OriginalImpacto da terapêutica conservadora de órgão do carcinoma do pénis na função sexual e erétilImpact of organ sparing therapy in penile carcinoma on sexual and erectile function
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Introdução
O diagnóstico de carcinoma do pénis e sua terapêutica são fatores com impacto na sexualidade e, consequentemente, na qualidade de vida dos doentes. Estudos sobre este tema, bem como acerca do impacto das diferentes opções terapêuticas, são escassos.
O carcinoma do pénis é um dos tumores do trato génito‐urinário menos frequentes nos países ocidentais, com uma incidência inferior a 1:100.000 homens na Europa1. Em Portugal, os dados mais recentes, referentes ao registo oncológico nacional, apontam
Desenho do estudo
Foi realizado um estudo transversal onde foram incluídos os doentes observados no Instituto Português de Oncologia do Porto entre um de janeiro de 2005 e 31 de dezembro de 2015, vivos à data do estudo e que expressaram a sua concordância com a realização do mesmo. Os dados foram colhidos por 2 dos investigadores, de 3‐5 de maio de 2016, por entrevista telefónica e consulta de registos clínicos.
Participantes
Foram incluídos no estudo doentes com o diagnóstico de carcinoma do pénis (ICD‐10 C60.0; C60.1; C60.2;
Resultados
Dos 107 doentes observados na instituição no período mencionado, 16 cumpriam os critérios de inclusão (Anexo 1 Fluxograma de exclusão).
A caracterização da amostra está sumarizada na tabela 1. A idade média dos doentes à data do diagnóstico era 55,9 anos (min. e máx. 37‐72) e de 60,3 anos (min. e máx. 40‐75) à data da entrevista; o tempo médio decorrido desde o tratamento até à entrevista foi de 58,4 meses (min. e máx. 3‐136). Em todos os casos, o tipo histológico foi carcinoma
Discussão
O carcinoma do pénis é uma doença rara na sociedade ocidental, e o seu tratamento pode ser mutilador, com impacto psicológico importante e consequências na vida sexual. No nosso estudo, verificámos que a maioria dos doentes mantém vida sexual ativa após o tratamento, apesar de existir uma diminuição do score IIFE‐5.
Scarberry et al., num estudo retrospetivo de pequena dimensão (n = 6), reportaram que 50% dos doentes submetidos a penectomia parcial não tinham atividade sexual, enquanto os outros
Conclusão
A maior parte dos doentes mantém vida sexual ativa após o tratamento do carcinoma do pénis, apesar de um aumento da disfunção sexual. Deve transmitir‐se esta mensagem aos doentes e caminhar no sentido de uma abordagem multidisciplinar e minimamente invasiva, sempre que exequível. São necessários estudos prospetivos mais abrangentes, que validem os dados existentes até à data.
Proteção de pessoas e animais
Os autores declaram que para esta investigação não se realizaram experiências em seres humanos e/ou animais.
Confidencialidade dos dados
Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.
Direito à privacidade e consentimento escrito
Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.
Financiamento
Os autores declaram que para esta investigação não receberam qualquer financiamento.
Conflito de interesses
Os autores declaram não haver qualquer tipo de conflito de interesses.
Agradecimentos
Agradecimento ao Dr. Peralta‐Santos pelos serviços de consultoria científica na análise de dados e escrita científica.
Referências (18)
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Is conservative organ‐sparing treatment of penile carcinoma justified?
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