A caracterização da amostra está sumarizada na tabela 1. A idade média dos doentes à data do diagnóstico era 55,9 anos (min. e máx. 37‐72) e de 60,3 anos (min. e máx. 40‐75) à data da entrevista; o tempo médio decorrido desde o tratamento até à entrevista foi de 58,4 meses (min. e máx. 3‐136). Em todos os casos, o tipo histológico foi carcinoma

Discussão

O carcinoma do pénis é uma doença rara na sociedade ocidental, e o seu tratamento pode ser mutilador, com impacto psicológico importante e consequências na vida sexual. No nosso estudo, verificámos que a maioria dos doentes mantém vida sexual ativa após o tratamento, apesar de existir uma diminuição do score IIFE‐5.

Scarberry et al., num estudo retrospetivo de pequena dimensão (n = 6), reportaram que 50% dos doentes submetidos a penectomia parcial não tinham atividade sexual, enquanto os outros

Conclusão

A maior parte dos doentes mantém vida sexual ativa após o tratamento do carcinoma do pénis, apesar de um aumento da disfunção sexual. Deve transmitir‐se esta mensagem aos doentes e caminhar no sentido de uma abordagem multidisciplinar e minimamente invasiva, sempre que exequível. São necessários estudos prospetivos mais abrangentes, que validem os dados existentes até à data.

Proteção de pessoas e animais

Os autores declaram que para esta investigação não se realizaram experiências em seres humanos e/ou animais.

Confidencialidade dos dados

Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Direito à privacidade e consentimento escrito

Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Financiamento

Os autores declaram que para esta investigação não receberam qualquer financiamento.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver qualquer tipo de conflito de interesses.

Agradecimentos

Agradecimento ao Dr. Peralta‐Santos pelos serviços de consultoria científica na análise de dados e escrita científica.

Referências (18)

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Cited by (0)

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